A sala de aula e a casa são os locais onde as crianças mais ouvem histórias lidas por adultos, sejam eles professores ou familiares. Quando essa atividade não acontece em nenhum dos dois lugares, os pequenos deixam de ter um modelo de leitor experiente e o contato deles com o mundo escrito fica limitado. Percebo também que isso pode ter consequência na aprendizagem da leitura, da escrita e de outros conteúdos na escola.
Para resolver esse problema, a gestora e a equipe da EM Sebastião Araújo, onde trabalho como professora desde o ano passado, elaboraram o projeto Maleta Literária. Numa reunião pedagógica, a diretora me explicou que, há alguns anos, a instituição tem desenvolvido essa atividade como uma das ações de um projeto institucional que visa à formação de uma comunidade leitora. A ideia é incentivar a prática investindo em bons livros e numa rotina intensa de leitura pelos professores, pelos alunos e por todos os funcionários.
O projeto funciona da seguinte maneira: logo no início do ano letivo, a escola manda um comunicado aos pais, convidando-os a comparecer à instituição em uma data oportuna para realizar a leitura de um livro na classe da filha ou do filho. Assim que o convite é aceito, o professor, o coordenador ou o diretor organiza uma maleta com alguns livros de gêneros diversos e envia para o familiar. No dia marcado, a mãe ou o pai escolhe um dos exemplares ou seleciona um livro que tenha em casa e goste muito e lê para os alunos. A cada leitura, percebi que as crianças ficam mais animadas para que uma pessoa da família participe e se dispõem eles mesmos a pegar mais livros literários para ler.
Como levei o projeto para a escola onde sou coordenadora
Com a autorização da diretora, levei esse projeto para a escola em que sou coordenadora e apresentei aos professores, que gostaram da ideia. Juntos, definimos que a ação seria apresentada aos pais na reunião seguinte, na hora da leitura em voz alta que sempre acontece nesses encontros.
A recepção à ideia foi um sucesso e os familiares se envolveram muito nas atividades. É claro que, no começo, alguns ficaram receosos de participar, mas, com os relatos de outros pais, eles se animaram. Para ilustrar como a ideia deu certo, pedi a alguns familiares que me dessem depoimentos da experiência:
“O momento de leitura na classe foi muito interessante. Fiquei feliz em ver a alegria e a atenção dos alunos e a forma como eles participaram. Quando as crianças percebem nosso interesse pela leitura, elas também se interessam instantaneamente. Nossa participação também as incentiva a serem mais participativas nas atividades propostas pela escola”, Emiliane, mãe de um aluno do 2º ano.
“A maleta literária mostra não só para as crianças, mas também para os adultos, como a leitura é importante. Depois que a inventaram, passamos a ler em família toda semana”, Jaqueline, mãede um aluno do 3º ano.
Encaminhamentos além do projeto
Com base no que o projeto rendeu, pensei em implantar as seguintes ações ao longo dos próximos meses:
- Orientar as famílias na compra de títulos literários e nas estratégias de leitura em casa;
- Planejar com os professores tarefas de casa envolvendo a leitura que possam ser feitas em parceria com os pais;
- Promover visitas a bibliotecas externas à escola com os alunos;
- Incentivar a participação dos professores em rodas de conversas com autores de livros;
- Organizar saraus e contação de histórias;
- Adquirir mais livros para a biblioteca da escola com o apoio da família;
- Fazer leituras literárias durante as reuniões de módulo com os professores de forma a incentivá-los a ler para os alunos;
- Apresentar títulos e gêneros variados para os professores, buscando diversificar o repertório deles;
- Discutir e orientar os docentes na abordagem e na avaliação da leitura das obras literárias e nas estratégias para estimular o comportamento leitor nas crianças.
Ainda tenho um longo caminho pela frente nesse trabalho, mas, aos poucos, pretendo percorrê-lo.
E vocês, quais ações de incentivo à leitura realizam na escola?
Abraços, Eduarda