O convite da semana é para refletir sobre um tema delicado presente na maioria das escolas: a fofoca. Comecemos por (re)tomar a consciência de que não existe fofoca positiva, pelo simples fato de se tratar de uma prática exercida sem a presença de quem dela é alvo. Essa constatação já justificaria a extinção dessa prática, principalmente no espaço educacional. Contudo, práticas como essa ainda são perpetuadas na maioria dos ambientes profissionais.
A fofoca surge, prioritariamente, de um julgamento negativo que se faz de uma pessoa ou de um grupo. Na escola, até mesmo os desabafos sobre momentos mais difíceis vividos em sala de aula (ou fora dela) costumam se tornar tema de conversas desse tipo. É importante ressaltar que o dano não está no desabafo, perfeitamente compreensível. O estrago acontece quando esses conteúdos são repassados repetidamente, nos mais diversos espaços da escola e a rádio corredor entra no ar.
Na maioria das vezes, aquilo que seria um simples momento de exteriorizar uma emoção – indignação, raiva, frustração, etc – toma sérias proporções. É o efeito bola de neve: há uma queixa ou um comentário sobre alguém feito para um colega, que repassa aquela informação para n outros sujeitos, emitindo seus próprios juízos. E assim o tema da fofoca se distancia cada vez mais das pessoas envolvidas na situação, que seriam as únicas com condições de esclarecer o mal-entendido.
Qual seria o antídoto para esse veneno das relações que é a fofoca?
O segredo é a assertividade. Ela colabora para que relações de confiança sejam construídas no ambiente escolar. O gestor necessita orientar a equipe a não fomentar comentários como “Posso te contar uma coisa?” e “Promete que não conta pra ninguém?”. Alguns questionamentos básicos têm de ser feitos para quem espalha a história: “Qual é a importância do que você está dizendo para nosso ambiente de trabalho?”, “Qual a sua intenção?” e “O que pode ser feito para resolver a situação?”
Durante todo o processo, o gestor deve ter uma postura firme para transformar a fofoca em um assunto a ser tratado com seriedade. O objetivo é esclarecer que, se há um problema, ele deve ser resolvido com quem é de direito.
Inúmeras vezes, ao passar por situações em que nitidamente o tom da conversa se aproxima de uma fofoca, minha fala é: “Se for algo que não possa ser comentado publicamente, não me conte.” Ou então: “Você precisa falar isso para quem é de direito. Gostaria que eu participasse da conversa?”. E foi agindo assim que pude perceber que, aos poucos, a rádio corredor fica com a audiência comprometida.
Devemos, então, focar o que deu origem ao desabafo. Se é o comportamento de uma turma que incomoda, pensemos sobre o que pode ser feito para resolver a situação. Caso uma atitude da gestão tenha sido dura ou desrespeitosa, que se fale diretamente sobre isso a quem compete ouvir. Enfim, nosso papel de educar demanda uma postura em que sejam asseguradas a clareza e a especificidade naquilo que falamos, características da assertividade.
Nós somos responsáveis pelos nossos comportamentos. Portanto, se alguém não se comporta de maneira assertiva, não precisamos fazer o mesmo!
E no seu ambiente de trabalho, já se deparou com situações que acabaram virando fofoca? Como você agiu diante disso? Compartilhe conosco!
Cumprimentos mineiros e até a próxima segunda!