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Punir os alunos sem reflexão sobre os danos

Assim não dá!

POR:
Noêmia Lopes
Ilustraçao: Thiago Cruz

Um estudante desrespeita um colega ou professor e é colocado para lavar o banheiro ou varrer o pátio. Castigos como esses aparecem nas escolas em que os educadores desconhecem a forma como crianças e adolescentes adquirem a noção de responsabilidade. Usar um esquema de tolerância zero e punições extremas dá a sensação de obter resultados rápidos. Contudo, eles são provisórios: os alunos deixam de praticar os atos que causam danos por medo, mas acabam voltando a eles. "Não pode haver humilhação pública, pois isso em nada ajuda o indivíduo a tomar consciência do que fez", ressalta Adriana de Melo Ramos, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os especialistas explicam que crianças mais novas costumam criar mecanismos para fugir da punição, geralmente prometendo não repetir o erro. Mas acabam por não refletir sobre as atitudes. Já os mais velhos são capazes de calcular os riscos. Às vezes, optam por fazer o que não devem quando ninguém está vendo, ou medem o custo/benefício e concluem que, pelo castigo previsto, vale a pena se expor. É comum que isso ocorra quando as punições dadas não têm relação com o que foi feito de errado. Em qualquer idade, porém, é essencial relacionar atitude e reparação. Se o aluno pichou uma parede, deve limpá-la. Se estragou um brinquedo do colega, terá de repor ou ajudar a consertar. Vale procurar, sempre, o melhor caminho para cada atitude que se apresenta.

É preciso considerar a questão da ética e da construção de valores no projeto político-pedagógico, investindo nas ações cotidianas, na melhoria das relações interpessoais e no respeito mútuo entre os alunos e entre eles e a equipe escolar. "Esse é um trabalho lento, que requer persistência, mas leva à formação de pessoas mais preparadas para enfrentar conflitos, tolerantes com as diferenças e capazes de defender o próprio ponto de vista de maneira respeitosa", afirma Adriana.

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