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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Promovendo a inclusão na sala de aula

POR:
Flávia Vivaldi
Daniel Garcia Auyrão, aluno com síndrome de Down da EM Cecília Meirelles (Foto: Marina Piedade)

Professora auxilia a leitura de Daniel Garcia Auyrão, aluno com síndrome de Down da EM Cecília Meirelles (Foto: Marina Piedade)

Falar de inclusão tornou-se “politicamente correto”. Há, evidentemente, unanimidade quando o assunto é o direito de conviver em sociedade com dignidade. Entretanto, a inclusão de pessoas com deficiência não é garantida pelos discursos de quem diz atuar em nome delas. Tampouco pelas inúmeras leis e decretos existentes em nosso país que definem (mas não cobram) as ações que buscam afiançar o direito de todos por uma Educação de qualidade. Não se trata de uma postura pessimista da minha parte, mas sim, realista.

Comecemos por uma análise, ainda que superficial, das condições de acessibilidade em escolas públicas e privadas. Aqui na instituição em que sempre trabalhei e em muitas outras que tenho conhecido, de maneira geral, a arquitetura não contempla as condições mínimas de adaptação para as pessoas com deficiência física. Sendo assim, os gestores têm de desenvolver suas próprias tentativas de adaptação do ambiente físico escolar. Opto pela expressão “tentativas” porque, embora reconheça os esforços dos educadores em promover e garantir a acessibilidade, tenho também a consciência de que estamos longe de oferecer espaços em que as reais necessidades desses indivíduos sejam plenamente respeitadas e acolhidas. Sendo assim, de forma criativa e corajosa, temos lançado mão, por exemplo, de rampas improvisadas e de força física para que nossos alunos cadeirantes possam usufruir dos pisos superiores das escolas, uma vez que os recursos, na maioria das vezes, não são suficientes para uma reforma completa. Aliás, reformar é sempre mais complexo e mais custoso do que construir.

Se retomarmos nossa formação inicial, fica claro que fomos preparados para um trabalho linear, voltado para homogeneizar as diferenças e não conviver com elas. Sendo assim, o professor nem sempre está preparado para lidar com o desafio de incluir em seu trabalho como formador os alunos com deficiência. Em princípio, a perspectiva de que a inclusão priorizava um convívio social mais abrangente cristalizou uma visão reducionista e limitada de que o trabalho seria somente de oferecer espaços de convivência com os demais alunos. Porém, o direito de quem tem deficiência não se limita a estar junto! A questão é garantir a todos uma Educação de qualidade.

Para isso, o planejamento do educador tem que contemplar o uso de metodologias que insiram de fato os alunos com deficiência nas atividades desenvolvidas pela turma. O primeiro passo é buscar o conhecimento científico sobre a deficiência em questão. Admito que nem todos os educadores vão dominar o braile ou a língua brasileira de sinais (libras), mas as escolas, o município e o estado têm oficialmente que oferecer intérpretes e outros profissionais para o acompanhamento e o apoio a esses estudantes. E o trabalho com o aprendizado continua sendo de responsabilidade do professor. Ao preparar suas aulas, ele deve ter em mente quais os limites que a deficiência traz e propor as alternativas cabíveis, levando em conta também as potencialidades daquele estudante. Assim, devem ser considerados aspectos como: o tamanho (do texto, da letra), a textura (da imagem, do mapa), a quantidade (das atividades, tarefas), as formas de produção (escrita, desenho, oral), enfim, deve-se contemplar alternativas que atendam às diferentes maneiras que os alunos têm de construir seu conhecimento. Essa diversidade certamente alcançará também os estudantes que não possuem nenhuma deficiência mas que apresentam diferenças significativas quanto ao desempenho e compreensão dos diversos conteúdos.

Outro aspecto imprescindível no trabalho com a inclusão é se colocar no lugar do outro. Envolver todos da sala no desafio de vencer as diferenças pelo respeito à dignidade do ser humano promove o sentimento de pertença ao grupo, não só para quem tem a deficiência como para todos que convivem com ela.

Enfim, objetivamente, fazer de conta que todos da sala aprendem da mesma maneira é “fingir uma educação”!

E você? Como tem trabalhado com os alunos com deficiência? Certamente suas experiências irão enriquecer nosso espaço de reflexão. Deixe seu comentário.
Cumprimentos mineiros e até a próxima segunda!