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Olá, diretores, quais são suas dúvidas?

POR:
Joelma Souza

Cuidar do pedagógico, do administrativo, do jurídico e também da relação com a comunidade. São muitas as frentes de atuação do diretor, responsável direto pelo funcionamento da escola e, portanto, por garantir as condições para que o ensino e a aprendizagem se realizem plenamente. É muito trabalho e, muitas vezes, ao desenvolvê-lo surgem questionamentos. Para ajudar a saná-los, transferimos para este blog a coluna Maura Responde, que era publicada na revista Gestão Escolar. Agora, todas as quartas irei responder as dúvidas enviadas pelos leitores e compartilhar com vocês minha experiência como consultora de Gestão Escolar e também como coordenadora pedagógica de gestão na Comunidade Educativa Cedac.  Nesta estreia, uma pergunta que vem da região centro-oeste.

Quais são as primeiras ações ou atitudes que o diretor deve tomar quando assume uma escola?

Pergunta enviada por Marta Fernandes da Silva de Paula, de Porã, MS

Num encontro de discussão sobre gestão escolar do qual participei, a formadora apresentou ao grupo o seguinte caso: uma diretora nova havia acabado de chegar à escola, mas estava com a guarda armada, pois ela havia sido informada pela supervisora de quais eram as pessoas mais difíceis e reticentes do local. O primeiro dia de trabalho já começou com um desentendimento com o vice-diretor, que parecia não querer colaborar, e com os professores que se atrasaram para uma reunião marcada antes do início das aulas. Nas semanas seguintes, a diretora tomou a decisão de evitar quaisquer comentários e passou apenas a observar as posições da equipe. Com o tempo, e sem apoio e confiança dos profissionais, ela tentou fazer melhorias na escola, mas encontrava forte resistência. Os ânimos da instituição, que já estavam aflorados, ficavam ainda piores a cada ação da gestora.

Estou contando essa história porque, muitas vezes, os diretores, vindos de fora ou de dentro da própria instituição, assumem o cargo com diversos pré-conceitos sobre as pessoas que trabalham ali e a comunidade em que ela está inserida. Esses profissionais já começam alimentados pela impossibilidade de uma articulação.

Para evitar que isso aconteça, a primeira ação que qualquer gestor precisa tomar quando ocupa o posto é realizar uma sondagem ampla a respeito de todos os aspectos da instituição. Entre eles, estão a composição da equipe de funcionários e de professores, os recursos materiais disponíveis, o histórico de índices de aprendizagem dos alunos, a evasão e a relação com a família etc. A meu ver, recorrer à caracterização da escola é uma preciosidade tanto para quem veio de fora e conhece pouco daquele contexto quanto para quem veio de dentro, mas tinha outra perspectiva da realidade, pois ela dá pistas de como será possível contribuir para atingir a finalidade da escola, que é a aprendizagem dos alunos.

Também é importante se apresentar para a comunidade interna e externa, investir nas relações interpessoais e falar sobre seu sonho para a instituição. Quando digo sonho me refiro ao que se pode fazer para melhorar as condições de ensino e aprendizagem em parceria com todos os envolvidos. Para isso, é imprescindível ouvir as pessoas, fazendo reuniões com cada grupo para saber quais são as vontades deles e o que eles já têm desenvolvido até o momento. O livro Mestres da mudança – Um Guia para gestores escolares – Liderar escolas com a cabeça e o coração (Ed. Artmed, 112 págs, 0800 703 3444, 62 reais), de Claudia Ceccon e Madza Ednir, dá várias indicações de como tomar pé da situação de uma escola. Vale a pena a leitura!

Nesse ponto, chegamos a uma questão muito cara para qualquer gestor novo na escola: saber valorizar aquilo que já era feito e não querer realizar um monte de mudanças sem consultar as pessoas. O professor Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, diz que precisamos olhar e prestar atenção. Então, precisamos ter cuidado em considerar e respeitar o que os nossos antecessores fizeram de bacana, tornar isso público e pensar junto com a equipe quais são os próximos desafios. Em resumo, é preciso não puxar o fio daquilo que foi tecido, mas fortalecer os pontos já preenchidos.

Após fazer essa leitura geral, analisando as possíveis variáveis que favoreceram o bom andamento da escola, o gestor poderádar um passo importante, que é fazer um plano de ação. Ressalto que todas as propostas precisam ser pautadas na seguinte questão: como essas ações vão contribuir para que os alunos fiquem cada vez mais sabidos?

E na opinião de vocês, diretoras e diretores, quais devem ser os primeiros passos de um novo gestor escolar?

Abraços, Maura

Você tem dúvidas sobre direção escolar? Envie suas perguntas para http://abr.ai/maura-responde.

Recomendo

O livro Gestão da Escola Fundamental: subsídios para análise e sugestão de aperfeiçoamento (Ed. Cortez, 176 págs., 11/3611-9616, 36 reais), de Jean Valerien e José Augusto Dias, dá aos gestores sugestões para compreender a realidade escolar e refletir sobre temas como autonomia e gestão democrática. Além disso, ele apresenta a instituição como uma organização humana, onde a opinião de todos deve ser considerada.