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O sucesso da colaboração entre coordenador e professor

Parcerias na escola que valem nota 10

POR:
Ana Rita Martins, GESTÃO ESCOLAR, Rodrigo Ratier, Thais Gurgel

Ao lado de uma professora vitoriosa, uma coordenadora presente, competente e parceira. Os vencedores do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 deste ano, promovido pela Fundação Victor Civita (que edita NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR), compartilham essa ideia e afirmam que a orientação de um profissional capaz de apontar maneiras para ensinar melhor é fundamental na realização de um bom trabalho com os alunos.

Nesta reportagem, você vai conhecer o trabalho de três professoras Nota 10 que trabalharam lado a lado com suas coordenadoras pedagógicas (em algumas redes chamadas de orientadoras ou supervisoras). A experiência delas mostra que essa troca ocorre todo o ano nos encontros de formação e no acompanhamento da prática em sala de aula. E que, para obter um bom resultado, não é preciso conhecer as especificidades de todas as áreas do conhecimento.

Zélia Janning, por exemplo, é supervisora pedagógica da EM Professora Karin Barkemeyer, em Joinville, a 180 quilômetros de Florianópolis. A especialidade dela é Alfabetização, mas isso não a impediu de ajudar a professora Andréia Betina Legatzky Klitzke, do 5º ano, a implementar um projeto de Matemática sobre ângulos. "Dei aulas durante 12 anos e sentia falta de uma orientação para planejar as aulas e avaliar os alunos. Por isso, procuro ser essa pessoa para toda a equipe docente", conta Zélia. Da mesma forma, a gerente pedagógica Helen Costa Batista, da Escola Crescimento, em São Luís, tem formação em História e orientou Maria das Dores de Macedo Coutinho Raposo a encontrar as estratégias eficientes para o trabalho de produção de textos sobre contos de terror. E a supervisora pedagógica Fabiana Cristina Melo da EMEF São João Batista, em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, usou sua formação em Pedagogia para dar suporte aos alunos de 5ª e 6ª série da professora de Arte Áudrea da Costa Martins em sua vitoriosa sequência didática sobre apreciação, recriação e composição de músicas contemporâneas. Confira, a seguir, o que dizem as professoras sobre essa parceria nota 10 com a coordenação pedagógica.

Conhecimento didático

Foto: Ebner Gonçalves
Andréia Klitzke (à esq.), professora e Zélia Janning, supervisora pedagógica. Foto: Ebner Gonçalves

"Comecei a lecionar 15 anos depois de me formar no Magistério e esse tempo fora das salas de aula me deixou insegura no início da carreira. Por isso, o apoio da supervisora pedagógica foi essencial. Embora a Zélia seja especialista em Alfabetização, ela planeja os encontros de formação de forma que os polivalentes consigam refletir sobre como ensinar todas as disciplinas. A gente percebe que ela estuda os conteúdos, investiga as didáticas e nos traz casos de sucesso realizados em outras escolas. A conquista do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 começou com o empenho da Zélia para que eu fizesse um curso de capacitação em Geometria, oferecido pela prefeitura de Joinville - uma prova da preocupação dela com a formação da equipe. Depois, ela acolheu uma observação que fiz sobre a forma como o conceito de ângulo era ensinado no 4º ano, fazendo com que a turma aprendesse a medi-los sem estabelecer uma relação com o que já conhecia sobre o tema, o que é essencial em qualquer aprendizado. A Zélia concordou e, juntas, passamos a dar outro tratamento ao assunto, o que contribuiu muito para que eu pudesse obter bons resultados este ano com a turma. Durante o planejamento, ela trouxe muitas referências teóricas sobre a maneira como as crianças constroem o conceito de ângulo e a melhor forma de ensinar. O conhecimento dela sobre a inclusão foi decisivo para que eu conseguisse flexibilizar os conteúdos e a avaliação para dois alunos com deficiência intelectual. Ainda hoje conversamos sobre a didática, mas sinto que agora a Zélia está mais próxima das professoras iniciantes, que necessitam de mais ajuda. Como eu precisei no começo." 

Andréia Betina Legatzky Klitzke é professora de Matemática na EM Professora Karin Barkemeyer, em Joinville, SC.

Análise da prática

Foto: Meireles Junior
Maria Raposo (à esq.), professora e Helen Costa Batista, gerente pedagógica. Foto: Meireles Junior

"Sou professora de produção de textos de 5ª a 8ª série. No planejamento, escolhi o gênero contos de terror para trabalhar com a 6ª série, trabalho pelo qual fui premiada como Educadora Nota 10. Durante toda a implantação do projeto, a Helen analisou cada uma das etapas previstas inicialmente. Mas foi na análise da minha prática em sala de aula que a contribuição fez a diferença. Ela perguntou se eu permitiria que minhas aulas fossem gravadas para uma atividade que chamamos de tematização da prática, ou seja, refletir sobre a própria atuação com base no que de fato ocorre dentro da classe. Concordei. Nos nossos encontros mensais individuais, assistíamos aos vídeos e a Helen pontuava como melhorar o encaminhamento das tarefas, a troca de informações com a turma e a sistematização do aprendizado. No princípio, eu estava mais focada na produção final dos alunos. Numa dessas reuniões, ela me alertou que os textos ficariam melhores se eu trabalhasse também os conteúdos de ortografia e ajudasse os meninos a refletir sobre as características do gênero em questão. Outro ajuste sugerido foi em relação à bibliografia. No início, eu pedia que os alunos trouxessem de casa os contos que usaríamos na escola, mas percebemos como o trabalho ficava limitado. Buscamos, então, textos de qualidade reconhecida e os incorporamos às pautas de leitura. O trabalho em parceria com a Helen foi importante para que o projeto ficasse redondinho, os alunos aprendessem mais e eu conquistasse o prêmio."

Maria das Dores de Macedo Coutinho Raposo é professora de Língua Portuguesa na Escola Crescimento, em São Luís, MA.

Apoio a especialistas

Foto: Tamires Kopp
Áudrea Martins (à esq.), professora e Fabiana Cristina Melo, supervisora pedagógica. Foto: Tamires Kopp

"A Fabiana sempre disse que não entendia de Música. Mesmo assim, o apoio dela foi (e continua sendo) essencial. Nas reuniões de formação, ela sempre propõe um trabalho de dupla conceitualização, ou seja, fazer com que nós, professores, tenhamos dois aprendizados: sobre o objeto de ensino e sobre as condições didáticas necessárias para que os alunos se apropriem do conteúdo. Num desses encontros, Fabiana nos fez conhecer um conteúdo de Arte chamado releitura, que consiste em observar pinturas famosas, estudar sobre o autor e o contexto de criação e produzir um trabalho próprio. Assim, descobri o assunto e a maneira de ensiná-lo para 5ª e 6ª séries. Essa experiência me inspirou a propor aos alunos o que chamei de releitura musical - tema do projeto vencedor o Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Os alunos tinham de compor uma música aleatória - um conceito musical no qual não há uma sequência predefinida de sons. Como ninguém escuta e inventa música sem fazer barulho, os grupos precisavam trabalhar separadamente para um não atrapalhar o outro. Fabiana reorganizou os espaços da escola para que os estudantes pudessem se espalhar pelo prédio. Por conhecer muito bem a comunidade, ela me alertou sobre alguns aspectos que estavam interferindo na aprendizagem: a música contemporânea é distante da realidade local e muitos jovens não tinham como realizar pesquisas em casa por falta de acesso à internet e material de pesquisa. Para resolver a questão, disponibilizamos na escola tudo o que era necessário para que eles fizessem a consulta no contraturno. Essa orientação me ajudou a perceber como cada estudante evoluiu na aprendizagem e no relacionamento com a escola. A Fabiana é mesmo uma parceira nota 10!"

Áudrea da Costa Martins é professora de Arte na EMEF São João Batista, em São Leopoldo, RS.

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CONTATOS
EMEF São João Batista, R. Aurélio Reis, s/nº, 93001-970, São Leopoldo, RS, tel. (51) 3589-4467
EM Professora Karin Barkemeyer, R. Marcio Luckow, 320, 89237-370, Joinville, SC, tel. (47) 3439-5267
Escola Crescimento, R. Mitra, 21, 65075-770, São Luís, MA, tel. (98) 2109-5000

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