Espaços de lazer: lugar de brincar, interagir e conviver
Organize os ambientes para que os alunos do 1º ao 9º ano tenham mais locais para se divertir dentro da escola
POR: Noêmia LopesFotos: Rogério Albuquerque
Na Educação Infantil e no início do Ensino Fundamental, as crianças costumam ter garantidos tempo e materiais para brincar. No entanto, conforme elas avançam na escolaridade, os momentos lúdicos praticamente desaparecem da rotina. E isso é uma pena. Todos os alunos precisam ter a oportunidade de conviver e se divertir nos horários em que não estão na sala de aula. O que deve mudar, a cada etapa, são as propostas, com a finalidade de atender às diferentes faixas etárias.
Enquanto brincam, jogam e interagem em atividades com música, leitura ou bate-papos, crianças e adolescentes aprendem a ser cooperativos - aliás, a origem da palavra brincar vem de "estabelecer vínculos com o outro". Para viabilizar momentos diversificados, é preciso organizar os espaços de uso coletivo. "Muitas equipes definem o que deve acontecer em classe, porém não fazem o mesmo com o lado de fora. O ideal é que o intervalo se caracterize pela possibilidade de optar por experiências que proporcionem satisfação pessoal e oportunidades de manter relações significativas. Contudo, isso não dispensa o planejamento, já que a liberdade de escolha depende das opções oferecidas", diz Adriana Klisys, coordenadora da Caleidoscópio Brincadeira e Arte (leia o projeto institucional sobre como planejar os momentos de pátio).
por alunos anima o recreio do CE de João
Monlevade. Foto: Pedro Motta
Na EMEF Gino Dártora, em Caieiras, município da Grande São Paulo, existem atividades variadas e simultâneas. No espaço reservado aos jogos, estão à disposição dominó, baralho, ludo, pega-varetas e trilhas - muitos confeccionados pelos próprios alunos. Na quadra, há propostas com bola, como a queimada. "As turmas se revezam no espaço e todas têm chances de se divertir", conta a diretora, Fernanda de Moraes Faria. O rodízio evita uma cena comum em muitas escolas, que é a dos meninos mais velhos jogando futebol. Além dos jogos e das brincadeiras, existe um local aconchegante para a leitura, com revistas e livros, que são periodicamente atualizados.
De acordo com Fernanda, há ainda o cuidado de transmitir aos alunos parte da responsabilidade em cuidar do material. "Tudo fica organizado em prateleiras e cabe às turmas retirar e guardá-lo nos lugares determinados. Esse é o combinado e cada um faz a sua parte", diz a diretora. A participação dos estudantes também se dá na hora de sugerir atividades. Afinal, o projeto é para eles. "Cabe aos gestores levantar o que os alunos querem fazer, discutir a viabilidade das propostas com a equipe e providenciar os materiais necessários", destaca a consultora Adriana Klisys.
Para que o projeto se complete, é interessante a equipe gestora se unir em torno dele e ficar atenta à alternância entre os desafios que exijam atividades corporais (como brincadeiras com cordas, elásticos e perna de pau) e outros mais lúdicos (jogos de tabuleiro e bacias para fazer bolhas de sabão gigantes).
Espaços de interações saudáveis transformam as relações
cooperação entre a garotada e reduz
brigas e conflitos. Foto: Pedro Motta
Um reflexo positivo desses cuidados no planejamento do intervalo é o fim da correria e até de atos de violência. No CE de João Monlevade, no município do mesmo nome, a 115 quilômetros de Belo Horizonte, sugestões para todas as idades entretêm a garotada: brinquedos como a peteca e a corda, jogos de pebolim e de tabuleiro e um grupo de hip-hop, que se apresenta e ensina passos de dança desse movimento cultural para os colegas. Antes da implantação do projeto institucional que organizou o tempo livre, os alunos viviam brigando. Agora, ele é aproveitado de forma educativa e os resultados são visíveis. "É um momento de socialização, em que todos aprendem a respeitar os espaços da escola e os direitos dos outros. Isso só é possível porque os jovens atuam como protagonistas", afirma Silvânia Fátima Hosken Reis, diretora da escola.
Outro ponto fundamental foi a atuação em conjunto das equipes gestora e docente. "Desde o começo, a direção, a coordenação pedagógica e os professores trabalharam juntos." A sintonia privilegia a integração entre as novidades e a grade curricular. "Dependendo da brincadeira, os professores trabalham as regras com as turmas e explicam o manuseio e os procedimentos de segurança. Não adianta apenas oferecer material", orienta o educador Marcelo Jabu, autor dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Educação Física.
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CONTATOS
Adriana Klisys
CE de João Monlevade, tel. (31) 3851-3565
EMEF Gino Dártora, tel. (11) 4899-3600
Marcelo Jabu
BIBLIOGRAFIA
Barangandão Arco-Íris - 36 Brinquedos Inventados por Meninos e Meninas, Adelsin, 96 págs., Ed. Peirópolis, tel. (11) 3816-0699, 27 reais
Jogos de Todas as Estações, Oriol Ripoll, 128 págs., Ed. Ciranda Cultural, tel. (11) 3761-9500, 39,90 reais
Mãe de Rua, Ettore Bottini, 88 págs., Ed. Cosac Naify, tel. (11) 3218-1452, 45 reais
INTERNET
Livros de Adriana Klisys sobre jogos e brincadeiras para download.
No site da Fundação Abrinq, dicas de jogos, brinquedos e textos.