Funcionários dos serviços de apoio
Os responsáveis pelas atividades que dão suporte ao ensino precisam estar integrados ao projeto político pedagógico
POR: Daniela AlmeidaA escola, como qualquer instituição, funciona como um organismo: para que tudo ande perfeitamente e os objetivos sejam atingidos, cada parte precisa executar bem as respectivas funções. Os professores são os responsáveis pelo ensino dos conteúdos curriculares, mas os demais funcionários também participam do processo educacional, dando o suporte necessário para que a aprendizagem aconteça. São diversos os servidores que exercem as funções de apoio ao pedagógico: o pessoal da limpeza, as merendeiras, os secretários, os bibliotecários, os vigias. Alguns atuam sozinhos em sua área e outros em equipe.
Será que eles conhecem a importância do que fazem para o bom desempenho da escola? Sabem que também são educadores? "Uma das funções dos gestores é fazer com que os diversos profissionais se sintam integrados aos objetivos da escola e responsáveis pelas metas", afirma Luciano Venelli, coordenador do curso de Graduação Tecnológica em Gestão de Recursos Humanos da Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
A seguir, cinco pontos importantes para você refletir e fazer uma boa gestão do pessoal de apoio.
1. Educação como função de todos
Nem sempre os funcionários que não estão diretamente ligados à docência ou às atividades de suporte ao pedagógico - como os gestores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais - têm esta noção, mas, em uma escola, todos são educadores. "Educação é um conjunto. Ensinamos aos alunos os conteúdos curriculares e também os atitudinais, passando valores e maneiras de se relacionar com as pessoas que certamente servirão de exemplo para os estudantes", afirma Sonia Balzano, diretora do Departamento Pedagógico da Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul. Mostrar que a sala de aula limpa facilita a tarefa dos professores e deixa os alunos confortáveis para aprender, por exemplo, aproxima a equipe da limpeza dos resultados da escola. Transmitir essa consciência para todos é uma das maneiras de formar uma equipe coesa e que atua para um mesmo objetivo educacional, em cada atividade que exerce, seja ela qual for.
2. Integração ao projeto pedagógico
Para que todos os funcionários se sintam parte da escola, é preciso integrá-los ao projeto político pedagógico. Somente conhecendo os objetivos educacionais é que eles agirão no dia a dia de acordo com os valores estabelecidos. Convoque toda a equipe para participar das reuniões que tratam desse documento. Na EE Nova Bréscia, em Nova Bréscia, a 175 quilômetros de Porto Alegre, o projeto pedagógico, depois de discutido, é transposto para cartazes que ficam nos corredores. Importante também é divulgar os projetos didáticos. Nas escolas estaduais do Paraná, o contato com o que ocorre em sala de aula se dá nas semanas pedagógicas semestrais, em que a participação de 100% dos funcionários é certa.
3. Opiniões bem-vindas
Quando houver problemas de qualquer natureza para resolver, todos podem ser convidados a refletir e encontrar soluções. "Vivências diferentes contribuem para a elaboração de uma saída mais criativa", afirma Luciano Venelli. Peça sugestões para as pessoas envolvidas diretamente com as questões. Problemas na entrada e na saída dos estudantes? Os vigias podem ter um bom palpite para dar. Vai fazer uma festa ou um torneio esportivo? É preciso escutar o que o pessoal da limpeza e da cantina e os porteiros têm a dizer sobre a organização. Depois do evento, um bom procedimento é reunir todos que participaram para analisar os resultados. Na opinião deles, o que funcionou? O que precisa ser aprimorado? Essas são algumas maneiras de mostrar que, além de estar atento aos resultados, você tem consideração e respeito profissional pela equipe. Muitos diretores costumam fazer uma reunião festiva em dezembro para fechar os trabalhos do ano letivo. Esse pode ser mais um momento de reconhecimento: compartilhe os resultados da escola e aproveite para agradecer a contribuição de todos pelos objetivos alcançados.
4. Autonomia na atuação
Quando se trabalha em uma equipe que tem como foco os resultados de aprendizagem, é importante fazer com que cada grupo e indivíduo se sinta responsável pelos resultados do trabalho e pelo alcance das metas estabelecidas. Primeiro, é preciso ter os objetivos bem definidos pelo coletivo da escola para ter certeza de que os interesses sociais e educacionais sejam compatíveis com os pessoais. Com a certeza de que todos estão cientes dos rumos a seguir, as equipes podem ter autonomia para decidir a melhor forma de atuar. As merendeiras se organizam para dividir as tarefas do refeitório e da cozinha. Já os faxineiros decidem como setorizar os vários espaços da escola para que cada um cuide de uma parte e as instalações estejam sempre prontas para receber alunos e professores. O tempo também pode ser administrado por eles de acordo com as tarefas a cumprir. Como gestor, é seu papel criar um espaço de diálogo permanente - em que as dificuldades sejam apontadas conforme elas aparecem e possam ser discutidas abertamente. Lembre-se de que, como o foco está nos resultados, os processos podem ser debatidos e mudados de acordo com as necessidades e, para isso, nada melhor do que a experiência de quem está com a mão na massa.
5. Formação permanente
A escola deve ser um espaço de aprendizagem constante não só para os alunos mas também para os professores e os funcionários. Geralmente se fala em formação docente e se esquece de que os outros profissionais também precisam de informações e de troca de experiências para melhor exercer as funções, sempre visando a melhoria do serviço segundo a dimensão educativa do trabalho. "Antigamente, os gestores se preocupavam em dizer aos funcionários como eles tinham de executar as tarefas. Hoje, sabe-se que cada um pode aprender a organizar a própria rotina da maneira que for melhor e mais eficiente para chegar aos resultados pretendidos. Para isso, é preciso procurar saber sempre mais sobre o que se faz. Com esse conhecimento e com a experiência prática, é possível rever os procedimentos caso alguma coisa não ande bem", afirma Amaury Meller Filho, coordenador da pós-graduação em gestão educacional do Instituto Paranaense de Ensino, em Curitiba. Promova periodicamente cursos, palestras e reuniões para as merendeiras (alimentação saudável, por exemplo), para os vigias (normas de segurança) e para os demais servidores.
Reportagem sugerida por Rosimara Negri, Mococa, SP
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Amaury Meller Filho
EE Nova Bréscia, R. Padre João Mourelli, 55, 95950-000, Nova Bréscia, RS, tel. (51) 3757-1071
Luciano Venelli
Sonia Balzano
BIBLIOGRAFIA
As Pessoas na Organização, Maria Tereza Leme Fleury, 312 págs., Ed. Gente, tel. (11) 3670-2500, 99 reais
Gestão Educacional: Uma Nova Visão, Sonia Simões Colombo, 262 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 48 reais