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Formação para a família

Investir em palestras para os adultos é uma maneira de beneficiar o aprendizado dos alunos

POR:
Aurélio Amaral
Em Paranaguá, equipe gestora percebeu mais adesão nos encontros pela manhã e pela tarde. Foto: Marcelo Almeida
Horário alternativo Em Paranaguá, equipe gestora percebeu mais adesão nos encontros pela manhã e pela tarde

A participação da família na vida dos filhos é de extrema importância para o desempenho deles na escola. Frequentar as reuniões, acompanhar as lições de casa e comparecer às apresentações de produções de classe são alguns dos exemplos de como os pais podem - e devem - se envolver. Além disso, muitas instituições também investem em palestras e debates dirigidos aos próprios adultos. Esses encontros contribuem para a formação pessoal e em questões relacionadas ao universo infanto-juvenil, ajudando-os a entender melhor os filhos e estabelecer um diálogo mais frequente entre eles. "Se a família está ciente das mudanças de comportamento e das dúvidas que acometem o jovem no início da adolescência, por exemplo, ela terá muito mais chances de êxito na abordagem do assunto em casa", explica Priscila Benitez, mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFScar). Segundo pesquisas, o ambiente familiar também influencia o desempenho do aluno. "As dificuldades nas relações familiares podem fazer com que o aprendizado não ocorra de forma satisfatória", afirma Joscely Galera, professora de Gestão e Políticas Educacionais da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Bullying, sexualidade, violência e drogas são temas recorrentes nessas rodas de discussão, conhecidas como escola de pais. Mas também há espaço para falar de economia, saúde ou arte. A abordagem dos conteúdos vai variar segundo as demandas da comunidade. Para identificá-las, a equipe gestora pode aproveitar para levantar os assuntos de maior interesse durante as próprias reuniões e no contato com órgãos como o grêmio estudantil, a Associação de Pais e Mestres (APM) e o Conselho Escolar.

Discussões devem estar alinhadas com o projeto pedagógico

Na EMTI Profª Arminda de Souza Pereira, em Paranaguá, a 91 quilômetros de Curitiba, um dos encontros bimestrais discutiu a relevância econômica do porto local - um dos maiores do país. "Vimos que essa era uma questão importante, pois impacta diretamente boa parte da população", explica a diretora, Denise Faria Alboitt. Para ministrar a palestra, foi convidado um integrante da APM que trabalha no porto. Essa, aliás, é uma forma de valorizar os participantes, sugerindo que falem ao grupo sobre aspectos com os quais têm familiaridade. Nada impede, porém, a troca de experiências com professores de universidades, conselheiros tutelares e técnicos de Secretarias diversas - Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Financiamento etc. "O estabelecimento de parcerias com a sociedade civil tem um efeito positivo para a instituição, que passa a se inserir de forma mais ativa na comunidade", analisa a professora Joscely. Com a ressalva de que essas parcerias não podem ir contra o projeto político-pedagógico (PPP) da escola. Para tanto, os gestores devem avaliar com atenção a proposta do palestrante, valendo até uma conversa prévia com ele para deixar claras as intenções para o evento (leia no quadro abaixo outras dicas para que a iniciativa tenha sucesso).

Como preparar um bom evento

Dicas que a equipe gestora deve considerar na organização da escola de pais:

- Local adequado Observe se o espaço destinado ao encontro comporta o número de pessoas esperado. Para não enfrentar desconfortos, como ter menos cadeiras do que participantes, preveja a quantidade de convidados e peça que confirmem a presença.

- Tempo respeitado Não se esqueça do esforço que os pais fazem para comparecer aos debates. Estabeleça um limite de tempo para os palestrantes, peça que eles sejam pontuais e obedeçam ao cronograma combinado.

- Horário compatível Pesquise com os próprios pais qual a melhor data e o horário para a realização das rodas de discussão. Dias de entrega de boletins ou outras atividades em que eles frequentem a escola podem favorecer uma maior adesão.

- Escolha do palestrante Levante as profissões e habilidades dos participantes e veja a possibilidade de falarem ao grupo, de acordo com os assuntos de maior interesse da comunidade. Para contatar outras pessoas, de Secretarias, empresas e universidade, o apoio das redes de ensino também pode ser solicitado.

- Parceria interescolar Faça contato com unidades de ensino próximas para ver a possibilidade de realizar debates conjuntos e compartilhar a organização e a realização dos mesmos.

- Ambiente acolhedor Sempre que possível, providencie água, suco e até um lanche para tornar o momento mais agradável.

Sondagens ajudam a definir a periodicidade e os horários adequados

Em Altinópolis, o jornal da cidade anuncia as reuniões para reforçar o convite às famílias. Foto: Joyce Cury
Uso da mídia local Em Altinópolis, o jornal da cidade anuncia as reuniões para reforçar o convite às famílias

Outro aspecto a destacar é a regularidade das reuniões. Quando boa parte da comunidade vive próxima à unidade de ensino, conversas curtas e frequentes podem funcionar melhor do que naquelas que atendam a vários bairros. Organizar o cronograma das palestras também implica levantar o melhor horário para realizá-las - uma sondagem pode mostrar que há mais disponibilidade em determinado turno. Na EE Boa Vista, em Cariacica, na Grande Vitória, elas são realizadas uma vez por mês, à noite, e já debateram temas como nutrição e prevenção a doenças infectocontagiosas. Pequenos grupos de adultos também se reúnem, semanalmente, para programar atividades que estimulem a integração com os filhos. Uma delas é a leitura conjunta de livros literários, realizada durante as aulas, desde que combinada antecipadamente com o docente. O envolvimento e a periodicidade dos encontros - realizados há cinco anos - contribuíram para a redução do índice de reprovação nas séries iniciais do Ensino Fundamental, de 34 para 2%, no período entre 2005 e 2011. "O comportamento das turmas melhorou e a dispersão durante as aulas diminuiu", conta a diretora, Maria Delza Carreiro Rocha.

Divulgação ampla e persistência favorecem a participação dos pais

De nada adianta, entretanto, se esforçar para agendar bons debates se não houver empenho para que a família compareça. Na EMEFEI Ermelinda Rosalina Sammarco de Figueiredo, em Altinópolis, a 333 quilômetros de São Paulo, apenas oito pessoas se interessaram pelo projeto inicialmente. Mas a diretora, Fátima Osório, e a coordenadora pedagógica, Cristina Sotero, não desanimaram. Além de enviar convites por escrito por meio dos alunos com uma semana de antecedência e reforçá-los oralmente na véspera, elas conseguiram espaço no jornal local para comunicar os encontros que focam saúde e projetos sociais. Deu certo. O público quadruplicou. "Aos poucos, os temas provocam a curiosidade naqueles que ainda não participam e o grupo vai crescendo. Não dá pra desistir. Manter a regularidade é importante para ganhar a credibilidade nesse começo", explica Fátima. Segundo a diretora, esse contato mais próximo também beneficia os alunos. "A gente percebe a melhora na disciplina em sala de aula." A falta de quórum também era um problema na escola de pais promovida pela EM do Pontal, em Ilhéus, a 320 quilômetros de Salvador. A diretora, Marilene Cristina Anunciação, resolveu então aproveitar o fato de a unidade de ensino estar localizada próxima a uma avenida movimentada para pendurar uma faixa convocando todos poucos dias antes da reunião. Recentemente, mais de 100 pais assistiram à palestra de uma delegada de polícia, que falou sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e os direitos da mulher. O sucesso do projeto se refletiu nas reuniões bimestrais de pais e mestres, cuja adesão cresceu. "A aproximação com a equipe gestora por meio de temas atuais despertou o interesse pelas questões pedagógicas", diz Marilene.

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CONTATOS
EE Boa Vista
, tel. (27) 3286-2768
EM do Pontal, tel. (73) 3634-5846
EMEFEI Ermelinda Rosalina Sammarco de Figueiredo, tel. (16) 3665-9586
EMTI Profª Arminda de Souza Pereira, tel. (41) 3420-2992

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