Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Blog

Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

5 4 3 2 1

Brincar é muito bom e também muito importante!

POR:
Flávia Vivaldi

Foto: Shutterstock

Conversando recentemente com a mãe de uma criança de 6 anos, ela justificou a transferência do filho para outra instituição, em pleno mês de setembro, da seguinte maneira: “A escola está querendo matar o tempo colocando as crianças para brincar no lugar de aprender”. Pedi que ela falasse um pouco mais sobre isso e ouvi que, além do recreio, a instituição havia instituído, no horário oficial das aulas, momentos de jogos e dramatizaçõesque estariam roubando o tempo de aprendizagem das crianças. Na tentativa de esclarecê-la, expus a argumentação que agora compartilho com vocês.

Em muitas matrizes teóricas da Psicologia, o brincar é considerado atividade fundamental para o desenvolvimento psíquico da criança durante a infância. Para pensadores e pesquisadores como Aristóteles (384-322 a.C), Sigmund Freud (1856-1939) e Milton Erickson (1901-1980), as crianças brincam para descarregar suas emoções. Já para Piaget, essa atividade possibilita ao indivíduo a assimilação da realidade. Portanto, a escola que conhece as características e necessidades de cada etapa da vida logo entende que é responsável por garantir espaços que favoreçam essas atividades.

Uma ideia equivocada, que tem influenciado cada vez mais as decisões das famílias em relação à escolha de onde matricular seus filhos, é a de optar pela escola mais forte. Mas o que significa ser amais forte? Uma resposta muito comum é: “aquela em que as crianças, desde a Educação Infantil, já levam tarefa para casa”. Que grande engano!

Na Educação Infantil, a brincadeira deveria ser uma das práticas mais importantes e, portanto, mais presentes no trabalho das instituições. No entanto, há uma priorização de conteúdos e práticas “escolarizantes”, o que leva o brincar a ser considerado uma pausa pedagógica, ou seja, um momento em que as crianças gastam energia e se recuperam para a próxima atividade dirigida. Essa ideia é estendida e se acentua ainda mais no Ensino Fundamental – que agora começa aos 6 anos.

Assim, o mais comum se tornou a escolha da semana da criança como o período reservado às brincadeiras e aos brinquedos porque, dessa maneira, a escola não se sente insegura diante da cobrança das famílias.

E, vejam, não há problema nenhum em elaborar uma programação especial para esse período. O problema é não considerar o brincar como essencial para o desenvolvimento das dimensões cognitiva, afetiva, social e moral e para a saúde psicológica dos nossos pequenos. Sendo assim, todo dia é dia de brincar, jogar, encenar e de se expressar de forma lúdica!

Cientes dessa função, nós, pais e educadores, temos um papel de extrema importância que é garantir o espaço, o tempo e os recursos para que as atividades se desenvolvam.

Também cabe a nós observar com atenção essas práticas para refletir sobre os mecanismos presentes nas cenas criadas pelos pequenos e entender como eles estão pensando, sentindo e representando aquele momento.

Por isso, deixo aqui uma sugestão às escolas que não deve valer somente para a semana da criança: além de assegurar espaços permanentes para o brincar, é fundamental compartilhar com as famílias o conhecimento sobre as etapas de desenvolvimento do ser humano. Para isso, vale planejar momentos de troca com os responsáveis para esclarecer queé muito importantegarantir o livre brincar. É com essa liberdade de brincar e fantasiar com as coisas e ideias que as crianças constroem suas noções de vida e do mundo.

O que você pensa sobre as brincadeiras nas escolas? Esses momentos são privilegiados em seu planejamento? Compartilhe conosco sua experiência.

Cumprimentos mineiros e até a próxima segunda!