Eu fiz assim: reformulei os espaços da escola
Escola planeja mudanças para criar uma sala de recursos, ampliar a biblioteca e equipar todas as classes ? tudo isso evitando grandes gastos. Leia o relato do diretor
POR: Nilson Gonçalves Vieira"Nós, gestores, muitas vezes nos deparamos com a falta de condições financeiras para realizar projetos. Em vez de lamentar ou esperar eternamente pelo apoio de outras esferas administrativas, por que não buscar soluções? Fizemos isso em nossa escola, a EE Hélio Botelho Neves, para resolver duas questões urgentes: a montagem de uma sala de recursos e a ampliação da biblioteca.
Não havia nenhum espaço ocioso disponível e a ideia que nos ocorreu de imediato - construir um anexo - logo se mostrou inviável: pedimos um orçamento e descobrimos que a obra poderia custar até 70 mil reais. Não tínhamos esse dinheiro. Calculamos que, apresentando um projeto à Secretaria de Educação, poderíamos contar com cerca de 4 mil reais, além de outros 4 mil, que são repassados anualmente à unidade para a compra de bens duráveis.
Com base nesses valores, passamos a procurar alternativas. Analisando as dependências, pensamos que talvez fosse possível redefinir as funções de alguns ambientes. A biblioteca poderia abrigar com conforto os dez estudantes com necessidades educacionais especiais. Mas, nesse caso, para onde levaríamos os livros? Uma opção seria a sala de vídeo, que era grande o suficiente para receber mais alunos e um acervo maior do que o existente - além de incluir uma coleção de enciclopédias, que ficava guardada em um armário por falta de espaço. O local, no entanto, era utilizado com regularidade por todas as dez classes dos turnos matutino e vespertino, principalmente em aulas de História, Geografia e Ciências.
Nesse momento, notamos que, durante as atividades que envolviam o uso de recursos audiovisuais, constantemente havia uma sala de aula ociosa. Mas, como não era sempre a mesma, isso não resolvia nosso problema. No entanto, tivemos uma boa ideia: se cada classe contasse com um equipamento audiovisual próprio, o espaço de vídeo poderia dar lugar à biblioteca e esta, por sua vez, receberia a montagem da sala de recursos.
Por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), obtivemos verba para adquirir os materiais e fazer as adaptações para criar a sala de recursos, que agora espera apenas a designação de um profissional de Atendimento Educacional Especializado (AEE) para funcionar plenamente. A mudança e a organização da nova biblioteca exigiram somente uma força-tarefa entre os funcionários. Assim, tudo foi feito em menos de dois meses,
enquanto uma obra maior poderia se estender ao longo de todo o ano letivo e trazer muitos transtornos.
A princípio houve quem achasse um exagero comprar dez televisões e igual número de aparelhos de DVD. No entanto, essa foi a solução que coube em nosso orçamento - tivemos de complementar as verbas vindas da Secretaria com 2 mil reais e já tínhamos esse dinheiro em caixa. E o mais importante de tudo: essa foi a melhor alternativa para os nossos alunos e ampliou o acesso de todos a recursos que asseguraram condições mais adequadas à aprendizagem.
Desde que concluímos as adaptações e instalamos os equipamentos, os professores não dependem mais de agendamentos para a utilização de vídeos e podem trabalhar com filmes durante qualquer aula, fazendo interrupções para propor atividades sempre que preciso, sem se preocupar em esgotar o conteúdo em uma só oportunidade. Antes, por haver outras turmas programadas, os docentes corriam com a abordagem ou tinham de esperar
uma semana para retomar o tema. A biblioteca também passou a ser mais utilizada. Agora, com 35 lugares, o ambiente acolhe uma turma inteira para a realização de leituras e trabalhos. Além disso, podemos receber mais alunos no contraturno, com a certeza de que eles encontrarão os livros organizados.
Os problemas foram resolvidos sem grandes gastos e burocracias. Acredito que o segredo é o gestor olhar com atenção para o espaço disponível, verificar se há locais ociosos ou que possam ser transformados e fazer os ajustes possíveis para atender a demandas. Desde que essas sejam realmente necessárias para melhorar o desempenho dos estudantes."
Nilson Gonçalves Vieira é diretor da EE Hélio Botelho Neves, em Porto Velho, RO.