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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Sermões dão resultado na formação moral de nossos alunos?

POR:
Flávia Vivaldi

Foto: Shutterstock

Na semana passada, refletindo acerca da formação moral do professor, esclarecemos e assumimos nossa posição teórica que explica o desenvolvimento – tanto cognitivo, quanto moral – pelo processo em que há a participação direta dos envolvidos na construção do próprio conhecimento. Isso, naturalmente, exige a adoção de uma pedagogia relacional, ou seja, a interação do sujeito com o objeto – entendendo por objeto tudo aquilo que representar um novo conhecimento a ser assimilado.

Um comentário de uma leitora acerca do trabalho de formação moral dos alunos nos impulsionou a retomar o tema para melhor esclarecermos a questão: “de tanto repetir uma informação para os alunos, eles vão acabar internalizando-a”.

Pois bem! Pensemos sobre o comentário da nossa colega. É preciso, com base nessa fala, refletir sobre a repetição discursiva. Falar, falar, falar e apenas falar não resolve nada se não houver, em consonância com o discurso, o envolvimento do aluno na prática ou no exercício daquilo que se fala. Em outras palavras, é a repetição da prática que se faz necessária para a construção de um hábito.

Pensemos na formação moral de nossos alunos – ou mesmo na nossa. Se somente a repetição de um discurso fosse suficiente para que os sujeitos agissem de acordo com uma convivência respeitosa e desejável, os estudantes já chegariam para nós, na escola, praticamente prontos para o convívio social. Afinal, na maioria das vezes, os sermões fazem parte das estratégias que a família adota para educar e orientar seus filhos, certo? Entretanto, a realidade tem nos mostrado, cada vez mais, que somente a doutrinação discursiva não é suficiente para que haja a interiorização de uma atitude ou mesmo de um conteúdo acadêmico. Ou seja, não basta discursar inúmeras vezes sobre o respeito entre as pessoas, o importante é agir com respeito e promover situações em sala de aula em que esse, ou qualquer outro princípio moral, estejam presentes e regulem as relações. O que faz a diferença, portanto, é a coerência entre o que se fala e o que se faz e o exercício de práticas favoráveis à construção do que se almeja.

Por exemplo, o trabalho em grupo, as monitorias, os debates e uma infinidade de práticas são favoráveis ao exercício moral, já que para que a atividade aconteça preservando o direito de participação de todos, a diferença de opiniões e ideias, a escuta atenta e respeitosa – critérios básicos de relações sociais desejáveis – os alunos, ao mesmo tempo em que precisam se regular, também são regulados pelos próprios colegas. E novamente apontamos como possibilidade real de formar para a autonomia moral o exercício da cooperação, que é vivida entre os pares e cuja simetria de poder permite o exercício do respeito mútuo. Ouvir de um colega uma crítica relativa a alguma atitude, surte, muitas vezes, mais efeito na construção da personalidade e na tomada de consciência do que ouvi-la do professor ou de outra autoridade. Nosso papel é cuidar para que a “maneira” com que os alunos interagem entre si seja respeitosa, focando sempre nas atitudes positivas ou negativas e não nas pessoas.

Sendo assim, repetir o discurso não promove a mudança desejada nas atitudes e comportamento dos alunos, porém, exercitar repetidamente as virtudes, por meio de estratégias de cooperação, ah… isso sim faz toda a diferença.

O que você pensa sobre isso? Concorda com nossa posição? Contribua para que nosso espaço seja um exemplo vivo de cooperação. Traga suas ideias.

Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira!