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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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O que são as virtudes e como podemos trabalhá-las

POR:
Flávia Vivaldi

Crédito: Shutterstock

Embora seja um tema recorrente na Educação, trabalhar as virtudes com os alunos não é algo simples e requer a compreensão do conceito e do processo de construção da moralidade.

Vamos recorrer, então, à definição dada por Josep Maria Puig, professor de Teoria da Educação e coordenador do Grupo de Pesquisas em Educação Moral da Universidade de Barcelona. Ele afirma que as virtudes humanas são “o conjunto de disposições admiráveis que delineiam o melhor do caráter de um sujeito”. Segundo o estudioso, elas não são inatas e, portanto, para serem construídas como traços de caráter, precisam ser praticadas com regularidade. Uma vez adquiridas, o próprio exercício de mantê-las presente, fará com que tenham estabilidade e durabilidade.

Podemos considerar que existem diferentes tipos de virtudes, tais como:

  • As morais, como a justiça, que são percebidas desde cedo. A criança, por exemplo, quando passa por uma situação em que percebe que está sendo tratada diferente do colega ou do irmão, imediatamente, se manifesta.
  • Aquelas que, embora não sejam morais, contribuem para o exercício de outras. A coragem está entre elas. É preciso tê-la para assumir a responsabilidade por um dano ou para intervir quando vemos que alguém está sendo injustiçado ou humilhado. Nesse caso, ela pode fortalecer a honestidade e a justiça.
  • As virtudes que dão origem a outras, como a polidez. O uso regular das expressões “por favor”, “com licença” e “obrigado” possibilitam o desenvolvimento do respeito ao próximo, da socialização e da gratidão.

Entendido isso, vamos ao contexto da escola. Frequentemente, as instituições elaboram projeto de virtudes, para o qual as equipes gestora e docente escolhem aquelas que julgam mais necessárias por sua escassez nas relações entre os alunos e deles com os professores e funcionários. Com base nisso, são pensadas uma série de atividades criativas para dar conta da questão: debates, exposições, apresentações cênicas, produção de livros e cartilhas etc.

Mas é preciso pensar se, de fato, essa é a melhor forma de trabalhar o tema. Não podemos nos esquecer que projetos têm começo, meio e fim. Então, cabe a pergunta: quando a proposta é concluída não se trabalha mais as virtudes?

É um grande equívoco achar que elas são aprendidas apenas pelo discurso e com algumas horas-aula destinadas a trabalhar o assunto. As virtudes são adquiridas por esforço moral pessoal.Apenas o cuidado com a qualidade das relações interpessoais e o exercício constante de autorregulação de atitudes impulsivas, reativas e, muitas vezes, negativas teremos a cristalização das virtudes. É na prática diária que exercitamos – ou não – o respeito, a solidariedade, a tolerância, a responsabilidade.

O olhar do educador para planejar atividades que tratem desse tema fará toda a diferença no desenvolvimento moral dos alunos. Vou explicar melhor. Muitas vezes, os gestores e os docentes se preocupam apenas com o resultado das atividades, desconsiderando o processo,que éjustamente o momento de construir as virtudes antes de chegar ao objetivo. O respeito aos colegas na hora de falar, a escuta atenta às explicações e diferentes opiniões, e a responsabilidade, por exemplo, são – ou deveriam ser – praticados em todo momento e durante qualquer atividade proposta.

As virtudes estão presentes em todas as práticas da escola – de maneira intencional ou não. Por essa razão, é necessário aguçar o olhar e reconhecê-las nas atitudes positivas, que, certamente, existem nas turmas. Da mesma maneira, é preciso refletir sobre as negativas. Isso não significa expor os alunos a elogios ou críticas. A condução dessa discussão deve ser feita de maneira impessoal, sem nominar quem fez ou deixou de fazer algo.

Nada de doutrinação e longos sermões. Aproveite sempre as situações cotidianas que surgem em sala de aula ou na escola para propor momentos de discussão sobre o que está por trás dos fatos, identificando os princípios que sustentam e orientam as diversas ações e que, necessariamente, nos aproximam da reflexão sobre as virtudes. Já pensou sobre isso?

Conte como conduz seu trabalho em relação a esse tema. Há espaço em suas aulas para o reconhecimento e a prática delas? Compartilhe conosco.

Cumprimentos mineiros e até a próxima segunda!