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Formação para assegurar que a aprendizagem chegue a todas as turmas

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
É o papel do coordenador pedagógico assegurar que todas as turmas tenham boas situações de aprendizagem (Foto: Gabriela Portilho)

É o papel do coordenador pedagógico assegurar que todas as turmas tenham boas situações de aprendizagem (Foto: Gabriela Portilho)

Por que em algumas turmas as atividades acontecem mais frequentemente do que outras?

Me fiz essa pergunta quando observei as situações didáticas de recitação da série numérica, contagem e quantificação na escola. Em certas salas, vi diariamente a aproximação ou imersão nesses conteúdos por meio de jogos e brincadeiras nas quais as crianças se divertiam, enfrentavam desafios e, assim, aprendiam sobre os números. Em outras, o professor não fazia atividades ou propunha apenas situações didáticas que não ajudavam os pequenos a aprender, como pedir para que repetissem os números ditados, sem qualquer contexto social.

Diante desse contexto, era meu papel como coordenadora pedagógica assegurar que todas as turmas tivessem boas situações de aprendizagem. Para fazer isso, foi necessário trazer esse conteúdo para a formação em diversas etapas. É isso que compartilho com vocês abaixo.

Formação com foco na prática de sala de aula

1º dia: Compartilhei minhas impressões sobre o que observei nas turmas, deixando claro que vi muitas atividades interessantes nas diferentes salas, mas que precisávamos refletir sobre como as crianças aprendem e quais seriam as melhores intervenções do docente. Propus que, em duplas, os professores respondessem como os pequenos aprendem a quantificar e em que nível (idade) seria mais adequado abordar tal conteúdo.

Como foi: Defini as duplas considerando os saberes de cada professor. Na discussão, ficou claro como alguns tinham uma concepção tradicional da Educação: o professor ensina e as crianças repetem para memorizar. Outros, ainda, só achavam que as turmas de 5 anos deveriam aprender a contar “certinho”. A conversa foi proveitosa, pois os presentes ficaram surpresos e instigados com as colocações dos colegas que tinham outro entendimento.

2º dia: Li o texto “Contagem e quantificação na Educação Infantil” e fiz uma reflexão sobre ele, levantando quais atividades citadas seriam mais apropriadas.

Como foi: Ler um texto que explicitava tais conteúdos foi bem interessante e alguns professores ficaram bem pensativos.  Listamos algumas atividades e fizemos uma discussão da pertinência de cada uma. Elas ajudam as crianças a se aproximar ou ser desafiadas a recitar os números, contar ou quantificar, mesmo que segundo suas hipóteses? Apareceram situações que não eram indicadas, por exemplo, ligar o número à quantidade em folha impressa. Nesse caso específico, seria melhor trabalhar com jogos e brincadeiras.

3º dia: Fizemos um planejamento completo de uma atividade para fazer em sala de aula. O objetivo era filmá-la e trazê-la para tematização. Essa etapa foi feita coletivamente para assegurar uma boa situação didática e antecipar todas as possibilidades de intervenção do professor. Ele é quem escolheria que grupo filmar e, inclusive, como o desenvolvimento da atividade seria gravado – ele poderia focar apenas nos procedimentos das crianças, caso não quisesse se expor, por exemplo.

Como foi: Planejamos o jogo de percurso, com tabuleiro e dados, e adequamos o desafio para as diferentes turmas. Nas turmas de 3 anos, o jogo tinha um caminho para cada criança, sem números; nas de 4 anos, já seria um jogo convencional (com números e um só caminho); nas turmas de 5 anos, utilizariam dois ou três dados. Foi um momento de muita circulação de saberes entre a equipe pensar coletivamente como propor o jogo, antecipar os possíveis procedimentos dos pequenos e as intervenções mais adequadas do professor.

Observação: A atividade foi proposta durante uma semana. A cada dia, um grupinho diferente de crianças jogava. Alguns professores pediram minha ajuda na filmagem e outros quiseram ver a atuação dos colegas antes de gravar nas suas turmas. Me preocupei em deixar todos à vontade e deixar claro que eu estava à disposição para ajudar. Cheguei até a realizar a atividade com um dos grupinhos numa das salas a pedido de uma professora.

4º e 5º dias: Cada professor escolheu uma gravação de 5 a 10 minutos para compartilhar. Eu as assisti antes para poder antecipar qual seria o foco das reflexões em cada uma na hora de tematizá-las.

Como foi: Esse momento foi o ponto forte da formação. Cada docente ficou livre para selecionar o que queria – ou se queria – compartilhar com o grupo. Uma professora, por exemplo, não quis mostrar sua gravação, pois, após assisti-la, achou que suas intervenções não foram boas. Começamos pelos professores que já estavam mais acostumados a ser filmados.  Discutimos o que as crianças já sabiam, o que poderiam aprender naquele momento, quais foram as intervenções efetuadas e quais poderiam ter acontecido.  Foi um mergulho profundo na didática.

Por que foi bom?

Todo o processo foi bem trabalhoso, principalmente para os professores que participavam de uma formação com tematização de sua prática pela primeira vez. Valeu muito a pena, porque todos nós tivemos a oportunidade de visualizar momentos únicos do trabalho em sala de aula e, certamente, qualificar futuras situações didáticas. E não digo isso só para os conteúdos de contagem e quantificação, mas para outros também, uma vez que ficar atento aos saberes, “erros”, procedimentos e perguntas das crianças, conhecer o conteúdo e antecipar as possíveis intervenções são ações necessárias em todos os eixos.

E na sua escola, como você faz para assegurar que todas as turmas tenham boas situações de aprendizagem? Compartilhe conosco!

Um abraço, Leninha