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A importância da convivência dos alunos na hora do intervalo

POR:
Joelma Souza

Crédito: Jacqueline Hamine

Olá, diretor,

Preparar uma escola adequada não é uma tarefa simples. Muitas decisões e iniciativas do diretor estão relacionadas ao olhar atento para o desenvolvimento dos alunos. Do que precisa uma criança de 5 anos na escola? Como a instituição deve receber um aluno de 10 anos? E os jovens, quais são as particularidades do Ensino Médio?

Na semana passada, vimos que preparar uma escola para crianças da Educação Infantil passa por observar o desenvolvimento que se dá através das brincadeiras. Essa semana, o foco são os alunos do Ensino Fundamental. O ponto chave para um diretor que pretende entender um pouco melhor as crianças de 7 a 14 anos é olhar com atenção a convivência entre eles. Não apenas na sala de aula, mas principalmente quando se encontram no pátio, nos banheiros, na quadra, no refeitório.

O sinal que invade as salas de aula anuncia: é hora do intervalo. A maioria dos alunos guarda rapidamente seu material para aproveitar cada segundo desse tempo tão aguardado. O cenário se transforma, a vida explode através dos sons tão familiares a quem está no dia a dia escolar: gargalhadas, gritos, cochichos, correria, passos apressados. Os grupos se formam e se multiplicam num piscar de olhos. O silêncio, nesta hora, é só um espião, como diz Mario Quintana.

Como o diretor pode lidar com toda essa energia que vem dos alunos? Como antecipar questões que surgem nestes momentos, como intrigas, disputas por uso de alguns espaços, a famosa “guerra” de alimentos nas refeições?

Ao mesmo tempo em que as turmas dos primeiros anos têm muita energia para gastar, os mais velhos também sentem a necessidade de ficar agrupados em rodas de conversa ou ouvindo música. Essas posturas aparentemente conflitantes podem ser canalizadas para a aprendizagem. Uma possibilidade interessante é oferecer, no espaço do pátio, acesso a materiais como jogos de damas, xadrez, trilhas, baralhos, cordas, bolas, bambolês e instrumentos musicais – dentro das possibilidades da escola, claro. Outras sugestões podem ser encontradas nesta reportagem de GESTÃO ESCOLAR.

Já diz Miguel Zabalza, sabiamente: “O espaço na educação é constituído como uma estrutura de oportunidades. É uma condição externa que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento pessoal. Será estimulante ou, pelo contrário, limitante, em função do nível de congruência em relação aos objetivos e dinâmica geral das atividades que forem colocadas em prática ou em relação aos métodos educacionais e instrutivos que caracterizem nosso estilo de trabalho. O ambiente escolar enquanto contexto de aprendizagem constitui uma rede de estruturas espaciais, de linguagens, objetos e de possibilidades para a aprendizagem”.

Se a escola tem quadra, quais são os combinados estabelecidos para usar esse lugar tão disputado? Com isso, é possível abri-la no intervalo e oferecer a mesma oportunidade de uso a todos que tenham interesse, e ainda eliminar um grande problema da hora do recreio que são crianças que querem sentar, correr ou jogar bola disputando o mesmo espaço do pátio.

Outros questionamentos que ajudam a otimizar o uso dos espaços com base no que os alunos necessitam: Eles vêem a biblioteca como um lugar para relaxar e ler um livro? Ela está aberta para eles o tempo todo? No pátio, há bancos e mesas para que os alunos possam se acomodar e jogar conversa fora? Se o seu desafio é anterior, de conseguir espaços adequados aos alunos, o livro “O que revela o espaço escolar” contém dicas a partir da página 22 do que fazer quando a escola não conta com esses ambientes.

Diretor, a promoção da convivência deve ser uma constante no seu cotidiano. Ainda temos, no Ensino Fundamental, o desafio extra das crianças que acabaram de sair da Educação Infantil e precisam se adaptar a ambientes que não foram pensados especificamente para elas, e conviver com colegas que estão em anos mais avançados. Como lidar com isso e promover a interação?

Algumas sugestões: Os mais velhos podem ser monitores do recreio, e se reunir para planejar atividades para os mais novos e divulgá-las a toda a escola. Também é possível fazer um revezamento entre os alunos para organizar os materiais que serão colocados à disposição de todos; e eles podem se organizar para pensar em propostas de revitalização do pátio e levá-las ao Conselho Escolar para aprovação. Isso potencializa a construção de uma identidade positiva de um estudante que pensa, constrói saberes e se sente protagonista em um território significativo de sua vida.

Um abraço,

Maura.