Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Notícias
5 4 3 2 1

Módulo 5: Sistema Sol e Terra

Formação continuada em Ciências

POR:
GESTÃO ESCOLAR
Sistema Sol e Terra: observar o céu. Foto: Marina Piedade

Estrelas e outros corpos celestes fascinam a humanidade e alimentam histórias e crenças desde a Antiguidade. Quando uma criança chega à escola, portanto, ela leva consigo inúmeras percepções sobre o Universo. Incentivar os professores a aproveitar essa curiosidade e esses saberes do senso comum a favor da aprendizagem é a proposta de Luciana Hubner, consultora pedagógica da Abramundo Educação em Ciências, em São Paulo. Para conduzir essa reflexão, ela sugere estudos de caso como o trabalho desenvolvido por Felipe Bandoni de Oliveira, vencedor do Prêmio Educador Nota 10 em 2012, e atividades de planejamento e replanejamento voltadas às turmas em que os docentes atuam.

Objetivo geral
Formar professores do 1º ao 5º ano para ensinar os conteúdos de Ciências, despertando nos alunos o desejo de conhecer e compreender a disciplina.

Objetivos específicos deste módulo

  • Compreender que a investigação é uma etapa central na construção do conhecimento científico e indispensável para aprender Ciências.
  • Analisar e estruturar possibilidades de trabalho que permitam aos alunos conhecer dados e características dos corpos e estruturas do Universo e alguns instrumentos utilizados no estudo de astronomia.
  • Elaborar novas situações para ser desenvolvidas em uma sequência didática com vistas ao aprofundamento da compreensão dos conceitos relacionados ao eixo temático em questão.

Conteúdos 

  • Elaboração de sequência didática e atividades para o trabalho sobre os conteúdos vinculados ao eixo Sistema Sol e Terra.

Tempo estimado
Dois meses e meio, com reuniões quinzenais.

Materiais necessários
Cópias dos textos citados ao longo do projeto de formação, computador e projetor

Desenvolvimento

1ª reunião: Reflexão sobre os conhecimentos prévios

1 Inicie a reunião lendo o texto abaixo, da norte-americana Vera C. Rubin, extraído do livro Algumas Razões para Ser um Cientista.

"Quando era uma adolescente em Washington, eu tinha minha cama abaixo de uma janela virada para o norte. Eu achava mais interessante observar o céu do que dormir. Eu esperava as estrelas se moverem em arcos ao redor da estrela do norte; eu via um meteoro ocasional. O mistério e a magnificência do céu noturno cativaram-me, e eu não poderia me imaginar vivendo sobre a Terra sem tentar entender o que eu estava vendo. Eu sabia que havia continentes e oceanos e que um mapa da Terra se parece com eles. Eu agora queria aprender sobre galáxias e estrelas e planetas, e como seria um mapa do nosso canto do Universo..."

Pergunte aos professores quem, assim como a cientista, quando era mais jovem, tinha admiração pelo céu, pelo Universo e pelos movimentos e pelas transformações dos corpos celestes. Em seguida, exiba o vídeo do contador de causos compadre Timóteo.
Incentive todos a contar histórias que conheçam sobre esse satélite e falar sobre as crenças, os medos e os encantamentos despertados por ele. Questione, também, quem já trabalhou esse tema e de que maneira.

2 Lembre o grupo que, possivelmente, tudo o que sabemos acerca do Universo foi aprendido há 400 anos, desde que Galileu Galilei (1564-1642) usou seu novo telescópio para ver que a Via Láctea consiste de inúmeras estrelas agrupadas em aglomerados. Desde então, muitas descobertas e mistérios foram desvelados. Nos anos 1960, buracos negros ainda eram uma ideia dos livros de ficção e as primeiras pistas firmes de que o Universo começou com um big bang foram obtidas. Nessa época, muitos duvidaram que o homem realmente fosse capaz de chegar à Lua. E ele conseguiu. Hoje, entendemos muito mais sobre como a Terra se formou e sobre seu lugar no cosmos. Apesar desses temas estarem há muito tempo presentes em documentos e orientações curriculares, costumam ser considerados abstratos, complexos, difíceis e distantes pelos educadores.

3 Para mudar a percepção sobre o ensino desse assunto, promova uma análise da proposta desenvolvida pelo professor Felipe Bandoni de Oliveira, vencedor do Prêmio Educador Nota 10 em 2012 com um projeto desenvolvido na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Distribua cópias da reportagem sobre o trabalho dele e a sequência realizada. Peça que todos leiam e indiquem que aspectos chamaram a atenção em relação ao encaminhamento do docente e ao tratamento da informação.

4 Sistematize os comentários em um quadro, com três colunas. Na primeira, anote os aspectos relacionados ao tratamento da informação e ao lado os que se referem à metodologia utilizada pelo educador. Na última coluna, aponte com a ajuda do grupo o que as aulas permitiram que os estudantes aprendessem.

5 Finalize destacando a riqueza do projeto e comente que a prática dele tem como destaque o respeito às ideias dos alunos e as diferentes naturezas do conhecimento científico. Informe que voltarão a conversar sobre a sequência na reunião seguinte.

2ª reunião: Estudo de caso

1 Retome as boas situações de aprendizagem elencadas no encontro anterior. Informe que, em grupos, todos irão analisar novamente a sequência desenvolvida pelo professor e que agora deverão discutir os seguintes aspectos:

  • Qual a relevância desse trabalho para os alunos?
  • Que expectativas de aprendizagem o educador possuía? Que situações favoreceram que ele as alcançasse?
  • A sequência de aulas ocorreu de maneira compatível com os objetivos e conteúdos?
  • Se você fosse realizar esse projeto com sua turma, que adequações realizaria?

2 Peça que os educadores socializem as três primeiras questões. Colabore com a discussão apontando os aspectos importantes desse trabalho. Caso ninguém comente, ressalte que o projeto é um bom exemplo de como deve ser conduzida a ciência escolar, apontando aspectos como:

  • Valorização dos conhecimentos que os alunos tinham, sem minimizar a importância deles tanto para o ensino como para a aprendizagem.
  • Apresentação de perguntas e problemas que atuaram como mobilizadores e mola propulsora para a busca de conhecimentos.
  • Organização e mediação de situações de troca, discussão e sistematização dos conhecimentos construídos criando nexos de ligação entre as atividades propostas.
  • Definição de objetivos para cada atividade, selecionando situações, materiais e intervenções que colaborassem com a sequência.
  • Realização de situações que permitiram aos estudantes compreender que, assim como os conceitos, os procedimentos são importantes para a investigação e a construção de conhecimentos científicos.
  • Construção de uma visão de Ciências não só como um conhecimento presente na escola ou nos centros de pesquisa mas também como um saber que ajuda a entender e atuar de outra maneira com as informações presentes em suas vidas e a olhar e posicionar-se no mundo de forma consciente e mais crítica.
  • Desmitificação da visão da ciência como área difícil, compreensível somente para poucos, elitizados e intelectualmente privilegiados.

3 Socialize as respostas para a quarta questão. Durante a apresentação de cada grupo, incentive os demais a contribuir com ideias e sugestões baseadas na lista de qualidades descritas no item anterior.

3ª reunião: Planejamento de sequência sobre o satélite

1 Pergunte o que é a virada da Lua. Após uma breve conversa sobre a questão apresentada, exiba o vídeo Os Movimentos e as Fases da Lua. Explique que esse material ilustra os movimentos de rotação, revolução e translação do satélite natural da Terra.

2 Apresente um calendário lunar (você pode buscar um atualizado na internet). Pergunte se já conheciam esse tipo de calendário e que uso imaginam que ele tem. Explique que pela facilidade de relacionar os ciclos lunares com as estações do ano (a cada três ciclos uma nova estação), as evoluções da Lua em torno da Terra foram a primeira maneira de contar o tempo de um ano. Porém, essa é uma forma pouco precisa já que o satélite leva cerca de 28 dias para dar a volta no planeta.
Dessa maneira, segundo esse calendário, um ano teria apenas 354 dias, ou seja, 11 dias e 6 horas a menos do que a Terra leva para dar a volta no Sol. Percebendo essa diferença, as antigas civilizações acrescentavam alguns dias no final do ano ou a cada 33 anos, como fizeram os muçulmanos.

3 Projete uma imagem da Lua e lembre todos sobre o trecho do projeto do professor Felipe Bandoni de Oliveira em que os alunos compartilharam suas percepções sobre o que seriam as manchas do satélite. Alguns achavam que viam São Jorge e o docente mostrou que a diferença entre o que se vê não está no céu, e sim nos olhos daqueles que o veem, e que as manchas são causadas pelo relevo.

4 Solicite que, em grupos divididos pela série em que atuam, os professores elaborem um plano de trabalho, com no mínimo cinco atividades, que permita aos estudantes compreender que vemos a Lua com aspectos diferentes no decorrer de um mês, por apresentar períodos de rotação e translação, que ela permanece com a mesma face voltada para a Terra e ela nasce e se põe em horários diferentes de acordo com a fase em que está. Distribua a reportagem Como Explicar os Movimentos da Lua para que ela seja usada como apoio para essa reflexão. Explique que deverão apresentar o resultado na reunião seguinte.

4ª reunião: Análise sobre os Direitos de Aprendizagem

1 Compartilhe com o grupo o trecho abaixo, extraído da página 112 do documento Direitos de Aprendizagem, do Ministério da Educação (MEC).

2.4 Eixo Sistema Sol e Terra 
O eixo Sistema Sol e Terra é importante na medida em que permite compreender o lugar onde estamos e como nos deslocamos na Terra como um corpo cósmico. Essa compreensão passa necessariamente por uma mediação da escola. Compõe uma discussão que se estenderá até o final do Ensino Fundamental quando já será ampliada para a abordagem do Universo de modo mais geral. Além disso, as crianças vivenciam, no dia a dia, fenômenos relacionados com o movimento dos astros o que lhes causa muita curiosidade.

2 Peça que argumentem se o trabalho realizado pelo professor Felipe Bandoni de Oliveira está de acordo com as informações apresentadas no documento.

3 Projete os objetivos de aprendizagem incluídos na mesma publicação:

Eixo Sistema Sol e Terra
Objetivos de aprendizagem
1º ano
 
2º ano
 
3º ano
 
Observar elementos constituintes do céu durante a noite e durante o dia
I
A
C
Reconhecer o Sol como fonte de luz natural
I
A/C
 
Identificar sombra como ausência de luz
 I
A
A
Relacionar a formação da sombra com a posição de uma fonte de luz
 I
A
C
Relacionar a existência da sombra com a existência de um objeto
I
A
C
Perceber a tridimensionalidade da sombra
I
A
A
Compreender a rotação da Terra e a sucessão de dias e noites
I
A
C
Constatar a presença de eventos repetidos na natureza (dia, noite, variações de temperatura ao longo de um dia ou durante todo o ano)
I
A
C
Relacionar o dia e a noite com os hábitos de vida
I
A
C

Legendas I - Introduzir; A - Aprofundar; C - Consolidar.

4 Solicite que o grupo aponte quais itens da tabela aparecem na sequência que eles elaboraram.

5 Explique que nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) o eixo temático Terra e Universo está contemplado a partir do terceiro ciclo, ainda que se entenda que ele poderia estar presente nos dois primeiros.

6 Organize a apresentação das sequências elaboradas pelos grupos. Oriente os participantes para anotar os aspectos que consideram interessantes no trabalho dos colegas do ponto de vista da aprendizagem desse tema.

5ª reunião: Revisão de plano de aula

1 Leia o texto No Tempo das Crianças, publicado por Marcelo Gleiser no jornal Folha de S. Paulo.
Conte aos docentes que Gleiser é físico, professor de Filosofia Natural, Física e Astronomia no Dartmouth College, nos Estados Unidos, e autor de livros. Por ter tido um quadro no programa Fantástico, da Rede Globo, é possível que ele já seja conhecido do grupo. Faça a leitura em voz alta do texto de abertura de O Livro do Cientista, desse mesmo autor, e entregue a todos a entrevista realizada por NOVA ESCOLA com ele.

2 Distribua cópias da reportagem De Onde Veio a Lua e o plano de aula A origem da Lua.

3 Peça que, em grupo, tendo como base e inspiração as leituras realizadas até aqui, os educadores analisem e adequem o plano de aula A origem da Lua para a turma que trabalham.
Eles deverão complementar com outras atividades e estratégias que ofereçam um estudo ainda mais amplo. Destaque que estudar corpos celestes com base apenas em um ponto de vista heliocêntrico, explicando os movimentos de rotação e translação, é ignorar o que os alunos sempre observaram.
Lembre-os que uma forma efetiva de desenvolver as ideias dos estudantes é proporcionar observações sistemáticas, fomentando a explicitação das ideias intuitivas, solicitando explicações com a observação direta do Sol, da Lua, das estrelas e dos planetas. Ressalte, ainda, que o estudo deve favorecer a construção do conceito de tempo cíclico de dia, mês e ano, enquanto aprendem a se situar na Terra, no Sistema Solar e no Universo.

4 Para finalizar, faça uma leitura coletiva de cada proposta elaborada e resgate a conexão delas com os principais pontos abordados nesse módulo, buscando semelhanças com o estudo de caso do professor Felipe Bandoni de Oliveira e com as demais sequências analisadas.