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Como trabalhar a leitura de textos literários

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Ter um acervo de livros bom e organizado não é o suficiente – é preciso usar as obras em atividades em sala de aula, promovendo práticas de leitura

Ter um acervo de livros bom e organizado não é o suficiente – é preciso usar as obras em atividades em sala de aula, promovendo práticas de leitura

Na semana passada, compartilhei com vocês como organizo o acervo literário das turmas de 2º a 5º anos e como oriento os professores no controle de empréstimos para que os livros não se percam ou se estraguem.

Toda essa organização, no entanto, não teria sentido se não usássemos as obras nas atividades em sala de aula. Por isso, hoje vou contar que tipo de práticas de leitura promovemos aqui na minha escola.

O trabalho começa nas reuniões de ATPCs (aula de trabalho pedagógico coletivo). Nelas, estudo junto com os professores as expectativas de aprendizagem e as orientações didáticas de leitura do Estado de São Paulo, onde trabalho (veja aqui). Dessa maneira, chegamos às possibilidades de trabalho com o acervo de livros de literatura infantil que cada turma tem.

Uma das expectativas no eixo de conteúdo de leitura está presente em todos os anos e séries: os alunos devem apreciar textos literários e participar dos intercâmbios posteriores à leitura. Para que essa expectativa seja garantida, planejamos alguns tipos de situações didáticas.

Rodas de leitores

Uma vez por semana, geralmente às sextas-feiras, os professores expõem os livros do acervo para os alunos. As crianças ficam livres para manuseá-los e escolher um para ler durante o final de semana, como dever de casa.

Na segunda-feira, durante uma aula de Língua Portuguesa, os alunos compartilham com os colegas as histórias que leram, expondo suas opiniões sobre as obras. Eles dizem se gostaram ou não e também se conseguiram ler o livro inteiro.

Como cada sala tem cerca de 30 alunos, não dá para todos compartilharem suas leituras em uma única aula. Então, os professores escolhem algumas crianças por aula e se organizam para garantir que todos tenham oportunidade de falar durante o bimestre.

Às vezes, a criança escolhida não realizou a leitura em casa. Quando isso acontece, o professor pede que ela leia e exponha suas opiniões na semana seguinte.

Para que essa atividade dê certo, é preciso muito incentivo dos docentes para a realização da tarefa de ler em casa.

Indicação literária para os próprios colegas

Depois de ter lido vários livros do acervo, os alunos fazem um momento de indicação literária para os colegas. Nesse dia, eles se reúnem e falam sobre o livro que mais gostaram. Como nem todas as crianças gostam do mesmo livro acaba surgindo um debate, no qual cada uma explica o porquê de suas preferências.

Esse é um excelente momento para trabalhar a argumentação dos alunos, que, aliás, também faz parte das expectativas de aprendizagem e é um dos conteúdos a ser desenvolvido no eixo “oralidade”.

Indicação literária para outras turmas

O professor pergunta para seus alunos se alguns deles querem fazer a indicação literária para outras turmas. Assim, quando os acervos são trocados entre as salas do mesmo ano, os alunos já ficam aguardando para ler os livros indicados pelos colegas das outras classes. Os professores de 5º ano, por exemplo, combinam de mandar uma vez a cada mês alguns alunos para a outra sala para expor suas preferências.

Essa atividade não dura mais do que meia hora, mas é muito importante para desenvolver uma circulação das leituras literárias pela escola. Assim, além de apreciarem os textos, as crianças trocam suas experiências como leitores.

E vocês, coordenadores, que práticas de leitura realizam com os professores em sua escola?

Beijos, Maria Inês