Olá,
Há alguns anos, conheci a diretora Aldilene Moraes Gomes, da Escola Núcleo Municipal Cândido Vitoriano de Cerqueira, em Feira de Santana, na Bahia. Ela me contou, toda orgulhosa, que o único computador e a impressora que a escola possuía naquela época tinham sido conquistados graças ao projeto “Horta na Escola”, que venceu o 2º Prêmio Rigesa de Educação Ambiental. “Esse equipamento representa a cooperação entre alunos, professores, pais e a comunidade”, ela disse na ocasião.
Essa história começou quando a professora de Ciências da instituição, Márcia Silva Ribeiro, sentiu a necessidade de aproveitar algum cantinho para deixar as famílias dos alunos mais próximas das atividades. Então, com base no conteúdo ligado ao tema solo, os estudantes – principalmente dos 5º e 6º anos – pesquisaram como preparar o adubo orgânico e começaram a fazer compostagem. As sementeiras foram produzidas com garrafas de plástico cortadas ao meio, os canteiros foram planejados nas aulas de Matemática sobre geometria e operações, os conteúdos de Geografia colaboraram com as informações sobre solo e, na Educação Física, aprenderam sobre a importância dos alimentos para a saúde e como os atletas, de diferentes modalidades esportivas, se alimentam de acordo com as atividades que realizam.
Durante a semana, os pais ajudavam com a experiência pessoal que tinham sobre o plantio de hortaliças. Até um vizinho se envolveu e colaborou levando água para regar os canteiros nos períodos de estiagem, uma vez que a escola ficava muito afastada da cidade. Boa parte da produção ia para a merenda e outra era vendida. Com o valor arrecadado, a direção comprou materiais como bolas, sempre discutindo antes a melhor aplicação dos recursos nas reuniões com os pais.
Tudo isso me trouxe uma alegria muito grande ao perceber a instituição aplicando efetivamente a transdisciplinaridade da Educação ambiental e, claro, foi um fator decisivo para alcançar a premiação dos jurados!
Conforme os relatos da professora Márcia, os alimentos cultivados – couve, coentro, tomate, rúcula e manjericão – deixaram a merenda mais gostosa e muitos alunos que nem comiam verduras antes passaram a gostar da novidade. Além disso, eles levaram os novos hábitos alimentares e a ideia da horta para seus pais.
Projeto de combate ao desperdício de alimentos
Lembro que essa escola não foi a única do Nordeste a perceber a possibilidade de um projeto desse tipo ser um elemento aglutinador da comunidade para a questão ambiental, mesmo lidando com condições adversas como foi o caso da EEF Francisco Cosmo da Silva, de Pacajus, no Ceará. A professora Cristiane Ferreira dos Santos relatou que uma horta que eles possuíam nunca se desenvolvia bem porque a água da região era salgada demais. Foi então que os próprios alunos sugeriram mudar a plantação de lugar. Eles estudaram as melhores opções do terreno, se organizaram e fizeram um canteiro que deu muito certo, porque, além da qualidade da água, a terra também era muito boa. As turmas ficaram animadas com os resultados e o trabalho em equipe colaborou para os professores abordarem valores como a cooperação e a persistência.
De lá para cá, sei que a horta é um dos projetos favoritos dessas escolas e tenho certeza que muitas instituições, talvez a sua, têm belos exemplos para compartilhar. Entretanto, ainda há quem pense que são necessários grandes espaços para o desenvolvimento de um plantio e isso não é verdade. O reaproveitamento de materiais recicláveis como garrafas plásticas cortadas e caixas plásticas com furos específicos para o escoamento da água da rega, canos de PVC cortados ao meio, além de pequenos vasos são bons recipientes para organizar, mesmo que seja em uma sala de aula, pequenos canteiros.
Independentemente do tamanho, eu quero chamar a atenção para algo que não deve acontecer num projeto desse tipo: ter a ideia da horta, implementá-la para o uso durante o projeto e depois abandoná-la. Isso não é nada sustentável e deixa um exemplo nada inspirador para os alunos e a comunidade!
Para colaborar com seu planejamento, dê uma olhada nesta série de vídeos que ensinam como implantar uma horta orgânica. É só colocar as legendas em português e aproveitar.
Desejo um ótimo trabalho e espero que esse projeto possa fazer parte da estrutura da sua escola, de forma contínua e permanente, assim como os livros e os cadernos.
Até segunda!
Andrée