Treinar os alunos para ir bem nas avaliações externas
Assim não dá!
POR: Gustavo HeidrichNa reunião de planejamento no começo do ano letivo, a diretora mostra os resultados da Prova Brasil. "Precisamos melhorar essas notas! Senão como fica a imagem de nossa escola?" A solução proposta é "treinar" as turmas para fazer o exame. Certamente esse não é o melhor caminho. Primeiro porque essa medida é ineficaz para atingir os objetivos, já que as questões da avaliação são baseadas em raciocínio e no desenvolvimento de habilidades e competências - o que os treinos não resolvem. Segundo porque essa prática inverte a lógica proposta pelo teste, criado para acompanhar a aprendizagem durante o período de dois ou três anos. É preciso lembrar que o objetivo de um exame não é a nota em si, mas saber o que o aluno aprendeu. Para melhorar o desempenho em qualquer teste, só existe um caminho: fazer com que aprendam de fato nas aulas regulares. O papel da equipe gestora é ajudar os professores a detectar os problemas de ensino e ajudá-los a superar as possíveis dificuldades. Os resultados dos exames só devem servir de indicadores do nível de conhecimento das crianças e de base para definir as metas de aprendizagem para cada série (se preciso, com os reajustes necessários na proposta política pedagógica).
Investir na formação dos docentes e na infraestrutura da escola, principalmente em itens como biblioteca e livros, que aumentam o contato dos alunos com a cultura escrita, é um bom caminho para obter melhoras significativas no ensino e, assim, avaliações mais positivas.
Em um passado não muito distante, não havia parâmetros para analisar o nível da Educação no país. Apesar das críticas, relacionadas às normas de elaboração das questões e ao uso dos resultados, as avaliações são, ao lado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), um passo importante para definir prioridades e estratégias mais efetivas de promoção da qualidade do ensino.