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Gerir a escola como empresa

Assim não dá

POR:
Aurélio Amaral
Assim não dá: gerir a escola como empresa. Ilustração: Thiago Cruz

Em uma empresa, os funcionários têm metas de produtividade a cumprir: precisam entregar um produto ou um serviço de acordo com os padrões e dentro de prazos e custos estipulados. Quem se destaca recebe bônus e reconhecimentos como o título de funcionário do mês. Essa lógica, no entanto, não pode ser reproduzida em instituições de ensino. A aprendizagem não é um produto ou um serviço e o tempo para alcançá-la não depende só do esforço dos profissionais da escola - embora tenham significativa participação. São muitos os fatores que influenciam esse processo.

Além disso, metas atreladas unicamente a números - resultados de avaliações internas e/ou externas - tampouco são fidedignas: ainda que a média geral seja alta, uma turma não pode ser considerada ideal se uma parte dos alunos não consegue acompanhar os conteúdos. Por fim, dar visibilidade a um ou outro educador pelo bom desempenho de uma classe não faz sentido: toda a comunidade escolar - desde o vigia até o diretor - compartilha a responsabilidade sobre a Educação dos alunos, já que ela é influenciada não apenas por boas práticas em sala como também pelo clima de convivência, pelo acesso aos materiais e pelo uso dos espaços. Gerir a instituição como uma empresa, portanto, pode influenciar negativamente o ambiente de trabalho e colocar em segundo plano a principal missão do diretor: garantir boas condições de ensino para todos.

Isso não quer dizer, no entanto, que alguns princípios da Administração Empresarial não ajudem a tornar mais eficiente a gestão escolar. A organização do espaço físico, o registro das atividades, a cultura de reuniões e devolutivas e - principalmente - o planejamento estratégico são procedimentos corriqueiros nas corporações que devem ser introduzidos na rotina dos diretores. "Definir os objetivos, os prazos e os meios para alcançá-los é um fundamento presente em qualquer gestão de sucesso", afirma Alziro Rodrigues, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Não há razão, logo, para rejeitar mudanças pragmáticas, desde que elas não interfiram nos compromissos com os alunos nem nos princípios democráticos que devem permear a instituição. "Há uma diferença entre reconhecer boas práticas de empresas e replicá-las sem reflexão. É preciso estudo e formação para colocar essas lições a favor da aprendizagem", diz Jefferson Ildefonso da Silva, doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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