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Por que o educador precisa estudar História da Educação

Para o professor emérito da Unicamp Dermeval Saviani, área do conhecimento deveria ser eixo da organização do currículo de Pedagogia

POR:
Flavia Nogueira
Foto: Getty Images

A compreensão da trajetória da Educação é uma parte tão importante da formação de um docente que essa área do conhecimento deveria ser o eixo da organização dos conteúdos curriculares de Pedagogia.

Esta é a sugestão de Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de vários livros sobre Educação.

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Segundo Dermeval, conhecer a História da Educação é essencial para professores e estudantes desta área. Para ele “de um curso assim estruturado se espera que se formem pedagogos com uma aguda consciência da realidade em que vão atuar”.

“Considerando, como defini em meu livro Pedagogia Histórico Crítica – Primeiras Aproximações, que a Educação é o ato de produzir direta e intencionalmente em cada indivíduo singular a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens, aquilo que a humanidade produziu ao longo da história é a referência para se desenvolver uma educação de qualidade.”

“Se os educadores quiserem compreender a fundo o significado essencial de sua profissão, eles devem se abrir sem reservas para a História da Educação”, diz.

Da Colônia aos dias de hoje

O professor emérito da Unicamp Dermeval Saviani / Foto: Nova Escola

A partir deste conhecimento da História da Educação é possível compreender de onde veio a estrutura do Ensino Público no país e fazer relações entre a educação da época do Brasil Colônia e do Império e a Educação Pública dos dias de hoje.

De acordo com Dermeval, é possível analisar estas relações de forma positiva e negativa.

“Positivamente: as iniciativas dos jesuítas no período colonial assim como também as reformas pombalinas da instrução pública, aliadas, no período do império, às iniciativas tanto do governo imperial quanto dos governos provinciais para organizar a escola pública, constituem a base sobre a qual – a partir do regime republicano – foi sendo construída a escola pública que temos hoje.”

“Negativamente, cabe observar que a educação nunca mereceu, por parte das nossas elites dirigentes e das autoridades políticas, aquela prioridade que ela merece e que é proclamada constantemente nos discursos mas nunca traduzida em ações práticas”, diz.

Com estes conhecimentos em mãos, é possível também determinar os principais marcos da História da Educação no Brasil, levando em conta “as ideias pedagógicas e as concepções de educação”, diz Dermeval. E o pesquisador afirma ainda que é possível detectar quatro momentos distintos.

“Entre 1549 e 1759 nós temos a predominância da pedagogia tradicional católica desenvolvida fundamentalmente pelos jesuítas. Entre 1759 e 1932 desenvolve-se paralelamente à persistência da pedagogia religiosa, a pedagogia laica. Entre 1932 e 1969 nós temos a emergência e desenvolvimento da pedagogia nova com tentativa de superação dos limites da pedagogia tradicional.”

“E, entre 1969 e os dias atuais nós temos o desenvolvimento da concepção pedagógica produtivista que vem desenvolvendo uma tendência a articular mais fortemente a educação com as demandas do mercado, o que é próprio da sociedade capitalista”, conclui.

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