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Blog Sustentabilidade na Escola

Dicas, textos e depoimentos sobre como levar as questões ambientais para dentro da escola e para a comunidade

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Sustentabilidade na escola é mais do que um tripé

POR:
Andrée de Ridder Vieira

Olá!
Estreamos o nosso blog e os primeiros comentários já trouxeram mil ideias, novas perguntas, respostas e dicas de conteúdos que teceremos nas próximas postagens. Fiquei com uma enorme vontade de conhecer de perto as experiências do Ricardo, da Fátima, da Melanie, do Cláudio… Sinal de que estamos fazendo muito por aí e precisamos compartilhar. É a rede sendo formada! Inspirado por esses contatos iniciais, este post traz uma pincelada de reflexões para a gente pensar, durante a semana, sobre como vem tratando o desafio de inserir o tema sustentabilidade na escola e no nosso cotidiano.

Em 1998, tive o desafio de construir, coordenar e implantar o Programa Supereco de Formação de Multiplicadores de Educação Ambiental, com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e de algumas empresas. Envolvemos mais de 70 escolas públicas e algumas particulares na formação de gestores e professores, na elaboração de material didático, no monitoramento presencial e na avaliação de resultados. Foi um enorme desafio na época, uma vez que o Ministério da Educação (MEC) havia lançado, um ano antes, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), apresentando o meio ambiente como tema transversal. Ouvi inquietações da maioria dos gestores escolares sobre como isso seria possível, pois possuíam tantos desafios mais importantes na rotina e era pouco tempo para muita demanda curricular. Eles citavam, por exemplo, os recursos financeiros quase sempre escassos, a rotatividade de educadores e os professores lidando com “alunos-problema” (apesar de eu achar que não há problema e que temos de transformar isso em desafio e em oportunidade de mudança). Alguns consideravam que a abordagem do meio ambiente seria função apenas do professor de Ciências… E por aí seguiam muitas justificativas que continuei ouvindo ao longo dos anos.

O jeito foi mostrar que podemos fazer muito com pouco tempo, pouco recurso e uma boa dose de criatividade! E por mais que tentássemos deixar de lado a transversalidade do meio ambiente no currículo e a sustentabilidade na escola, elas voltavam num efeito bumerangue. Afinal, a escola ocupa um espaço físico/território e está no meio ambiente; a arquitetura e tudo o que é usado nela depende dos recursos naturais e impacta sobre eles; as pessoas são influenciadas pelo modo de fazer a gestão e de se relacionar na escola, pelo ambiente de convívio e pelo seu entorno (dialógico, harmonioso, equilibrado, saudável ou não); e o aprendizado do aluno para a ação faz mais sentido se for ligado à sua realidade. Daí a importância do currículo tratar dos elementos, cenários e situações locais e do dia a dia para permitir o exercício da cidadania.

Os movimentos que geram mudança
A grande questão é, portanto, ampliar o olhar sobre o que já fazemos na escola e o que ainda podemos fazer. Num exercício mental, com o auxílio da Matemática, partimos de um ponto e podemos sempre ficar parados nele! Se não juntarmos a outro ponto não teremos uma reta, elemento que nos permite avançar. Três retas nos dão um triângulo onde já há conexão (como no famoso tripé da sustentabilidade: social, econômico e ecológico). O triângulo cabe dentro de um círculo, que pode conectar e interagir com outros círculos, mostrando como tudo se expande em ciclos, como ocorre na natureza e isso pode criar uma escola viva, dinâmica e conectada com seu ambiente e seu entorno! É isso que a ilustração do nosso post busca resumir.

A revisão das abordagens pedagógicas vinculadas ao currículo é o caminho mais fácil para começar a mudança, com a devida inserção das reflexões que listamos acima no projeto político-pedagógico (PPP) da instituição. Uma das minhas maiores alegrias nas formações realizadas nesses anos foi conhecer um trabalho de melhoria da alfabetização numa escola ribeirinha do Acre que passou a relacionar as frutas e os peixes locais, inclusive ensinando a importância do manejo na extração e na caça fora do período de reprodução.

Satisfação maior foi ver que os caminhos acima descritos, com a lógica da sustentabilidade baseada em “gestão, espaço físico e currículo”, tudo isso levando à cidadania, se transformaram em novas políticas públicas do MEC. Algumas delas possuem bons materiais de apoio para você começar a construir esse sonho de escola sustentável. Confira alguns deles nos links abaixo.

Processo Formativo em Educação Ambiental: Escolas Sustentáveis e Com-Vida
Manual Escolas Sustentáveis
Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis: educando-nos para pensar e agir em tempos de mudanças socioambientais globais
Site sobre o Programa Escolas Sustentáveis

E você, que subsídios tem utilizado para refletir sobre a sustentabilidade na escola em que atua? Compartilhe com a gente nos comentários.

Na próxima segunda, trarei dicas para envolver, de forma compartilhada, a gestão, os docentes e os alunos num diagnóstico da escola sustentável que temos e a queremos.

Um forte abraço até lá!