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Isabel Alarcão fala sobre formação docente e a escola reflexiva

Educadora portuguesa defende uma formação voltada ao diálogo e às práticas que sejam colaborativas de fato

POR:
Noêmia Lopes
Isabel Alarcão. Foto: Francisco Martin
Isabel Alarcão

Muito se fala sobre a necessidade de o professor refletir sobre sua prática em sala de aula. Contudo, as condições para que isso ocorra nem sempre são ideais. Isabel Alarcão, doutora em Educação e membro do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF), da Universidade de Aveiro, em Portugal, estuda a formação docente desde 1974 e explica, nesta entrevista concedida por e-mail, como é a escola reflexiva.

Por que é importante o docente ser reflexivo?
ISABEL ALARCÃO
Para atender às necessidades de uma sociedade em constante transformação, as escolas precisam ser dinâmicas e questionadoras. Isso não se cumpre se a docência é exercida de forma rotineira.

Como é o perfil de um coordenador que investe na reflexão coletiva entre os membros da equipe?
ISABEL
Ele tem de ser um observador atento de uma realidade mutante e um profissional alerta para as ideias dos outros. No dia a dia, precisa dar espaço ao crescimento dos colegas e à própria capacidade de decisão - sem perder o sentido do trabalho coletivo. Acho importante que tenha a preocupação de divulgar a todos os caminhos que o grupo vai traçando.

A senhora defende que os professores precisam de formação permanente em seu local de trabalho. Por que a escola é o lugar ideal para a reflexão?
ISABEL
É nela que está a realidade em toda sua complexidade, a tensão entre o pensamento e a ação, entre as tomadas de decisão e a avaliação de seus efeitos. É nela também que está a possibilidade de construir conhecimento por meio da prática coletiva. Não basta ser reflexivo individualmente - o que pode levar a sentimentos de frustração e solidão. Os gestores devem criar um espírito de colaboração real, orientado por um objetivo comum: a melhoria da Educação.

Muitos professores especialistas acham que não precisam de atualização e os coordenadores alegam não conhecer em profundidade todas as disciplinas. Existe saída para esse impasse?
ISABEL
Somente a reflexão e o diálogo vão fortalecer a concepção da Educação como uma tarefa que exige a complementaridade de saberes, o respeito pelos conhecimentos do outro e o reconhecimento dos próprios limites. O pior que pode ocorrer a um educador é pensar que sabe tudo e os outros nada sabem.

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