Ir ao conteúdo principal Ir ao menu Principal Ir ao menu de Guias
Blog

Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

5 4 3 2 1

Fora da escola: o professor pode aceitar convites dos alunos para festas e redes sociais?

POR:
Flávia Vivaldi

Foto: Shutterstock

As relações são sempre um tema delicado e geram inúmeras reflexões. Para nós, educadores, além de um tema é também um lema: construir boas e saudáveis relações. Embora haja concordância sobre isso, o caminho para sua efetivação nem sempre é fácil e passível de consenso. As dúvidas são muitas: Devemos participar das festinhas de aniversário dos alunos que não acontecem no ambiente escolar? Temos que aceitar os convites dos estudantes e/ou seus familiares nas redes sociais? Afinal, até onde deve ir a relação entre família, educadores e estudantes?

Uma coisa interessante é que essa questão de se relacionar com os alunos fora da escola, há alguns anos, preocupava, principalmente, os professores da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que, na maioria das vezes, os convites se restringiam às comemorações de aniversário das crianças. No entanto, atualmente, com quase todas as pessoas presentes no ambiente virtual, o desejo de que as relações até então restritas à vida escolar passem para a esfera pessoal se intensificou e não poupa nem mesmo os docentes do Ensino Médio. Pensemos sobre isso.

Vamos começar pelas crianças e suas famílias. É muito comum que os pais convidem os educadores dos filhos para as celebrações de aniversário, reservando para eles um lugar especial e requisitando sua presença nas fotos e no vídeo. E não há nenhum problema nisso, mas é preciso ficar atento a alguns pontos.

O primeiro alerta é que ao aceitar um convite para uma comemoração de aniversário é preciso aceitar todos os outros que virão ao longo do ano. Isso porque tanto as crianças quanto as suas famílias alimentam a expectativa de ter os professores presentes nesse momento especial e sua participação torna-se um acontecimento a mais na festa. Mas, e se esse acontecimento se restringir ao evento de alguns alunos?Para pensar sobre isso, vamos inverter os papéis: como você, sendo mãe ou pai, se sentiria se justamente na festa do seu filho a educadora não comparecesse? Acredito que, independente da justificativa, por mais sincera que ela seja, você e a criança se sentiriam decepcionados, não é mesmo?

A lógica é parecida em relação aos convites de amizade nas redes sociais, mas há um agravante: muitos deles são feitos por alunos que mentem a idade para criar seu perfil – no Facebook, a idade mínima para entrar é 13 anos. Diante de uma situação como essa, o professor deve, evidentemente, aproveitar a deixa para uma boa e saudável discussão moral acerca do valor da verdade e do papel das normas e regras. Mas quando o pedido é feito por adolescentes ou por familiares dos estudantes, eu acredito que cada um deve considerar o uso que quer fazer da ferramenta. Ela serve para agrupar virtualmente aqueles a quem você considera amigo e, portanto, é de seu interesse estar em contato com eles ou se trata de um grupo restrito, composto de alunos e colegas professores, com quem você troca informações sobre a vida escolar? Há diferença na natureza das duas propostas. Pensando na primeira: sua relação com os alunos é de amizade? Evidente que não. Já falamos em outras oportunidades que o nosso papel na vida deles deve estar delimitado. No entanto, a segunda é extremamente saudável, desde que os temas das postagens sejam coerentes com o a proposta da criação do grupo, ou seja, que sirva para socializar acontecimentos e temas relevantes no processo de formação dos alunos. Essa opção, aliás, contribui para o sentimento de pertencimento de todos à instituição escolar, assim como se configura como uma ferramenta pedagógica compatível com a contemporaneidade. Parecem questões simples e óbvias, mas nem sempre refletimos adequadamente sobre elas.

Confesso que na minha experiência pessoal, como mãe e como professora, vivi a sensação dos diferentes papéis. Nas festas de aniversário do meu filho sempre tive a alegria de ter minhas colegas, que também eram professoras do aniversariante, presentes na comemoração. Entretanto, com receio de não ter disponibilidade ao longo do ano para comparecer em todas as comemorações, me restringia às realizadas na escola. Sempre me pareceu mais coerente e justo com todos.

E você, o que pensa sobre o tema? Já viveu situações similares? Estamos aguardando suas contribuições.

Cumprimentos mineiros e um Natal repleto de paz e luz para todos!