Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Como transformar a sala de aula em um laboratório de Ciências

Veja como fazer para que uma sala comum vire um ambiente adequado à experimentação

POR:
Amanda Polato

Laboratórios de Ciências nem sempre foram prioridade nas escolas de Ensino Fundamental - apenas 13% delas possuem um espaço dedicado às experiências, segundo o Censo Escolar de 2010, feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A contribuição deles para a qualidade do ensino, porém, é inegável.

"O uso desses ambientes facilita o acesso dos estudantes ao conhecimento científico construído ao longo da história", explica Zenaide de Fátima Dante Correia Rocha, doutora em Educação Científica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para aprender os conceitos, os alunos são levados a levantar hipóteses sobre questões que os cercam, como os fenômenos naturais, e a procurar respostas por meio da observação, pesquisa e investigação.

Mesmo se a sua escola não possui um espaço ideal, com instalações de água e gás, azulejos e bancadas, é possível adaptar, com poucos investimentos, uma sala comum. Ter um local exclusivo para experiências é interessante por reunir todos os materiais e instrumentos para trabalhar os conhecimentos químicos, físicos, biológicos ou até mesmo os relativos à astronomia e à geologia. E também por permitir expor o resultado das atividades dos alunos. "Para ensinar Ciências, não é preciso ter nem local nem materiais sofisticados. Sempre é possível fazer adaptações", afirma Luciana Hubner, consultora nessa área (veja como organizar o ambiente no infográfico e o que não pode faltar nas ilustrações).

Área exclusiva para as Ciências
A organização das mesas e a adequação dos móveis e materiais favorecem a descoberta científica

Área exclusiva para as Ciências. Infográfico: Bruno Algarve

Ambiente preparado com cuidado e de forma adequada

"Ao escolher a sala para transformar em laboratório, você deve optar pela que oferece acesso fácil ao pátio ou a qualquer área externa", recomenda Aldeniza Cardoso de Lima, professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Isso porque muitas atividades, como a observação de fenômenos e outras que envolvam elementos da natureza, são realizados no pátio ou jardim.

Alguns cuidados relativos à segurança são imprescindíveis, como escolher um ambiente com piso sem desnível e não escorregadio. É preciso também oferecer uma boa iluminação, de preferência com lâmpadas fluorescentes. Paredes brancas ou de cor esmaecida ajudam a clarear o local e facilitam a limpeza.

Aldeniza afirma que é importante ter armários adequados para separar os materiais. "Uma vez guardamos ácidos e bases no mesmo local e eles reagiram, destruindo o armário. O ideal é separá-los." Também é interessante ter prateleiras para expor animais no formol, plantas e os trabalhos feitos pelos alunos.

A principal função do diretor é garantir que o laboratório seja bem aproveitado. De nada adianta montar o espaço sem preparar os professores para utilizá-lo e acompanhar, semanalmente, o que é realizado nele. Por isso, a primeira preocupação deve ser com a formação. A equipe precisa ter clareza dos objetivos das atividades experimentais e da relação delas com outras ações de sala de aula. Toda atividade em laboratório deve fazer parte de uma sequência didática que envolva exposições teóricas, registros dos alunos e confrontação de ideias.

"O uso de laboratório exige não apenas conhecimento acadêmico da área de Química, Física, Biologia, geologia ou astronomia mas também o conhecimento didático compatível à realidade escolar", ressalta Zenaide. Você, diretor, pode ajudar o professor a se sentir seguro nesse espaço, elaborando juntamente com a coordenação pedagógica momentos de estudos e a realização de práticas antes mesmo que elas sejam propostas às turmas.

Mas atenção: o docente não deve usar o laboratório apenas para demonstrar experiências aos alunos. "São eles que devem pôr a mão na massa, pesquisar e investigar", alerta Aldeniza, da Ufam.

Regras de uso do espaço devem ser elaboradas coletivamente

Luciana Hubner sugere que a equipe gestora planeje com antecedência as atividades que serão realizadas ao longo do ano para prever a compra de materiais e nada faltar no dia da aula. Também é importante fazer um cronograma de uso do laboratório, pois o estabelecimento de uma rotina fixa ajuda o professor a inserir no seu planejamento semanal e mensal os dias certos para as aulas experimentais.

As regras gerais de uso do espaço - como a proibição de correr, o cuidado na manipulação de peças de vidro e de equipamentos caros, como o microscópio, os cuidados com a limpeza e a proibição de executar qualquer ação sem a autorização do professor - devem ser escritas coletivamente e divulgadas para toda a comunidade. Aldeniza recomenda que os gestores prevejam no orçamento a compra de indumentária própria para os alunos. Avental, máscara e luvas são, inclusive, alguns itens de segurança: "Se alguém derramar alguma substância sobre si mesmo ou sobre o colega, o jaleco protege a pele e ameniza o contato com ela", afirma Aldeniza Lima.

O ideal é ter um técnico ou estagiário responsável pelo laboratório, que ajude a manter tudo em ordem e tenha as chaves dos armários em que estão guardados os materiais e equipamentos. Caso isso não seja possível, toda a equipe deve receber orientações específicas sobre cuidados adequados. É importante envolver também o pessoal de serviços gerais, pois quem não conhece a proposta de uso do espaço pode acabar tratando como lixo algo que era, na verdade, o resultado de uma importante experiência. Os faxineiros também têm de saber onde é o local certo para descartar resíduos sólidos, óleo, reagentes e substâncias químicas utilizadas.

O que é essencial em um laboratório

Materiais básicos para realizar experiências de diversas naturezas

 Ilustração: Bruno Algarve

Microscópio
Não precisa ser sofisticado, mas é necessário ter um para cada quatro alunos.

 Ilustração: Bruno Algarve

Béquer
Vasilhas com escala entre 50 e 4 mil mililitros. São usadas para misturar e dissolver substâncias.

 Ilustração: Bruno Algarve

Balões de fundo chato 
Usados para armazenar, preparar, aquecer ou recolher soluções.

 Ilustração: Bruno Algarve

Pipeta 
Usadas para transferências precisas de pequenas quantidades de líquidos. Melhor se forem graduadas.

 Ilustração: Bruno Algarve

Termômetro e lupas 
O primeiro deve medir entre -10 e 110 °C. As lupas não precisam ter um alto grau de ampliação.

 Ilustração: Bruno Algarve

Tubos de ensaio 
Peças de vidro ou de plástico com capacidade variável, utilizadas para dissolver substâncias.

 Ilustração: Bruno Algarve

Pisseta 
Frasco de plástico que armazena solventes, água ou soluções e serve para lavar outras vidrarias.

 Ilustração: Bruno Algarve

Pinça 
Instrumento de metal ou madeira usado para transportar ou prender tubos de ensaio.

 Ilustração: Bruno Algarve

Garra 
Instrumento de metal usado para a montagem de equipamentos e evitar o contato manual com eles.

 Ilustração: Bruno Algarve

Funil 
Em geral de vidro ou de plástico, é usado para transferir líquidos de um frasco para outro.

 Ilustração: Bruno Algarve

Estante 
Suporte de madeira ou metal para tubos de ensaio com experimentos que necessitam de descanso.

 Ilustração: Bruno Algarve

Caixas de plástico
Podem ser usadas na montagem de terrários e na observação de plantas em diferentes substratos.

 Ilustração: Bruno Algarve

Tripé
Peça de metal própria para sustentar instrumentos com fundo redondo ou irregular.

 Ilustração: Bruno Algarve

Placas de petri
Vidro com 6 a 20 cm de diâmetro. As placas são usadas na cultura de micro-organismos.

 Ilustração: Bruno Algarve

Lamparina a álcool
Substitui o fogão ou a ligação de gás em experimentos que precisem de aquecimento.

 Ilustração: Bruno Algarve

Bastões
De metal, ajudam a retirar substâncias sólidas de frascos e facilitar a mistura de substâncias.