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Escolas que venceram a violência

Conheça as estratégias de duas escolas do Rio de Janeiro que enfrentaram a ameaça do entorno violento com práticas de gestão produtivas

POR:
GESTÃO ESCOLAR

A Escola Municipal Santo Tomás de Aquino, fica no Leme, perto dos Morros Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona sul do Rio de Janeiro. Mesmo com todos os ingredientes para engrossar as estatísticas negativas de desempenho escolar - os 760 alunos estão sempre em alerta com a guerra do tráfico de drogas que se desenrola na vizinhança - a Santo Tomás de Aquino se sobressai no Ideb. O colégio obteve o índice de 4,5 para os anos iniciais e 4,1 para anos finais - no Rio de Janeiro, as médias são de 3,8 e 3,05 respectivamente. "Ações violentas sempre ocorrem por aqui, mas não na escola", afirma o diretor Jorge Ferrari.

Ele conseguiu formar uma equipe que trabalha unida e uma relação de parceria com a comunidade e os agentes sociais que atuam no entorno. "Todos aqui têm o mesmo objetivo: dedicação total ao ensino e à aprendizagem, contando para isso com a participação da comunidade e com o apoio das associações de moradores, o que nos permite trabalhar em segurança", explica o diretor. "Fazemos reuniões frequentes com os pais. Se o aluno apresenta uma mudança de comportamento, chamamos os responsáveis na escola para conversar e, se não vierem, vamos até a casa dele", completa.

O relacionamento com organizações não governamentais é intenso. Com o Instituto Compartilhar são desenvolvidas atividades esportivas que promovem a integração entre pais e filhos e no qual estão matriculados cerca de 200 dos alunos. "Há também o Projeto Estudante, desenvolvido por um clube na entrada do morro, que oferece balé e futebol de salão e 90% dos participantes são da nossa escola", completa. O Centro de Estudo de Pessoal do Exército integra a cadeia de colaboradores e disponibiliza a quadra poliesportiva para que os jovens da Tomás de Aquino façam Educação Física. E o Movimento Psicólogos Sem Fronteiras realiza estudos psicossociais com pais e estudantes da região. Segundo o diretor, essa cadeia de organizações oferece atividades culturais e esportivas à comunidade e é crucial para garantir a tranquilidade necessária ao aprendizado e ainda para aproximar as famílias da escola.

Interesse na aprendizagem

Localizada no Morro do Timbau, na favela da Maré, a EM IV Centenário, oferece Ensino Fundamental (da pré-escola ao 5º ano) para cerca de 400 alunos. O colégio obteve uma melhora significativa no Ideb - passando de 4,6 em 2005 para 5,2 em 2007. "Temos violência no entorno, mas quando a criança chega para estudar, procuramos entender a realidade dela. Transmitimos tranquilidade e eles se sentem seguros dentro da escola", explica a diretora Rita de Cássia Magnino. A maior preocupação é manter o interesse dos alunos na aprendizagem. Para isso, uma das medidas tomadas pelos gestores é valorizar a produção das turmas. Uma das estratégias é a instalação de um grande mural no pátio, onde são expostos o material preparado pelos estudantes ao final de cada projeto didático.

De acordo com a gestora, outro ponto forte é a manutenção da equipe de funcionários. O vínculo com os docentes foi construído com base na seriedade da filosofia de trabalho e na elaboração de pactos para o bom andamento da escola. "Aqui, a rotatividade de professores é baixa: temos 12 docentes, nove com turno único e três com dupla jornada", explica a diretora. O grupo está junto há quase uma década. O segredo da união, segundo ela, é a gestão democrática: "Acreditamos que juntos temos uma chance maior de percorrer caminhos. Todos os anos, nos reunimos para elaborar um plano de trabalho no qual estabelecemos metas e, a cada 15 dias, fazemos reuniões para discutir nosso desempenho e ver o que precisamos modificar. Nosso projeto político pedagógico é ensino de qualidade".

Segundo Rita de Cássia, a direção também tem de cuidar para oferecer os meios necessários para os docentes realizarem os projetos. "Procuramos atender todos os pedidos de material e de organização de passeios culturais planejados junto com a coordenação pedagógica e os professores", explica. A diretora conta que o modelo de gestão ficou famoso entre docentes de outros colégios, que sempre procuram o local para trabalhar. O estilo criado por Rita de Cássia para dirigir o colégio ainda compreende o Conselho Escola-Comunidade, grupo formado por membros da sociedade e que discutem o uso da verba pública. "Uma vez por mês, nos reunimos com representantes dos professores, dos funcionários, dos alunos, da associação de moradores e dos pais. Essa equipe informa onde estão as necessidades da escola e ajuda a gerenciar os recursos", completa. "O bom desempenho da escola, não depende da a área onde ela está situada, mas, sim, do compromisso da equipe com a Educação", conclui a gestora.

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