Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Um modelo de parceria entre governo e escolas

No Pará, uma experiência de descentralização estreitou o contato da Secretaria de Educação com os gestores escolares e agilizou o atendimento às escolas

POR:
Paula Nadal
Unidade Seduc na Escola (USE) Instalada em uma unidade polo, cada USE atende outras 20 instituições da região     Fotos: Paula Nadal/Ilustrações: Daniel Motta

Redes estaduais e municipais de grande porte enfrentam dificuldades em sua estrutura funcional. Uma das principais é a falta de comunicação entre as escolas e a Secretaria de Educação, muitas vezes por falta de pessoal para manter um esquema de atendimento ou até pela distância entre a sede e as unidades. Isso faz com que todos padeçam: os gestores ficam sem orientação e interlocução para encaminhar as demandas e o sistema não consegue acompanhar o trabalho da escola, dar a formação necessária às equipes gestora e docente e implementar e manter as políticas públicas.

Uma das conclusões do estudo Práticas Comuns dos Diretores Eficazes, realizado no ano passado pela Fundação Victor Civita, apontou que os alunos que estudam em escolas que têm mais proximidade com equipes da Secretaria de Educação conseguem melhor desempenho na Prova Brasil do que os que estudam em instituições que não têm atendimento nem acompanhamento periódico dos supervisores.

Foi justamente para descentralizar o atendimento e torná-lo mais eficiente que o governo do Pará decidiu, há sete anos, criar as Unidades Seduc na Escola (USEs) - braços da Secretaria de Educação instalados em uma unidade polo que prestam atendimento a outras 20 instituições da região. No início, as USEs se restringiam a atividades burocráticas, como a nomeação de professores, o envio e o recebimento de documentos e a prestação de informações sobre programas educacionais. Desde 2007, elas ampliaram a atuação e passaram por uma reorganização. As USEs contrataram coordenadores pedagógicos e técnicos em Educação, responsáveis pela supervisão pedagógica, além de profissionais da área administrativa, que dão suporte às questões relacionadas à gestão de materiais e suprimentos, infraestrutura, equipe etc.

"Com a mudança, passamos a auxiliar nas revisões do projeto político-pedagógico e na orientação curricular. Assim, nos tornamos um ponto de apoio efetivo para os gestores", explica José Messiano Trindade Ramos, coordenador da USE 4, que tem como sede a EEEF Professor João Renato Franco, na capital paraense. A diretora da escola, Oracina Viana de Andrade, conta que a reorganização da USE mudou a rotina da equipe, que passou a contar com um representante da Secretaria em todas as reuniões. Um dos frutos dessa proximidade foi a agilização da construção da quadra esportiva para as aulas de Educação Física. "Antes da criação das USEs, as unidades não eram autônomas e a Secretaria de Educação desconhecia as demandas e prioridades da escola. Os processos eram lentos e tudo dependia da influência do diretor e da pressão que ele conseguia fazer", diz Wilson Barroso, assessor de Políticas Educacionais da Secretaria Estadual da Educação do Pará.

Foco no pedagógico e preocupação com a comunidade

Além da aceleração dos processos que dependem do Poder Executivo, houve também a ampliação dos serviços prestados. Algumas USEs passaram a contar com assistentes sociais e psicólogos, que contribuem para firmar a parceria entre a escola e a comunidade. Eles atuam com professores e coordenadores junto às famílias, quando há a necessidade, e organizam palestras para os pais sobre temas como sexualidade e prevenção ao uso de drogas. "O papel da equipe é articulador. Implementamos o programa Escola de Portas Abertas, do governo do estado, e atuamos em conjunto com as organizações, os movimentos sociais e os líderes comunitários", diz Trindade Ramos.

Na EEEF Doutor Carlos Guimarães, a USE contribuiu para reequipar a sala de recursos dos alunos de inclusão, assim como no fortalecimento do Conselho Escolar. "A formação que recebemos dos técnicos da Secretaria nos ajuda a trabalhar com a comunidade para envolver as pessoas e torná-las mais participativas e entrosadas com a escola. Fazemos questão de decidir tudo em conjunto com o Conselho", afirma Cristina Arruda, diretora da Carlos Guimarães.

Bibliotecários também podem fazer parte da equipe de apoio. As bibliotecas de todas as escolas da USE 4 receberam verba para a ampliação do acervo e os profissionais que nelas trabalham tiveram formação para atender os alunos e moradores do bairro que querem se aprimorar como leitores. Essas medidas têm ajudado a diminuir problemas como evasão, violência e depredação do patrimônio, ao mesmo tempo que contribuem para fazer com que os pais participem ativamente da vida escolar dos filhos.

Reuniões, visitas e formação continuada como parte da rotina

Diariamente, a equipe pedagógica das USEs visita escolas para conversar com os diretores e coordenadores e mesmo com os líderes estudantis, ajudando-os em seu papel de articulador dos alunos. Os técnicos também acompanham as reuniões da direção e os horários de formação docente. Há ainda atividades organizadas bimestralmente. Entre elas, estão os encontros de discussão em cada uma das escolas para buscar soluções mais efetivas para problemas da unidade e reuniões com os diretores de todas as instituições atendidas por uma USE para discutir questões comuns - como a violência - e trocar informações sobre programas e projetos que estão alcançando bons resultados. Todas essas ações, realizadas de forma articulada, fazem com que as escolas funcionem como uma verdadeira rede de gestão compartilhada.

Quer saber mais?

CONTATOS
EEEF Doutor Carlos Guimarães, tel. (91) 3231-6337
EEEF Professor João Renato Franco, tel. (91) 3249-8960
USE 4