Mais valor para as avaliações
A criação da semana de provas incrementou o senso de responsabilidade nos alunos e o trabalho em parceria entre professores
POR: GESTÃO ESCOLAR"Desde que resolvi ser educadora, sempre me incomodou perceber que as avaliações não eram relevantes para a vida escolar dos alunos ou a atividade docente. Em nossa escola, os estudantes faltavam sem justificativa e muitos professores não usavam os resultados para dar continuidade ao planejamento ou fazer modificações nele de acordo com as necessidades da turma. A maioria elaborava os testes sem muito critério: era comum copiar itens dos livros didáticos ou até desviar-se dos conteúdos trabalhados em sala de aula.
Para valorizar os momentos de avaliação, realizamos reuniões com os coordenadores pedagógicos e a equipe docente e resolvemos, há quatro anos, apostar na implantação de uma semana dedicada somente às provas. O propósito principal era criar um clima especial em relação aos estudos e estimular a responsabilidade dos alunos. Espalhamos cartazes pela escola para anunciar a iniciativa e enfatizar a importância daquele evento para o aprendizado de todos. Nesse período, mesclamos estudantes de diferentes salas de tal forma que os colegas de uma mesma turma não sentem lado a lado. Os três primeiros tempos são reservados às avaliações e após o intervalo há aula normal. O professor que distribui o exame e toma conta da classe não é o titular da disciplina - o que evita que os alunos façam perguntas relacionadas ao conteúdo.
Hoje, essa cultura já está enraizada no Ensino Médio e na segunda etapa do Ensino Fundamental. No entanto, a introdução do novo sistema demandou vários ajustes na rotina. Optamos por fazer as questões em grupo: os professores de determinada série que lecionam a mesma disciplina elaboram uma única prova. A coordenação pedagógica acompanha o processo, observando a diversidade das questões e se estão sendo avaliados os diversos conhecimentos, competências e habilidades trabalhados em sala de aula.
O controle sobre as faltas ficou mais rigoroso: os pedidos de segunda chamada passam obrigatoriamente pela coordenação e só são autorizados mediante a apresentação de atestado médico ou justificativa por escrito dos pais. A abstenção, que antes chegava a 6%, caiu para quase zero. Além de assíduos, os estudantes se tornaram mais organizados e estão abandonando o hábito de estudar apenas na véspera do teste - como todas as provas são na mesma semana, eles precisam dedicar um tempo maior à revisão das atividades de sala de aula. Assim, os alunos passaram a levar as provas mais a sério - e, consequentemente, a aprender mais."
Maria Bernadete de Castro Lima é diretora da EE Professor Pery Guarany Blackman, em Itu, SP
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