Nesta época do ano, é papel dos professores elaborar os relatórios de avaliação das crianças. No entanto, ainda que eles tenham se preparado para fazer isso, efetuando registros e preenchendo pautas de observação, essa é uma tarefa bastante desafiadora e exaustiva. Como nós, coordenadores pedagógicos, podemos ajudá-los nessa empreitada?
Na escola onde estou dando consultoria, organizei um encontro de formação para auxiliar um grupo de professores que estavam bem inseguros para elaborar os relatórios – alguns já haviam feito nos anos anteriores, mas assumiam que tinham muitas dificuldades para escrever, e outros estavam fazendo pela primeira vez.
Para embasar teoricamente o encontro, utilizei o livro Avaliação e Educação Infantil: Um olhar sensível e reflexivo sobre a criança (152 págs., Ed. Mediação, tel. 51/3330-8105, 42 reais), da Jussara Hoffmann, enviado para todas as escolas públicas em 2013 e 2014 pelo Ministério da Educação (MEC). Antes da reunião, pedi aos professores que lessem dois capítulos em que a autora analisa trechos de relatórios e explicita a importância de escrever com clareza e fala sobre quais aspectos precisam ser abordados e em que momento o professor deve relatar as intervenções ou as intenções dele. Expliquei que essa leitura antecipada otimizaria nosso tempo e seria uma ótima entrada no processo de reflexão sobre a escrita desses documentos. Solicitei, também, que os docentes selecionassem dois trechos dos capítulos que achassem bem significativos para analisarmos coletivamente. Na reunião, após o debate sobre a leitura, pedi a todos que falassem sobre a relação entre o que a autora diz e a elaboração dos relatórios. Alguns profissionais falaram que seria mais fácil retomar o percurso de aprendizagem de alguns pequenos e outros disseram que não saberiam o que escrever. Essa foi a minha deixa para retomar a importância de ter sempre um olhar atento, de registrar e arquivar as produções de cada criança nos diferentes eixos.
A segunda atividade, realizada no mesmo dia, foi analisar relatórios da própria escola dos anos anteriores. Para escolher os que leríamos juntos, me debrucei em vários documentos produzidos pela equipe para encontrar os que estavam mais bem escritos. Meus critérios foram a clareza das informações, se ele mostrava o percurso de aprendizagem da criança e se apontava o que foi proposto e as intervenções do professor. Tirei cópias omitindo o nome da criança e do autor – apenas um docente ainda atuava na escola e me deu autorização para usar o relatório.
Fizemos a leitura dos documentos em duplas com a seguinte consigna: elencar o que caracteriza cada um dos textos e o que pode ser aperfeiçoado para que de fato mostre o percurso particular do processo de aprendizagem da criança.
A análise dos relatórios foi bem estruturante, pois os docentes puderam observar e discutir qual a melhor maneira de abordar a aprendizagem com base em muitos projetos e sequências que também seriam realizadas ao longo deste ano. Quando apontavam o que poderia ser melhorado, pedia a eles que dessem um exemplo. Isso foi bem desafiador, mas muito válido, uma vez que os profissionais tinham que fazer uma proposta escrita, exercitando, portanto, a produção de bons textos.
Depois desse encontro, os professores iniciaram as escritas dos relatórios das turmas deles. Está sendo mais desafiador para alguns, mas com esses tenho feito a revisão do texto e auxiliado na análise das produções dos pequenos. Também dou sugestões de como abordar cada eixo, o que priorizar sobre cada criança e como se organizar melhor em meio a tantas tarefas, reservando tempo para essa atividade. Cada professor precisa de uma ajuda diferente.
E na sua escola, a escrita dos relatórios também é um longo processo?
Um abraço, Leninha