Como fazer a gestão dos espaços de lazer
Todos os detalhes sobre a infraestrutura necessária para assegurar a diversão e a aprendizagem na hora do recreio
POR: Verônica FraidenraichQuem não se lembra do pátio da sua escola? Fosse ele pequeno e apertado ou tivesse uma área grande com árvores e gramado, todo mundo guarda na memória pelo menos uma história para contar desse lugar. Como espaço oficial do recreio, o pátio tem um valor simbólico muito importante para os alunos (veja os infográficos desta e das próximas páginas). É ali que eles interagem com os colegas e se divertem da maneira que quiserem - trata-se, aliás, do único momento em que podem optar entre brincar, jogar, ler, conversar com os amigos, comer um lanche ou paquerar. "É um ambiente fundamental na formação do estudante como cidadão por representar um local onde eles se relacionam com os outros de maneira espontânea", afirma Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB).
A orientadora educacional e colunista de GESTÃO ESCOLAR Catarina Iavelberg lembra que o tipo de convivência que ocorre durante esse tempo livre é um bom indicador do clima escolar e pode ajudar a entender os problemas que emergem de um grupo. Um olhar atento sobre as áreas mais concorridas e as que os estudantes gostam de ficar mais tempo também contribui para a definição dos investimentos e das intervenções necessárias.
Pátio externo coberto
E não é porque o ambiente tem a ver com diversão que a aprendizagem não está presente. O parecer da Câmara de Educação Básica (CEB) nº 05/97 considera as atividades escolares realizadas durante o recreio como mais um período de efetivo trabalho escolar, desde que as propostas façam parte do projeto político-pedagógico. Portanto, assim como a sala de aula, os corredores, a biblioteca e mesmo os banheiros, o pátio também merece atenção. Cabe à equipe gestora cuidar para que esse espaço ofereça uma infraestrutura adequada ao uso. Ter um piso apropriado para que as crianças possam correr com segurança, colocar bancos, garantir áreas verdes e espalhar lixeiras pelo local são aspectos importantes a observar. Lembrando que todo projeto de reforma deve ser autorizado pela secretaria competente e exige a orientação de um especialista. Além do mais, é preciso fazer uma manutenção regular, zelando pela organização, limpeza e sinalização (leia a última página).
Manutenção e segurança
Ações que garantem o lazer tranquilo:
- Consertos urgentes Vidros quebrados, áreas que acumulam água e entulho, peças soltas, rachaduras e vazamentos dão aparência de abandono ao local e põem em risco a segurança dos usuários. Esses problemas devem ser prontamente resolvidos.
- Cuidado com as paredes Mexer em vãos de portas e janelas sem o aval de um engenheiro pode causar abalos na estrutura.
- Não às pichações Campanhas contra atos de vandalismo e depredação inibem novas ações e conquistam o respeito da comunidade.
- Boa sinalização Placas e quadros de aviso em bom estado e com legibilidade facilitam a circulação. Revise-os periodicamente.
- Check-up anual Pinturas da parede e do solo podem ser feitas uma vez por ano.
Área interna
O cuidado com esse espaço revela muito sobre a gestão da escola. "O que um pátio descuidado e feio está sinalizando aos alunos? Silenciosamente, que é isso que eles merecem. Se um lugar agradável e bonito pode causar impacto num adulto, imagina nos menores", explica Paulo Barguil, professor de Pedagogia do Espaço da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A responsabilidade pela preservação do local é dos funcionários da limpeza e se estende também aos estudantes, que são os principais usuários. Eles têm de ser conscientizados de que se trata de um patrimônio público, que lhes pertence, assim como à sociedade, e do qual todos devem tomar conta. Sinais de descuido com os brinquedos, as plantas e até a ocorrência de conflitos devem ser analisados.
Uma maneira de favorecer a interação, diminuir as brigas e promover a inclusão - se houver alunos com necessidade especiais - é colocar um funcionário ou professor para oferecer à garotada brincadeiras com cordas, jogos e outras propostas. "A ideia é tornar aquele momento mais prazeroso e facilitar a participação de todos", diz o professor Paulo Barguil. Só não vale alegar que a escola tem um espaço limitado. Por menor que seja o pátio, sempre há formas de torná-lo atrativo por meio de intervenções nas paredes e no solo ou das atividades dirigidas.
O essencial, explica Frederico Flósculo, é lembrar que o pátio é um lugar onde muita coisa pode acontecer e, necessariamente, tem de agregar alunos e fazer com que eles se divirtam.
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