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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Hora de montar uma assembleia escolar: o que fazer?

POR:
Flávia Vivaldi

Alunos da EMEF Francisco Cardona durante assembleia na sala aula, procedimento implantado pela diretora Débora Sacilotto. Blog Aluno em Foco. Orientação Educacional. Crédito: Raoni Maddalena

Cansado de conflitos em sala? Sofrendo com as brigas entre alunos? Esgotado com o desrespeito das turmas? SEUS PROBLEMAS ACABARAM! Faça uma assembleia, um espaço dialógico e de debate em que alunos e professores vão chegar a um acordo para a boa convivência e viver felizes para sempre!

Claro que é uma brincadeira, mas este anúncio, no melhor estilo “Organizações Tabajara”, lembra a forma como muitas vezes a assembleia é apresentada a nós, educadores. A quem não vivencia o cotidiano escolar, parece quase uma solução mágica: basta organizar os encontros, bater palmas duas vezes… e pronto: brigas e desentendimentos estão resolvidos…

A gente sabe que não é bem assim. Vamos por partes. Acreditamos, sim, que as assembleias de classe são uma boa estratégia para promover o aprendizado da convivência, da argumentação e o exercício da democracia. Ela pode garantir que os alunos tenham um espaço reservado para exercitar a argumentação e participar ativamente na solução dos problemas da escola. Afinal, isso também é função da instituição: a escola é um dos primeiros grupos sociais de que as crianças participam. Por isso, é importante que aprendam nela algumas habilidades de convívio, como respeitar o espaço coletivo e considerar a vontade da maioria.

Mas… como funciona uma assembleia?

Fazer isso funcionar na prática é outra coisa. Já adiantamos: é possível – mas exige trabalho duro e organização. Nesse texto, a gente quer compartilhar alguns aspectos que aprendemos ao longo de nossas experiências – ricas e variadas, nem sempre plenamente bem sucedidas – com as assembleias:

1-      As reuniões precisam acontecer com uma periodicidade fixa (se possível, semanalmente) e em todos os segmentos, dos anos iniciais do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Cada classe ou série pode ter sua própria assembleia.

2-      A eleição das pautas pode ocorrer de diversas maneiras. Uma possibilidade é afixar dois cartazes em um mural ou uma parede, para que os alunos escrevam ali tanto os assuntos que desejam discutir e que possam deliberar sobre eles (“quem não levanta a mão para falar” e “quem não deixa os colegas participarem da brincadeira”, por exemplo)  quanto as felicitações (“gosto de quem convida os amigos para brincar”  e “gostei da brincadeira da meleca”). Os cartazes podem ser a base das reuniões.

3-      Durante os encontros, um professor-mediador conduz o debate sobre os temas eleitos pelos próprios estudantes e que se relacionem ao cotidiano da sala e da escola.

Tudo pronto? Ainda não.

É preciso cuidar para que o encontro seja produtivo. O bom andamento de uma assembleia depende do conhecimento dos alunos sobre suas regras de funcionamento. Por isso, antes de implantar a cultura de reuniões, peça às crianças que entrevistem adultos sobre a função das assembleias: Em que momentos elas costumam ser utilizadas?  Há normas para sua organização? Essas opiniões são um bom ponto de partida para uma discussão em sala, com o objetivo de estabelecer uma série de combinados. Com a sua ajuda, é importante que a turma chegue a algumas das conclusões abaixo:

1-      Todos os alunos devem ajudar na organização da sala antes de iniciar a reunião, dispondo as carteiras em um círculo ou semicírculo, para que todos possam se ver.

2-      Deve-se respeitar a ordem de fala e ouvir atentamente os colegas.

3-      Não citar nomes de colegas, apenas as situações a serem discutidas. Em vez de dizer: “Ontem João deixou minha mesa suja”, deve-se dizer “Gostaria de discutir sobre as pessoas que não limpam a mesa depois de usá-la.”

4-      Sempre que alguém quiser falar, será necessário levantar a mão. Um aluno da classe sempre escreverá na lousa os nomes de quem aguarda sua vez.

5-      Um representante precisa registrar as decisões em um documento chamado de ata.
No início, o professor deve ter um papel mais atuante, sempre relembrando os combinados e as regras colocadas. Mas com o passar do tempo, as turmas incorporam esses procedimentos e se tornam capazes de organizar os encontros com maior autonomia.

E agora? O que fazer com as decisões da assembleia?

Os assuntos que dizem respeito apenas àquela turma precisam ser discutidos e acordos devem ser feitos, a partir de encaminhamentos sugeridos pelos estudantes e aceitos pela maioria. Os temas que digam respeito à administração podem ser anotados pelo professor e levados às reuniões do conselho escolar.

Professores e gestores: na sua escola, já há assembleias de classe? Como elas são organizadas? Vocês têm dúvidas sobre como organizá-las? Compartilhem conosco nos comentários!

Boa semana, educador. Boa semana, educadora!