Toda semana nos deparamos com desabafos, mais ou menos emotivos, por parte dos alunos que nos dizem: “Eu desisto: Matemática não é para mim”, “Eu não consigo aprender Inglês”, “Eu não nasci para estudar História”.
Alguns alunos nos contam isso de forma serena e racional, já outros se mostram desesperados diante do desafio de aprender algo que parece impossível. Como você costuma reagir nessas situações?
Claro que a nossa reação depende muito do interlocutor que temos a nossa frente, de sua idade, do grau de desespero, da série que cursa, de seu momento de vida. Mas, há alguns princípios que podem nortear nossa conversa. São eles:
- O ensino e a aprendizagem são ações diferentes: Parece óbvio, mas na prática há quem ache que basta alguém ensinar para o outro aprender. Pode haver ensino sem aprendizagem, como pode haver aprendizagem sem ensino. Portanto, é preciso checar se o motivo do desespero está relacionado com o ensino ou com a aprendizagem. Caso seja no ensino, é preciso agir com o professor, discutindo os planos de aula, os conteúdos… Mas, se a questão estiver na aprendizagem, é preciso conversar com o aluno sobre o que significa aprender.
- A aprendizagem depende do estabelecimento de relações: Alguns alunos acham que para aprender basta ficar quieto em classe e ouvir bem o que o professor diz: “Eu fico bem quietinho e as coisas não entram na minha cabeça”, dizem alguns. Cá entre nós, a posição de “vaso que recebe flores” não leva à aprendizagem. Para aprender, é necessária a participação ativa do aluno, relacionando o que já sabe sobre determinado assunto a novos conhecimentos.
- Os limites de cada um não são pré-determinados: Como educadores, precisamos ser sempre otimistas e acreditar que o nosso aluno pode mais. Não se trata de um otimismo cego: é preciso, mesmo diante dos problemas, manter a convicção de que seus alunos podem avançar, se juntos vocês encontrarem a maneira certa.
- As dificuldades não têm causa hereditária ou congênita: Reverter a ideia do aluno que acha que sua dificuldade se deve a uma causa hereditária (“meu pai também tem a mesma dificuldade”) ou causa congênita (“desde que nasci sou assim”), o que pode ser chamado “Síndrome da Gabriela”, “Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo sim. Vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela…”
- O estudo é fundamental para aprender: Discutir com os alunos o significado do que é estudar para aprofundar algumas ideias errôneas:
- “estudar tem de ser prazeroso”, quando na verdade estudar dói, requer esforço e o prazer se dá como consequência da aprendizagem.
- “estudar é repetir muitas vezes o exercício”, quando sabemos que a repetição sem reflexão não leva à aprendizagem.
- “estudar é ficar muito tempo com os livros na mão”, quando pode significar perda de tempo, e não concentração.
A aprendizagem depende de diversos atores: professores, gestores, pais e, é claro, dos alunos. Nenhum deles deve ser integralmente responsabilizado pela aprendizagem ou não de um aluno. Para nós, educadores, é importante ter clareza de que boa parte desse processo cabe a nós.
Como essa responsabilidade dos alunos e dos professores aparece na prática? Contem-nos a experiência de vocês ao se depararem com alunos desesperados por não aprenderem e com professores que se sentem impotentes porque seus alunos não aprendem.
Boa semana, educadora. Boa semana, educador!