Prova Brasil: sua escola está preparada?

Foto: Fábio Dias

De 19 a 30 de outubro de 2009, os estudantes de 5º e 9º anos das escolas públicas de todo o país participarão da Prova Brasil. Será a terceira edição do exame, criado em 2005 pelo Ministério da Educação (MEC), que a cada dois anos mede o desempenho em Língua Portuguesa e Matemática dos estudantes de Ensino Fundamental. Além de permitir que os gestores escolares saibam como está a aprendizagem nessas duas disciplinas, a nota da prova é um dos números que integram o cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Cada escola, município e estado tem o seu. E o país também. O índice é o principal indicador para as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), principal política pública do governo federal para a Educação. A meta do PDE é que em 2022 o Brasil alcance a nota 6 (em uma escala de 0 a 10) para os anos iniciais do Ensino Fundamental (atualmente é 4,2) e de 5,5 para os anos finais (hoje é 3,8) - o equivalente ao desempenho dos sistemas educacionais dos países desenvolvidos.

Diretores de escola e secretários de Educação são responsáveis diretos para que o Ideb melhore a cada medição (os municípios, inclusive, têm metas a cumprir). Para alcançar esse objetivo, é preciso melhorar a aprendizagem dos alunos e um dos caminhos mais eficazes é capacitar os professores por meio da formação continuada. Nesse sentido, coordenadores pedagógicos precisam estudar a fundo a avaliação e elaborar programas de formação que permitam aos docentes desenvolver as competências exigidas das turmas. Em Língua Portuguesa, a habilidade cobrada é apenas de leitura. Entre outras capacidades, os professores precisam saber selecionar bons textos e estimular a autonomia leitora das crianças. Já em Matemática, são quatro blocos de conteúdo: Espaço e Forma, Números e Operações, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. O que se espera dos docentes é que ensinem os conhecimentos espaciais e as figuras geométricas, além dos procedimentos de cálculo mental e de leitura de tabelas. A análise das questões e competências exigidas pelo exame é o tema de reportagens nas duas edições mais recentes de NOVA ESCOLA. Em maio, a avaliação de Língua Portuguesa foi a capa da revista. E agora, em junho, foi analisado o teste de Matemática.

Nota e descritores
Para ajudar a melhorar as notas e a qualidade do ensino, os diretores podem atuar estruturando espaços de leitura e bibliotecas que permitam que os alunos façam empréstimos de livros e oferecendo um bom acervo de materiais, como calculadoras, fitas métricas e jogos. Também é papel do dirigente organizar e comunicar os resultados da Prova Brasil para a equipe pedagógica e fazer com que eles sirvam para mudanças na prática de sala de aula.

Nas reportagens de NOVA ESCOLA, você encontra questões semelhantes às que os alunos respondem (divulgadas pela primeira vez no país). "A Prova Brasil cobra capacidades que são apresentadas por meio de descritores que explicitam o que os estudantes precisam dominar" explica Gisele Gama, da Abaquar Consultores.

É preciso ressaltar que esses descritores não são conteúdos de ensino. Exemplo: "Identificar a finalidade de textos de gêneros diferentes" é um deles. Na prática, isso significa que não adianta treinar os alunos para resolver as questões porque, se eles não desenvolverem comportamentos leitores - o que inclui o domínio dos diferentes gêneros e a capacidade de interpretação e inferência de informações -, não conseguirão se sair bem no exame. O mesmo vale para os conteúdos de Matemática.

Por meio de uma fórmula matemática, o resultado obtido pelos alunos de uma escola na Prova Brasil é combinado com o índice de aprovação e a taxa de evasão, medidos pelo Censo Escolar. Essa é a base de cálculo do Ideb. A ideia por trás desse conceito é amarrar a aprendizagem ao fluxo: se as redes de ensino retiverem seus estudantes para garantir um melhor desempenho, a nota cai. Já se eles forem aprovados de forma indiscriminada, dificilmente terão bom desempenho e a nota ruim no teste indicará isso.