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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Mediando conflitos: a estratégia das rodas de conversa

POR:
Flávia Vivaldi
Alunos da pré-escola conversando, na UMEI Mangueiras, em Belo Horizonte (MG). Foto: Léo Drumond / Agência Nitro

Alunos da pré-escola conversando, na UMEI Mangueiras, em Belo Horizonte (MG).

Depois de um jogo de futebol entre alunos do 3º e 4º anos, um grupo de crianças procura a professora para se queixar:

Menina: Os meninos não estão deixando as meninas jogarem, eles dizem que demoramos para chutar!

Menino: Claro! Elas são moles, ficam olhando para chutar para as amigas!

Menina: Não é verdade, nós prestamos mais atenção.

Se você fosse a professora, como lidaria com uma situação como essa? Bem, como já mencionamos em post anterior, a gente acredita que os alunos só aprenderão a dialogar, dialogando. Nesse processo, a roda de conversa é uma boa estratégia para que os alunos aprendam a ouvir os colegas e a considerar seus comentários.

Um possível convite da professora para uma roda de conversa seria o seguinte:

Professora: Pessoal, precisamos falar a respeito do jogo de futebol. Parece que estão acontecendo alguns problemas nessa brincadeira.

A hora da roda pode acontecer em diferentes momentos: antes de começar a aula, depois de situações livres, de brincadeiras, de jogos, depois de um final de semana… A organização em círculo com cadeiras, mesas, ou no chão não é tão importante.  Mas é essencial que todos possam se olhar e se escutar.

Uma roda de conversa é um momento interessante para que os alunos possam contar, por exemplo, como foi a brincadeira, e também fazer acordos para que ela melhore, antecipando problemas e pensando em soluções.

No nosso exemplo, o mais adequado é que a professora aja como mediadora durante toda a conversa. Essa função inclui:
- Ajudar para que todos se escutem (se necessário, controlando o turno da fala);
- Auxiliar a compreensão do problema (se necessário, fazendo pequenos resumos sobre o assunto);
- Favorecer a construção coletiva de soluções (se necessário, sugerindo e anotando as ideias).

Ao longo de toda a conversa, é preciso que os alunos:
- Ouçam pontos de vista diferentes dos seus;
- Usem vocabulário adequado para participar da discussão (“eu não concordo, porque…”, “eu também acho que…”, “eu discordo, porque…”, “eu sugiro que…”…);
- Estejam dispostos a mudar de opinião;
- Queiram resolver os problemas de forma a privilegiar o coletivo.

Esse caso ocorreu de fato numa das escolas em que trabalhamos. No exemplo, a professora precisou mediar para que a discussão não se polarizasse entre meninos e meninas, gerando uma “guerra de sexos”, e pediu em muitos momentos para que cada aluno/aluna dissesse como se sentia durante a partida, com objetivo de criar empatia entre as crianças.  Por fim, foram listadas várias soluções: assistir a um jogo dos alunos mais velhos para ver como eles resolvem este problema; filmar o jogo da classe para analisar as jogadas, variar a formação das equipes escolhendo a cada semana dois alunos diferentes para “escolher o time” e esclarecer as regras, escrevendo-as no mural.

Sem dúvida, essa roda de conversa não acabou com todos os problemas, mas foi um passo importante não só para melhorar o futebol no horário do recreio, como também para que os alunos aprendessem a dialogar. Afinal, os conflitos fazem parte de qualquer relação interpessoal e são inevitáveis, então o que nos resta é ensinar e aprender a como lidar com eles!

Ah! E não se esqueçam de deixar comentários: na sua escola, os professores costumam realizar rodas de conversa? Quais outras situações podem ser exploradas durante essa troca? Em que outros momentos e lugares podemos organiza-las? Participem do debate!

Boa semana, educador! Boa semana, educadora!