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PDE interativo: o pontapé inicial no planejamento estratégico

Ferramenta ajuda na elaboração do diagnóstico da escola, mas é preciso haver mobilização da equipe para traçar um plano de ação

POR:
Aurélio Amaral
Com o uso do PDE, a escola de Pirenópolis pôde aumentar o investimento em materiais pedagógicos. Foto: Carlos Costa
Mais recursos Com o uso do PDE, a escola de Pirenópolis pôde aumentar o investimento em materiais pedagógicos

Uma das maiores dificuldades dos gestores é fazer uma avaliação detalhada da situação escolar: retomar as metas estabelecidas em períodos anteriores, levantar os indicadores de repetência e evasão, comparar os resultados de avaliações externas e fazer um balanço da infraestrutura. Cruzar esses dados é uma tarefa trabalhosa e demorada. No entanto, é possível sistematizar o diagnóstico por meio do Programa de Desenvolvimento da Escola Interativo (PDE Interativo) - instrumento de planejamento da gestão escolar do Sistema Integrado de Monitoramento do Ministério da Educação (Simec). Desde o começo do ano, ele está disponível na internet às unidades de ensino da rede pública e pode ser acessado de qualquer computador, basta que o diretor solicite o cadastro na própria página.

No ano passado, a ferramenta (veja na próxima página) foi testada por equipes gestoras beneficiadas pelo Programa de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola) - iniciativa do MEC que repassa recursos financeiros a escolas com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A reportagem de GESTÃO ESCOLAR teve acesso ao perfil virtual de uma dessas instituições e observou como foi elaborado o planejamento. A navegação se mostrou simples: as etapas seguem uma sequência lógica e, em cada tela, surgem orientações sobre como preencher os formulários. Um guia no site esclarece dúvidas de quem não tem familiaridade com a informática. O MEC incentiva todas as escolas de Educação Básica do país a usarem essa tecnologia.

A ferramenta não tem como meta dar fórmulas prontas. Pelo contrário, cada escola é incentivada a detalhar suas necessidades. Antes de responder aos itens, eles devem ser analisados e discutidos para elaborar um dossiê consistente com as fragilidades e pontos de atenção. Ao fazer o cadastro no sistema, os gestores são aconselhados a convidar o conselho escolar para conduzir esse processo ou a constituir um grupo de trabalho que inclua representantes de docentes, pais e alunos. Formado por até dez pessoas, cabe a ele convocar reuniões para debater os pontos do questionário, redigir o plano de ação e supervisionar a implementação das sugestões. "O objetivo é afastar as respostas ?fáceis?, usadas para justificar maus resultados - como culpar alunos desinteressados, professores desmotivados, falta de recursos financeiros, pais ausentes. Queremos que ele reflita sobre aspectos raramente discutidos - como as avaliações, o currículo, o tempo real de aprendizagem e a comunicação", explica Manuelita Falcão Brito, coordenadora de Gestão Escolar da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC).

Além de comparar números do censo escolar, o PDE interativo propõe perguntas para que a equipe interprete os dados e busque os motivos pelos quais eles evoluíram ou estagnaram. "Por mais que conheçamos esses indicadores, nem sempre nos damos conta do que eles realmente significam", explica Maria Elisabeth Fernandes, diretora da EEF Francisco Amaral Lima, em Aracati, a 150 quilômetros de Fortaleza. A instituição testou o sistema em 2011 e, desde então, passou a vincular ações a cada parâmetro de aprendizagem que a equipe pretendia melhorar. A gestão financeira também ganha sentido quando o diagnóstico é concluído. O diretor, Reginaldo Barbosa de Sousa, conduziu, no começo do ano, o planejamento do CE Jarbas Jayme, em Pirenópolis, a 122 quilômetros de Goiânia, e se deu conta de que o orçamento não condizia com as necessidades. "Vimos que a verba destinada para materiais usados em sala de aula não atendia às demandas. Revimos, então, outros gastos para ajustar nossas contas", explica.

Após concluído, o plano de ação passa pelo crivo da Secretaria de Educação local - estadual ou municipal -, que avalia se as propostas condizem com as políticas públicas da rede. Embora não tenha autonomia para modificar o documento virtual, a supervisão pode sugerir alterações antes de enviar o plano definitivamente ao MEC. "Isso evita que a escola solicite a inscrição em um programa federal cujos objetivos já são ou serão atendidos por uma iniciativa da rede", diz Tânia Zanella, coordenadora da Secretaria de Educação de Açailândia, a 556 quilômetros de São Luís. As redes também devem dar assistência às instituições que não disponham de computador ou conexão com a internet. A ferramenta tem, portanto, também uma função estratégica. A intenção do MEC é conhecer a melhor a visão das equipes gestoras da situação escolar e, com base nos dados colhidos, produzir levantamentos e políticas públicas.

O diagnóstico com a ajuda do PDE interativo

O diagnóstico com a ajuda do PDE interativo. Ilustração: Fabio Lucca

A ferramenta serve como guia para os gestores definirem um plano de ação. Após cadastrar os dados da escola e escolher o grupo de trabalho que conduzirá o processo, a equipe gestora fará um diagnóstico detalhado da situação escolar para então discutir as soluções propostas para vencer as dificuldades da instituição. Veja as reflexões que devem ser feitas em cada item do programa.

1 Indicadores e taxas

Muitos dados são importados automaticamente do censo escolar. Os gráficos gerados permitem comparar o Ideb da instituição com o do município ou o da região. Analise sua evolução e os planos para atingir as metas nos anos seguintes.

2 Distorção e aproveitamento

Ao inserir as informações sobre os alunos, o sistema apresenta dados de aproveitamento e evasão turma por turma, o que permite observar, por exemplo, se a taxa de reprovação em ciências no 6º ano condiz com a média nacional.

3 Ensino e aprendizagem

O tópico esclarece a necessidade de discussões em grupo para avaliar a coerência do projeto político-pedagógico (PPP), a eficácia do currículo e das avaliações, o aproveitamento do tempo nas aulas e a participação dos alunos.

4 Gestão

Ao descrever as funções da equipe gestora, é possível verificar se o tempo consumido em atividades burocráticas ultrapassa o dedicado às pedagógicas. Os gráficos de orçamento ajudam a visualizar a aplicação dos recursos.

5 Comunidade Escolar

Momento de cadastrar os docentes e funcionários, identificar demandas de formação e medir o clima de trabalho. A participação dos pais nas reuniões importa para discutir a atuação do conselho escolar e a integração com a escola.

6 Infraestrutura

É hora de detalhar o mobiliário, os equipamentos e as instalações e colocar em debate: o que não está em condições ideais de uso? Faltam itens para atender às necessidades de aprendizagem? Desse modo, fica mais fácil definir o foco das ações.

7 Síntese do diagnóstico

Além de resumos ao fim de cada tópico, a ferramenta apresenta um balanço geral de problemas levantados e programas sugeridos. Revise-os e volte a etapas anteriores, caso necessário, antes de redigir o plano final de ação.

8 Plano geral

Todos os problemas considerados críticos nas etapas anteriores são retomados. Para cada um deles, o grupo de trabalho designa uma ação concreta, o responsável por colocá-la em prática, o prazo e os materiais necessários. A escola elabora um plano de formação para cada profissional com base nas necessidades da equipe e no PPP.

Quer saber mais?

CONTATOS
CE Jarbas Jayme
, tel. (62) 3349-1242
EEF Francisco Amaral Lima

INTERNET
Acesso ao questionário do PDE Interativo.