Chegamos ao período do ano em que muitos de nós temos um recesso para restaurar as energias antes do início do segundo semestre letivo. Aproveitar esses dias – e o friozinho que está fazendo em vários lugares do país – para uma “sessão pipoca” cai como uma luva, não acham? E como eu sei que quase nunca conseguimos nos desligar totalmente do nosso trabalho, compartilho aqui, e nas próximas duas semanas, sugestões de filmes que, além de encantar a alma, nos ajudam a pensar sobre muitas situações do nosso cotidiano nas escolas. Ou seja, serão indicações para três “sessões pipocas”, mas “pipocas pedagógicas”.
Minha primeira sugestão é que vocês conheçam o universo de Massoumeh e Zahra, relatado no filme “A Maçã” (1998). Ele narra a história verídica das duas irmãs gêmeas iranianas que, durante 11 anos, foram trancafiadas em casa pelos pais – uma senhora cega e um senhor desempregado. A prisão domiciliar era justificada por uma passagem do Alcorão, segundo o qual as jovens são como pétalas, que murcham com o contato do sol e não podem ser tocadas por homens. O isolamento provocou o atraso no desenvolvimento global das meninas.
Então, para nós que trabalhamos com a formação de seres humanos, o documentário é um banquete pedagógico, no qual constatamos como a convivência entre pares é fundamental para o desenvolvimento das crianças e dos jovens e como a carência de experiências sociais causa prejuízos.
Eu tive o prazer de participar de duas discussões distintas, com base nesse filme, conduzidas por duas doutoras em Educação e professoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que mais do que isso também são profissionais competentes e de rara generosidade! Com perspectivas teóricas diversas, Ana Aragão (“vygotskyana”) e Orly Zucatto Mantovani de Assis (“piagetiana”) protagonizaram momentos instigantes em que as diferenças entre as teorias ficaram em segundo plano, diante da constatação, comum entre os autores, sobre a preponderância que as interações sociais têm no desenvolvimento da humanidade. Um privilégio assistir ao filme, acompanhado de diálogos tão ricos!
Faço, então, uma proposta. Que tal ao final das três “sessões pipocas”, você compartilhar conosco qual dos filmes mais respondeu a alguma inquietação ou contribuiu para boas reflexões? Você topa?
Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira para a “sessão pipoca 2”!
Flávia Vivaldi
Serviço:
A Maçã
Samira Makhmalbaf, Irã/França, 1998, 86 minutos, Cult Filmes