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5 maneiras de valorizar os mais experientes

[an error occurred while processing this directive]Como formador, você deve incentivar os professores com mais tempo de profissão

POR:
Frances Jones
O incentivo que vem do sistema. Foto: Marcelo Almeida

Entra ano, sai ano, escolas e Secretarias de Educação planejam encontros de formação para a rede. O objetivo, geralmente, é suprir as lacunas deixadas pela formação inicial, focando as dificuldades enfrentadas pelos professores no começo de carreira. Mas como ficam os que já lecionam há muitos anos? "Os veteranos têm de ter humildade para aproveitar o que for possível das reuniões", afirma Maria Aparecida Cardoso Machado, professora paranaense de 49 anos, na profissão há 23.

"Costumamos brincar que, por serem sempre iguais, as formações mantêm o padrão tamanho único e unissex", diz Claudia Davis, coordenadora de um estudo realizado em 2011 pela Fundação Carlos Chagas (FCC) por encomenda da Fundação Victor Civita (FVC). "Os projetos ignoram a faixa etária e a experiência dos professores e tendem a priorizar as séries iniciais do Ensino Fundamental.

Apesar de os novatos não serem maioria no magistério - segundo o Censo da Educação Básica 2010, apenas 14% têm entre um e cinco anos de profissão (veja gráfico abaixo) -, educadores concordam que é preciso dar uma ênfase maior à formação para esse público. "Estudos mostram que as práticas docentes são adquiridas nos primeiros cinco anos de profissão", diz Denise Vaillant, pesquisadora uruguaia e presidente do Observatório Internacional da Profissão Docente, em Barcelona, na Espanha. Isso não quer dizer que os mais experientes devam ser excluídos das capacitações. Claudia Davis defende que as formações considerem as especificidades de cada ciclo da vida profissional e promovam uma parceria entre os mais antigos e os novatos.

Para atribuir valor aos mais experientes, é preciso saber quem eles são, observando, por exemplo, se ensinam bem e sabem comunicar a cultura da escola. Também é válido analisar os dados de avaliações internas e externas e os registros profissionais da equipe, além de observar o trabalho de todos em sala de aula. Uma vez identificados, algumas ações podem ajudar a incentivá-los:

1 Tutoria dos novatos

Uma maneira de estimular os mais experientes é conceder a eles certas responsabilidades em relação à recepção e à atuação dos principiantes. Se a escola tem mais de uma turma da mesma série, por exemplo, uma delas pode ser atribuída ao veterano e a outra - ou as outras - aos novatos. Dessa maneira, todos podem elaborar juntos o planejamento e conversar sobre o andamento das aulas e questões relacionadas às dificuldades e aos progressos dos alunos. Essa é uma espécie de tutoria, na qual é possível estimular que eles assistam às aulas uns dos outros, favorecendo o intercâmbio de propostas já testadas e aprovadas. Cabe ao coordenador pedagógico garantir que haja situações de planejamento entre os pares dentro de uma mesma área.

2 Compartilhamento de conhecimento

Projetos institucionais - como seminários, cursos e workshops - são uma maneira de aproximar diversos professores com vivências e formações diferentes e promover a troca de conhecimentos e informações. "Trabalhamos muito com grupos de estudos e pequenas exposições orais, nos quais é possível compartilhar textos, experiências bem-sucedidas e até planos de aula", comenta Luciana Pereira da Silva, coordenadora pedagógica do CEM Flávio José de Oliveira e do CM Adelina Cruz, no município de Itaetê, a 400 quilômetros de Salvador. Fazendo a ressalva de que não se pode permitir que esses agrupamentos se formem ao acaso, ao sabor de afinidades pessoais. É importante estimular e ter uma ação com a intenção de aproximar os docentes. Com a realização desses projetos, sobra espaço ainda para que dois ou mais professores ministrem algumas aulas juntos em uma mesma classe, enriquecendo assim os momentos de ensino.

3 Organização de eventos

A realização de atividades culturais envolvendo a comunidade escolar pode ser uma forma de estimular os que estão há mais tempo na escola, pois eles conhecem melhor o público, têm mais experiência com eventos institucionais - e, com isso, mais segurança na hora de organizar - e facilmente assumem a liderança do grupo responsável pelo evento. Andreia dos Reis Juiz, coordenadora pedagógica da EE Bela Vista, em Cuiabá, conta que entrega com tranquilidade a logística do festival cultural a uma professora de Matemática da escola que tem 30 anos de profissão: "Ela tem mais paciência e traquejo para mobilizar os alunos".

4 Divulgação de trabalhos

Outra preocupação que deve estar sempre na pauta dos gestores diz respeito à documentação e difusão das práticas bem-sucedidas. Isso pode ser feito por meio da publicação de artigos no jornal escolar, destaque no mural ou no boletim informativo, de palestras ou exposições em seminários internos ou externos, de mensagens eletrônicas para a comunidade ou ainda usando recursos de mídia eletrônica, com gravações em vídeos e entrevistas no site e no blog da instituição e da Secretaria de Educação. Esse tipo de divulgação valoriza o profissional e oferece aos outros docentes referências que os ajudam a relacionar as ações propostas com os objetivos pedagógicos previstos.

5 Grupos de estudo

Formar equipes permanentes de trabalho é uma maneira de incentivar a troca de ideias e fazer com que a vivência de anos em sala de aula seja reconhecida e compartilhada. Os mais experientes podem liderar o grupo de colegas que lecionam na mesma disciplina ou segmento para debater as especificidades da área. Esse tipo de atividade permite ainda que os docentes com maior experiência aprofundem sua aprendizagem, já que, como moderadores, terão de refletir sobre conteúdos e práticas.

Tempo de magistério
Professores com mais de seis anos de experiência são maioria no Brasil

Tempo de magistério. Ilustração: Mario Kanno
Fonte MEC/Inep/Deed - Censo da Educação Básica 2010

O incentivo que vem do sistema

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná é um dos poucos exemplos de políticas públicas que valorizam o professor experiente. Em 2007, a rede criou uma estratégia de formação continuada atrelada à progressão profissional, com três níveis de carreira. O primeiro para o docente que tem a licenciatura. O segundo para aquele que conclui uma especialização. E o terceiro para quem faz o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) ou um mestrado ou doutorado na área de atuação e é concursado há oito anos. O PDE permite que o professor deixe de dar aulas por um ano para estudar na universidade. Após esse período, ele retoma o trabalho na escola, mas deve dedicar 25% da carga horária à produção de um artigo científico ou projeto didático. "O programa prevê um aumento de faixa salarial", afirma Cassiano Roberto Nascimento Ogliari, coordenador estadual do PDE, que já formou 4,8 mil professores. Maria Aparecida Cardoso Machado, professora de História do CE Costa Viana, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, com mais de 20 anos de magistério, concluiu o PDE em 2010: "Foi gratificante, pois voltei a trabalhar motivada. Pude repensar práticas e posturas. No dia a dia da sala de aula, o professor não tem tempo para refletir sobre isso".

Quer saber mais?

CONTATOS
CE Costa Viana, tel. (41) 3283-5583
CEM Flávio José de Oliveira
CM Adelina Cruz
EE Bela Vista, tel. (65) 3653-7082

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