Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Escola o dia inteiro

Conheça três instituições que conseguiram superar o desafio do horário estendido

POR:
Fernanda Salla, André Bernardo, GESTÃO ESCOLAR, Bruna Nicolielo

"Oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da Educação Básica." Essa é uma das metas para os próximos dez anos incluídas no Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional. Para ter uma ideia do desafio, no Ensino Fundamental somente 6,4% estudam em instituições desse tipo, segundo o Censo Escolar 2011.

O maior programa de fomento a escolas de tempo integral no país é o Mais Educação, criado em 2008 pelo Ministério da Educação (MEC). As escolas públicas participantes devem escolher, entre uma lista de atividades oferecidas, as aulas que estão em linha com seu projeto político-pedagógico (PPP) e recebem materiais e recursos financeiros para viabilizá-las. Até o início do ano passado, a iniciativa atingia 15 mil escolas. Hoje, são cerca de 33 mil instituições.

Apesar do investimento, ainda não houve uma avaliação oficial dos resultados alcançados no desempenho estudantil. "A proposta possibilita o acesso das crianças a mais oportunidades. Porém, é preciso verificar a eficácia desse modelo para a aprendizagem dos alunos", aponta Mozart Neves Ramos, do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Jaqueline Moll, diretora de Currículos e Educação Integral do MEC, afirma que essa análise será feita com base na Prova Brasil 2011. "Vamos avaliar os resultados e os índices de abandono e de reprovação", avisa. Ela ressalta, porém, que o programa é apenas um indutor, ou seja, cada escola deve construir uma proposta própria. Segundo o levantamento Educação Integral/Educação Integrada e(m) Tempo Integral: Concepções e Práticas na Educação Brasileira, publicado pelo MEC, 23% das experiências de jornada ampliada existentes em 2008 não integravam o PPP das escolas a que estavam associadas, o que é um problema.

"As escolas de período integral garantem o tempo necessário para que as crianças possam desenvolver seus conhecimentos, mas é importante assegurar a qualidade dessas iniciativas", reforça Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo.

A diversidade das propostas é grande - tanto vinculadas ao Mais Educação quanto fora dele, desenvolvidas por redes estaduais e municipais. Mas o desafio é comum a todas: para que o aprendizado da garotada seja de fato ampliado, o currículo deve ser integrado, articulando todas as atividades. Conheça nas próximas páginas três escolas que atuam dessa forma e garantiram uma transformação integral no ensino.

Porto Alegre
Modelo foi adaptado à realidade local

A EMEF Neusa Goulart Brizola, em Porto Alegre, tinha o desafio de atender a crianças em situação de alta vulnerabilidade social. Ela se tornou integral no início de 2011, com recursos do Mais Educação, mas já oferecia aulas no contraturno. "É importante dar acesso a oportunidades que uma criança de melhor renda já tem, com qualidade", diz a diretora Patrícia bayne. o maior objetivo foi garantir que tudo se integrasse ao PPP. os interesses dos alunos foram considerados para definir as oficinas optativas, mas outras aulas, que ampliam os conteúdos regulares, são obrigatórias para todos. Para ministrar as atividades, a diretoria verificou entre os docentes quem desejava estender sua carga horária e também buscou profissionais no mercado. "tenho toda a estrutura para realizar um treino de judô", relata o professor Rogério Ubirajara Weiss Mendes.

João Mateus Ribeiro Silveira, 13 anos, aluno do 6º ano. Foto: Danny Yin

"Gosto de passar o dia na escola. Entendo melhor o que os professores ensinam e tenho aulas que me ajudam. Além disso, aprendo coisas que não teria em outro lugar, como o judô."
João Mateus Ribeiro Silveira, 13 anos, aluno do 6º ano

Na aula da disciplina, os alunos leem poemas seus e de outros autores. À tarde, é desenvolvida uma oficina de leitura e escrita. Foto: Danny Yin

Língua portuguesa
Na aula da disciplina, os alunos leem poemas seus e de outros autores. À tarde, é desenvolvida uma oficina de leitura e escrita

As aulas no tatame têm portas abertas e alguns estudantes mais velhos, que já se formaram, voltam para continuar treinando . Foto: Danny Yin

Judô
As aulas no tatame têm portas abertas e alguns estudantes mais velhos, que já se formaram, voltam para continuar treinando

Goiânia
Aulas regulares e extras integradas ao longo do dia

Na EM Marechal Ribas Júnior, em Goiânia, os cerca de 300 alunos do Ensino Fundamental começaram a ser atendidos em tempo integral em 2007, mas em 2009 a escola implementou um modelo que prioriza a integração do currículo. Desde então, as oficinas são intercaladas às aulas regulares. Antes não era assim. As disciplinas básicas aconteciam de manhã e as demais no contraturno. "Mudamos para deixar claro que todas as atividades são importantes e para evitar faltas nas aulas do período vespertino", conta a diretora, Maria de Fátima dos Reis. A escolha das atividades reflete a preocupação de garantir a articulação delas com as demais aulas. O laboratório de Ciências, por exemplo, conta com materiais adquiridos com a verba do Mais Educação. Já as oficinas de desenho, pintura, teatro e dança aprofundam conteúdos de Artes.

Flávia Meiry Pereira, professora de Ciências do 7º ano. Foto: Danny Yin

"Eu e a professora do laboratório trocamos ideias com frequência, algo valorizado na escola. Ao planejarmos juntas, garantimos que a aula dela complemente o que foi discutido em classe."
Flávia Meiry Pereira, professora de Ciências do 7º ano

Nova organização das aulas regulares, intercaladas às oficinas, garantiu menos faltas no período vespertino. Foto: Danny Yin

Ciências
Nova organização das aulas regulares, intercaladas às oficinas, garantiu menos faltas no período vespertino

Após estudar reprodução na aula de Ciências, os estudantes foram convidados a analisar células de órgãos reprodutores no microscópio. Foto: Danny Yin

Laboratório
Após estudar reprodução na aula de Ciências, os estudantes foram convidados a analisar células de órgãos reprodutores no microscópio

Rio de Janeiro
Escola atingiu taxa zero de abandono e de reprovação

O CIEP Glauber Rocha, no Rio de Janeiro, atua em tempo integral há 25 anos, e a proposta é vinculada à prefeitura local. A escola possui taxas zero de abandono e reprovação e nota 6,7 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) - meta que havia sido traçada para 2021. Cerca de 90% dos educadores trabalham em regime de dedicação exclusiva. "Como passamos mais tempo com os alunos, conseguimos acompanhar o rendimento de cada um", diz a professora Viviane Viana de souza. Em reuniões, os docentes discutem a integração entre as disciplinas regulares e as aulas de esportes, leitura e outras. "Em vez de levar o trabalho para casa, o aluno faz toda a lição aqui", comenta a diretora, Ioliris Cátia Paes Alves. Mensalmente há reuniões com os pais, que integram o conselho da instituição e opinam nas decisões.

Mires Gomes Moreira, autônoma, mãe de alunos do CIEP. Foto: Tânia Rêgo

"Tenho cinco filhos no CIEP e posso trabalhar tranquila. Quando o Mateus veio para cá, nem escrevia o nome direito. Mas aqui notei uma grande melhora no aprendizado e no comportamento deles."
Mires Gomes Moreira, autônoma, mãe de alunos do CIEP

Ao ficar mais tempo com os alunos, os professores podem acompanhá-los e colaborar mais com o desempenho de cada um. Foto: Tânia Rêgo

Apoio
Ao ficar mais tempo com os alunos, os professores podem acompanhá-los e colaborar mais com o desempenho de cada um

A formação de autores é um aspecto que a escola consegue trabalhar nos horários que vão além das aulas convencionais. Foto: Tânia Rêgo

Leitura e escrita
A formação de autores é um aspecto que a escola consegue trabalhar nos horários que vão além das aulas convencionais

Tags