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Leia dicas e respostas da especialista em Psicologia da Educação, Catarina Iavelberg, sobre a vida escolar dos alunos e sobre a relação entre a instituição e a família

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Catarina Iavelberg
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A importância dos critérios para formar turmas

Estabelecer critérios para agrupar os alunos evita que eles sejam classificados de forma negativa

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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Em reuniões pedagógicas, na sala dos professores ou mesmo nos corredores da escola, é comum escutarmos reclamações sobre algumas turmas. Essas queixas são repetidas na sala de aula e os alunos escutam que o grupo "x" é o mais atrasado, o mais barulhento, o menos colaborativo etc. Esses comentários são estigmatizadores e interferem no processo de ensino e aprendizagem. Já conhecemos a força das profecias autorrealizadoras: quando nos relacionamos com o estudante, pressupondo e agindo como se ele fosse incapaz ou incompetente, contribuímos para que ele se torne o fracasso que nele enxergamos.

O estabelecimento de critérios para a formação das turmas favorece a sua dinâmica e, assim, a qualidade da aprendizagem coletiva. Existem escolas que insistem em colocar todos os reprovados em uma mesma classe, separando-os dos que têm mais rapidez para aprender com autonomia. Essas mesmas instituições oferecem aos professores bem avaliados as salas com os "melhores", o que só reforça as supostas diferenças.

Um espaço pautado pela diversidade sempre é mais democrático e promissor. Distribuir proporcionalmente os alunos que demandarão ações pedagógicas específicas - entre aqueles com necessidades especiais de aprendizagem, novatos etc. - beneficia a todos. Uma medida simples, como equilibrar o número de meninos e meninas, pode fazer a diferença na dinâmica de uma turma. Agrupar os que trabalham bem e separar as parcerias que desfavorecem o processo de socialização e/ou aquisição de conhecimento também contribui com a gestão da sala. A intervenção na formação das classes deve buscar condições que facilitem o desenvolvimento do potencial de todos.

O orientador educacional precisa ficar atento às dinâmicas construídas por cada grupo no que se refere à convivência e à aprendizagem. Observar a sala de aula e os intervalos, conversar regularmente com a equipe de professores e de monitores são ações que ajudam a identificar problemas e aprimorar o trabalho pedagógico. Realizar sociogramas para representar graficamente a estrutura de relações interpessoais facilita o mapeamento da qualidade dessas interações e sinaliza as lideranças, assim como os casos de isolamento. Um grupo onde todos se sentem capazes, seguros e respeitados pode trazer boas surpresas.

Existem escolas que, no decorrer dos anos, não fazem alteração nas turmas, pois apostam no crescimento do vínculo entre os colegas. É verdade que o tempo ajuda a fortalecer a convivência, mas é preciso ter cuidado para que não se cristalizem os papéis desempenhados por alguns na turma. Às vezes, um jovem assume uma função (o bagunceiro, o palhaço) da qual não consegue se libertar, e a mudança de sala de um ano para o outro pode levá-lo a reconstruir uma nova identidade como estudante.

Favorecer a aprendizagem coletiva é papel do orientador, mas o ideal é que os alunos se autorregulem. As assembleias de classe, por exemplo, servem a esse fim ao analisar os problemas e propor soluções para eles. Pode soar estranho, mas o orientador deve agir para que sua mediação diminua com o tempo. Quanto menos o grupo precisar de sua intervenção, melhor.

Catarina Iavelberg
É assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação.