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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Ou isto ou aquilo: como ajudar os adolescentes a fazer escolhas

POR:
Flávia Vivaldi

Escolhas e decisões dos jovens. Blog Aluno em Foco. Orientação educacional. Crédito:SXC/Vilmar Oliveira

“Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!”
Cecília Meireles, Ou isto ou Aquilo*

As dúvidas e as inquietações permeiam as ações dos adolescentes, mesmo quando eles se mostram seguros e determinados. Por trás de afirmações como “Deixa comigo!” e “Eu sei o que estou fazendo”, há um poço de incertezas invisível para grande parte do mundo adulto. Sabendo disso, nosso grande desafio como educadores é ajuda-los no momento de tomar as decisões de como agir.

Sugerimos quatro reflexões importantes para compartilhar com a turma:

1- Não dá para ter tudo ao mesmo tempo

“Quero boas notas e sair todas as tardes”, “quero um namoro sério, mas também ficar com muitas meninas”, “quero chamar a atenção e passar despercebido”. Decidir entre isto ou aquilo é um grande desafio para as pessoas dessa faixa etária, que desejam sempre ter isto e aquilo. Para ajuda-los, precisamos evidenciar as contradições que impossibilitam seguir duas alternativas ao mesmo tempo e ajudá-los a listar ganhos e perdas de cada uma.

2- Os valores devem guiar as decisões

Os jovens precisam de ajuda para analisar os valores que estão por trás de cada escolha e colocá-los na balança. Vamos imaginar uma situação: um dia antes da prova João conta para Pedro que furtou a prova de história da secretaria, fingindo que estava passando muito mal. O roubo é descoberto pelo coordenador que aventa a possibilidade de demissão da secretária por descuido. Para os adolescentes o valor amizade é tão forte que muitas vezes fica acima do valor de justiça. Então o papel do professor ou do orientador educacional é justamente mostrar os valores embutidos e quais ganhos e perdas de cada escolha.

3- Ser independente é mais do que ser “do contra”

É natural que os jovens queiram ser diferentes de seus pais. Entretanto, precisamos deixar claro que isso não significa fazer o “jogo do contrário”, ou seja, fazer o extremo oposto do que os mais velhos fizeram. Devemos mostrar que a construção da identidade é bem mais complexa do que simplesmente agir dessa maneira.

4- Nem sempre tudo dá certo no fim

Os jovens precisam de ajuda para entender que nem sempre as coisas dão certo no fim das contas. Por isso, é necessário planejar suas ações com cuidado. Mesmo assim, imprevistos acontecem e a responsabilidade pelos problemas precisa ser assumida. Assim, nós educadores precisamos auxiliar os alunos propondo um planejamento, questionando as ações necessárias para cumpri-lo e os possíveis problemas, mostrando modelos de organização das etapas e apoiando a reparação de possíveis deslizes.

Tomar decisões e arcar suas consequências. Isso é parte do crescimento de nossos alunos – e de todos nós. Nosso papel é dar o suporte para que as escolhas sejam feitas de maneira responsável. Para isso, conhecer o aluno é imprescindível.

Boa semana, educador! Boa semana, educadora!

*Ou Isto ou Aquilo (Cecília Meireles, 64 págs., Ed. Global, 11/3277-7999, 42 reais)