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Economia gota a gota

Eu fiz assim

POR:
GESTÃO ESCOLAR
Foto: Rogério Albuquerque
TORNEIRAS FECHADAS Projeto criado pela equipe de Noêmia da Silva Marangoni mudou os hábitos e acabou com o desperdício
Foto: Rogério Albuquerque

"Uma das coisas que mais me chamaram a atenção quando assumi a direção da CEMEI José Antunes de Oliveira Souza, em São Carlos, a 230 quilômetros de São Paulo, foi o desperdício de água. Nos banheiros, as torneiras estavam sempre pingando - quando não ficavam abertas no momento em que as crianças brincavam na hora de escovar os dentes e lavar as mãos. Na cozinha, a água escorria enquanto a louça era ensaboada. Minha primeira atitude foi colocar bilhetes nas paredes: 'Feche a torneira', 'Evite o desperdício'. Porém isso não deu resultado. Na verdade, era uma questão de hábito que só poderia mudar com um trabalho de conscientização. O caminho era conversar para mostrar as consequências para o meio ambiente de gastar os recursos naturais sem critério. Falei com cada um dos professores e funcionários para compartilhar minha preocupação e propor que, juntos, pensássemos em soluções. Distribuí um material da Secretaria de Educação do município explicando como a natureza é afetada quando a água limpa é jogada fora. Essa atitude fez a diferença: todos começaram a debater o tema.

Hoje, temos muito a contar. As mangueiras usadas para lavar o pátio e regar o jardim e a horta ganharam bicos econômicos, reguladores de vazão. Na cozinha, mostramos aos funcionários que não há a necessidade de a torneira permanecer aberta enquanto se passa detergente nos pratos e talheres. A água da piscina de plástico, antes jogada fora, passou a ser usada para regar as plantas - aliás, com os regadores que as próprias crianças fizeram com embalagens de amaciante de roupa.

Montamos juntos, gestores e professores, atividades para envolver os alunos com a questão. Planejamos peças de teatro, rodas de leitura e textos, tudo com base nas pesquisas que as turmas fizeram sobre a importância da água para a vida. O produto final - um livro ilustrado - foi disponibilizado também aos pais, que passaram a participar do movimento, economizando água em casa.

Resultado: reduzimos em cerca de 70% o consumo de água da escola (de 175 mil litros por mês, em 2006, para 51 mil litros no ano seguinte). Por isso, ganhamos um prêmio em dinheiro da Secretaria de Educação - já investido na revitalização do jardim e da horta. Mas o mais importante foi a cultura de combate ao desperdício que criamos. Certo dia, ao observar a escovação de dentes das crianças, vi uma chamando a atenção de outra porque a torneira estava aberta. Foi quando tive certeza de que ocorrera a mudança de hábitos e de que o trabalho tinha dado resultados."

Noêmia da Silva Marangoni é diretora da CEMEI José Antunes de Oliveira Souza, em São Carlos, SP.

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