Planejamento e diário de classe na internet
Diretor transformou estes instrumentos em arquivos digitais e compartilhou as informações com pais e alunos
POR: Márcio Fonseca"Os formulários de planejamento de aulas me incomodam desde que eu era professor. Sempre achei esses materiais chatos e pouco práticos. Ainda assim, como diretor, reproduzi o modelo. Na EE Silviano Brandão, em Belo Horizonte, a equipe me entregava os papéis preenchidos com o plano para 15 ou 20 dias. Eu os colocava em uma pasta e dificilmente voltava a vê-los.
Para tentar mudar a situação, propus que compartilhássemos as informações na internet. Inicialmente, fiz reuniões com coordenadores e professores para debater como o recurso poderia ser melhor aproveitado e o que deveria conter. Então, criei os formulários no Google Docs, que é gratuito, e distribuí senhas de acesso para os educadores. Por não terem familiaridade com tecnologia, alguns resistiram à ideia. Mas me ofereci para ajudar, instalei um computador na sala dos professores e todos foram aderindo.
Fizemos um mês de treinamento e testes antes de abrir o acesso a pais e alunos. Os planos mostram o tema e o local da aula, a metodologia que será aplicada, a indicação das páginas e das atividades do livro didático (quando ele é utilizado) e outros dados. Há, também, os resultados das avaliações e o registro de presenças e faltas.
Os professores atualizam o planejamento diariamente, o que permite uma análise constante do processo de ensino. Para a equipe gestora, isso possibilita um acompanhamento mais qualificado. Consulto todos os dias e meu diálogo com os educadores aumentou. Entre eles também há mais troca, com um verificando o que o outro faz e pensando no que pode ser realizado em conjunto.
As informações geradas ajudam a traçar um retrato das turmas e também das condições que favorecem o ensino e a aprendizagem. Depois, isso é utilizado nas reuniões de conselho de classe. Outro benefício é que, quando um professor falta, o substituto pode seguir o que estava planejado para aquela aula. Em questões práticas como o uso dos espaços da escola ganhamos agilidade. Rapidamente, o educador sabe se o local que ele quer utilizar está vago ou se um colega já fez reserva.
Aos poucos, também estamos acostumando os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio com a consulta às informações online. Assim, eles se preparam e não esquecem, por exemplo, os materiais necessários. Se um professor resolve mudar o rumo do que estava planejando durante a aula, eles são os primeiros a notar e a questionar.
Também realizamos uma pesquisa com as famílias para verificar quais tinham acesso à internet e usavam e-mails e redes sociais. Descobrimos que a maioria utiliza algum desses recursos. Mesmo assim, fizemos um acordo com alunos do Ensino Médio que têm aulas de tecnologia da informação para que eles, voluntariamente, ajudem os responsáveis a aprender a acessar nossos arquivos compartilhados. Nas reuniões de pais, reservamos os últimos 20 minutos para tirar dúvidas. Assim, eles ficam sabendo o que é feito em sala e têm acesso a notas e faltas.
Os aprendizados com a ferramenta continuam a acontecer. Os professores, por exemplo, já perceberam que não adianta indicar muitas atividades para um único dia, porque não conseguirão executar tudo e ficaremos frustrados. Hoje, conseguimos cumprir as metas, que são mais realistas. Os educadores sabem também que os planos não são engessados. O fundamental é criar o hábito de pensar sobre o ensino, afinal planejar não é apenas preencher um formulário em cinco minutos."
Márcio Fonseca é diretor da EE Silviano Brandão, em Belo Horizonte.
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