Uma estrutura que ensina
Como organizar o espaço para que ele reflita as conexões com o currículo
POR: GESTÃO ESCOLARCurrículo, espaço e subjetividade: A arquitetura como programa
Antônio Viñao Frago e Agustín Escolano, 152 págs.,
Ed. DP&A, tel. (21) 2232-1768, 25 reais
Por que ler A escola como a conhecemos hoje existe há pouco mais de 400 anos. A organização do espaço (salas de aula, áreas de lazer, secretarias etc.) e do tempo (em atividades e tarefas sequenciais cronometradas e calendários planejados) surgiu como ruptura às práticas da Idade Média. A Modernidade trouxe esse sistema fortemente regrado que no fim do século 17 ganhou o nome de currículo. Em menos de um século, esse mecanismo tornou-se o operador da ordem e do disciplinamento não apenas da Educação mas também de um novo tipo de sociedade e de indivíduo. Num sentido amplo, todo o conjunto das práticas e experiências escolares, os documentos que as regulam e normatizam e a formação das identidades dos professores, funcionários e, principalmente, dos alunos fazem parte do currículo. É nessa perspectiva ampliada que se insere o livro de Frago e Escolano. Ao traçar uma história arquitetônica da escola moderna, os autores mostram as profundas relações entre a estrutura física e o que se ensina e se aprende - e, com isso, evidenciam as conexões entre as construções escolares e as práticas pedagógicas. Discussões que nos levam a perguntar de que maneiras as espacialidades contemporâneas nos ensinam a ser o que somos.
Preste atenção No chamado currículo oculto, presente na organização do tempo e do espaço, que transmite estímulos, conteúdos e valores. Para os autores, a arquitetura escolar é, por si mesma, uma espécie de discurso que institui um sistema de valores e tem potencial para facilitar ou impedir a aprendizagem. É importante que a discussão sobre ele seja parte do projeto político pedagógico e esteja em constante análise durante o planejamento ao longo do ano.
Trecho "Qualquer atividade humana precisa de um espaço e de um tempo determinados. Assim acontece com o ensinar e o aprender, com a Educação. Resulta disso que a Educação possui uma dimensão espacial e que, também, o espaço seja, junto com o tempo, um elemento básico, constitutivo, da atividade educativa. A arquitetura escolar, além de ser um programa invisível e silencioso que cumpre determinadas funções culturais e pedagógicas, pode ser instrumentada também no plano didático, toda vez que define o espaço em que se dá a Educação formal e constitui um referente pragmático que é utilizado como realidade ou como símbolo em diversos aspectos do desenvolvimento curricular. Em algumas metodologias, como a montessoriana, o planejamento do ambiente e do espaço é parte constitutiva e irrenunciável de um novo modo de considerar a criança, de tal maneira que os objetos e o projeto educativo guardam, entre si, uma íntima relação."
Alfredo Veiga-Neto, autor desta resenha, é professor do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Livro
Da pobreza ao poder: Como cidadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo
Duncan Green, 680 págs., Ed. Cortez, tel. (51) 3611-9616,
59 reais
Por que ler O mundo precisa passar por uma redistribuição radical de riquezas, de poder e de oportunidades para romper o ciclo de desigualdade existente. É essa a tese defendida neste livro pelo jornalista e pesquisador social britânico Duncan Green. Para ele, essa transformação virá com a formação de cidadãos ativos capazes de participar das decisões sobre seu destino, de lutar por direitos e justiça e de cobrar responsabilidades dos governantes, do Estado e das empresas. Chamando a atenção para a urgência das mudanças, Green defende que líderes, organizações e indivíduos tenham uma ação conjunta enquanto ainda há tempo.
Preste atenção Na participação fundamental que a vida escolar tem na formação dos cidadãos ativos dos quais fala o autor. O aprendizado sobre o sentido da democracia, da participação política e social, do respeito e da solidariedade, que levam a pequenas e grandes transformações, surge no ambiente escolar.
Site
www.lideresemgestaoescolar.org.br
Fundação Lemann
Por que acessar A divulgação de estudos e pesquisas é apenas um dos objetivos da página, que oferece cursos online - como o Gestão para o Sucesso Escolar --, agenda de eventos, indicações bibliográficas e notícias variadas sobre a área de gestão. Organizado pela Fundação Lemann, que oferece formação a gestores educacionais, o site está organizado em grandes áreas relacionadas à atuação do gestor: autoridade e responsabilidade, padrões educacionais, sistemas de avaliação, valorização do Magistério e financiamento. Há materiais tanto para atuação direta nas escolas como para discussão de políticas públicas.
Preste atenção Nos materiais de estudo disponíveis na página. São vídeos de seminários e palestras, dados e tabelas, teses e apresentações que podem ser visualizados, salvos ou impressos para uso em momentos de formação continuada na escola. No fim da página, há um índice dos conteúdos mais acessados que facilita a navegação.
DVD
O Clube do Imperador
Michael Hoffman, 104 min., Europa Filmes, 24,80 reais
Por que assistir Modelo de cidadão e profissional, o professor de História William Hundert (Kevin Kline) tenta ensinar conceitos de ética para seus alunos com base em exemplos de personalidades históricas. Contudo, ao se deparar com o cético e cínico Sedgewick Bell (Emile Hirsh), filho de um poderoso senador, que passa a questionar e confrontar os princípios e métodos do mestre, Hundert entra em crise, que se aprofunda quando ele é preterido na eleição de diretor da escola por um concorrente com maior influência política. Conforme sua personalidade é abalada pelos acontecimentos, ele passa a agir contra seus princípios.
Preste atenção Nos limites de atuação da escola - e do professor - quando se trata da formação ética e moral dos alunos. O filme expõe a importância da flexibilidade e da autoavaliação para saber o momento certo de mudar de postura ou estratégia diante das diversas situações de uma sala de aula ou da gestão de uma escola.