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Leia dicas e respostas da especialista em Psicologia da Educação, Catarina Iavelberg, sobre a vida escolar dos alunos e sobre a relação entre a instituição e a família

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Catarina Iavelberg
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Não cabe à turma avaliar a equipe docente

O julgamento dos alunos tende a ser subjetivo em vez de pautado pro critérios e indicadores

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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É dever da escola avaliar os professores - que, por sua vez, têm o direito de receber as devolutivas. Esse mecanismo ajuda a identificar os pontos fortes e fracos da atuação profissional e a estipular metas tangíveis para o aprimoramento. A avaliação do professor geralmente é conduzida pela equipe gestora - podendo contar com a participação dos demais docentes e funcionários. Há, no entanto, instituições que incluem os alunos nesse processo - uma prática que não deveria ser adotada, pois eles não são capazes de levar em conta plenamente os pré-requisitos de uma boa avaliação.

Em primeiro lugar, o avaliador e o avaliado precisam conhecer antecipadamente os critérios (compromisso, responsabilidade, criatividade, inovação, cooperação etc.) e os indicadores (assiduidade, pontualidade, contribuição nas reuniões de equipe, planejamento etc.) da avaliação. Esses parâmetros devem estar alinhados aos princípios do projeto político-pedagógico (PPP) - assim, se a cooperação é um valor importante, deve-se exigir dos professores o planejamento de aulas que produzam um ambiente colaborativo de aprendizagem. O problema é que os alunos tendem a deixar essas referências de lado e a considerar impressões muito subjetivas e, portanto, pouco transparentes. Os professores carismáticos, por exemplo, geralmente recebem mais elogios, enquanto os mais rigorosos são alvo de insatisfação.

Além disso, ao identificar um ponto a ser aprimorado no desempenho do profissional, o avaliador tem a responsabilidade de orientá-lo e, após um período, comparar os resultados para verificar se houve ou não progresso - papel que não cabe ao estudante, mas ao gestor. Colocar crianças e jovens nessa posição, pelo contrário, cria constrangimento e dá a eles uma sensação equivocada de poder.

É compreensível que os gestores queiram ouvir os alunos sobre o que se passa na sala de aula, mas há outras maneiras de se investigar o clima escolar. Conselhos de classe ou assembleias são dispositivos que ajudam a identificar problemas e a elaborar soluções. Outra possibilidade é a realização de observações de aula ou autoavaliações individuais e coletivas - que podem ser propostas pelos próprios docentes e discutidas coletivamente tanto com a turma quanto com os colegas e os gestores. Não se pode, porém, transferir para o estudante uma tarefa de responsabilidade. Misturar os papéis dos atores não contribui para o processo de ensino-aprendizagem. Apenas gera confusão, desconforto e insegurança.