“O estojo do meu filho sumiu, foi roubado. A escola tem que tomar providências”.“Essa semana vou pegar meu filho mais cedo, já que estamos com um carro só em casa”. “Não dá para chegarmos no horário porque levo meu outro filho para aula de judô antes de trazer o menor”. “Ele estava com muito sono, então deixei que ficasse dormindo. Depois ele pega a ‘matéria’ com um colega”.
E aí, colegas, reconhecem essas situações? Quantas vezes não nos deparamos com elas no nosso dia a dia, não é mesmo? Esses exemplos iniciais demonstram o quanto os valores e princípios que norteiam o trabalho de formação que realizamos não estão claros para as famílias. Vamos pensar juntos, então, sobre como podemos evitar esses episódios, considerados, muitas vezes, desrespeitosos ao nosso trabalho.
É bastante comum que quando a escola fornece informações para as famílias sobre temas organizacionais e pedagógicos dê maior ênfase para as condutas favoráveis à boa aprendizagem e ao bom andamento da instituição. Desde o início do ano letivo – ou até antes, já durante o período de matrículas –, os pais já sabem os horários de entrada e saída, a frequência desejada dos alunos, quais materiais eles podem levar para a sala de aula etc. Mas o que quase nunca acontece é a instituição dar subsídios para que eles entendam as informações e regras com base nos princípios nos quais a escola fundamenta seu trabalho de formação humana. Em outras palavras, eles não conhecem quais virtudes e valores morais são defendidos e exercitados pela comunidade escolar.
Por que o cumprimento dos horários, a assiduidade, a utilização e o cuidado com o material individual e coletivo são importantes? Por que só pegar a ‘matéria’ com um colega não substitui um dia de aula perdida? Simplesmente porque a vida em sociedade requer o cumprimento de regras? Não. É muito mais do que isso. A parceria entre a escola e a família pressupõe que se tenha claro que pessoas desejamos que nossos alunos e filhos se tornem. E é óbvio que queremos que eles tenham responsabilidade emsuas atitudes, que deem valor ao conhecimento, que a confiança esteja presente e seja construída em suas relações, que a honestidade tenha força em sua personalidade. Mas apenas desejar não basta.
Família e escola precisam estar sintonizadas e, para isso, um bom caminho é promover encontros utilizando como temas disparadores exatamente os fatos e as falas presentes na realidade da escola. Vale refletir junto com os familiares, no caso de um objeto “desaparecido” ou quebrado, que mais do que repô-lo, a escola deve debater com os estudantes sobre que valor moral é rompido quando alguém se apropria de algo que não lhe pertence. A confiança, assim como a honestidade e outros valores morais, não é reposta como se repõe um objeto e, portanto, após ser ferida deve ser reconquistada!
Da mesma maneira, deve-se discutir com os pais que a conduta deles, como, por exemplo, a de sempre dar justificativas de atrasos, faltas e saídas antecipadas, banalizam valores e virtudes como a responsabilidade, o esforço e o conhecimento.
Acreditem, é visível na fisionomia dos pais e responsáveis o quanto eles nunca haviam considerado essas questões como fundamentais na formação moral das crianças e dos jovens e como eles passam a perceber a importância da coerência entre o discurso e a prática. Ou seja, “devo ser aquilo que eu desejo que meu filho ou aluno seja quando se tornar adulto”.
E então, o que você pensa sobre como podemos trabalhar os valores com as famílias? Como você desenvolve esse trabalho? Compartilhe seu conhecimento.
Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira!