Relato de uma formação bem planejada
Conheça experiência de duas escolas que usam o trabalho pedagógico coletivo (HTPC) como real ferramenta de planejamento e avaliação
POR: Noêmia LopesDuas vezes por semana, durante duas horas, as professoras da EMEI Profª. Marianita de Oliveira Pereira Santos e da EMEI Prof. Ladiel Benedito de Carvalho, em São José dos Campos, a 91 quilômetros de São Paulo, reúnem-se com a orientadora pedagógica, Jacqueline França. Os encontros são conjuntos porque as escolas são relativamente pequenas e próximas e compartilham a mesma equipe gestora.
Para que todos participem, o Horário de Trabalho Coletivo (HTC) - como as reuniões são chamadas na cidade - acontece em dois períodos: quem dá aula de manhã faz HTC à tarde e quem dá aula à tarde, pela manhã. Regulamentado dessa maneira, o horário de estudo não resvala em problemas como falta de obrigatoriedade ou regularidade e dispensa de alunos.
Antes de a formação começar, a equipe docente tem meia hora para resolver pendências individuais. Terminado o período, é hora de trabalhar só em grupo. Ao longo do ano passado, o foco foram as atividades de Arte que deveriam ser trabalhadas com as crianças. Para isso, Jacqueline - que recebe formação própria da secretaria de Educação e tem uma tarde semanal reservada ao planejamento dos HTC - selecionou referencial teórico para estudo em grupo, introduziu debates, ensinou na prática técnicas novas e registrou tudo em fotos, vídeos e textos.
As aulas dos professores foram registradas a fim de que todos pudessem tematizar a prática e ajustar os ponteiros que ainda precisavam de ajustes. O material coletado, do planejamento anual da orientadora (com pautas individuais de cada encontro) às avaliações periódicas sobre o trabalho desenvolvido, é arquivado em pastas batizadas de Marcas - facilmente acessíveis à equipe, em uma estante da sala dos professores.
Tem-se, assim, um encadeamento cuidadoso dos encontros e uma visão estratégica para dar conta das necessidades de aprendizagem (de alunos e professores) a longo prazo.
Porém, caso surja alguma dificuldade inesperada, há flexibilidade em alterar momentaneamente os planos. Isso aconteceu, por exemplo, quando as professoras não conseguiam incluir o desenho coletivo na grade de horários e chegaram a deixar de lado atividades importantes para alunos de Educação Infantil, como a roda de conversa. Jacqueline planejou então reuniões que não estavam anteriormente em pauta, com o objetivo de replanejar as propostas de sala, propor soluções e analisar vídeos feitos durante as aulas em favor do problema que estavam enfrentando.
Todas as propostas são apresentadas pela orientadora como sugestões e debatidas coletivamente antes de qualquer decisão ser tomada. Quanto a isso, Jacqueline diz: "É preciso criar a necessidade de aprender sobre determinado tema e mexer com as certezas já estabelecidas na equipe, para que todos entendam o significado do que irão aprender - como se faz com as crianças".
Para que a formação funcione e cumpra seus objetivos corretamente, a diretora, Aguila Machado, garante espaço adequado aos encontros. Eles acontecem na sala dos professores, bem iluminada, arejada, mobiliada de acordo com o tamanho da equipe e com recursos audiovisuais, como televisão e aparelho de DVD. A sala tem um banheiro, usado apenas pela equipe e, na metade da reunião, uma merendeira serve café e lanche.
Há também livros formativos, obras literárias e revistas à disposição de todos. Nas segundas-feiras, dia em que Jacqueline estuda e prepara os HTC, orientadora e diretora também sentam para conversar sobre os encontros de formação. Essa parceria colabora para que o cronograma dos encontros seja cumprido com rigor, ninguém tenha serviços extras que impeçam a participação nos HTC ou seja interrompido durante os estudos.
Quer saber mais?
EMEI Profª Marianita de Oliveira Pereira Santos, tel. (12) 3936-1002
EMEI Prof. Ladiel Benedito de Carvalho, tel. (12) 3944-1828