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Orientação profissional, uma ajuda na hora de decidir o futuro

Envolva a equipe para auxiliar as turmas do Ensino Médio nas escolhas ligadas a carreira e estudos

POR:
Aurélio Amaral
O CEC Doutor Antônio Pereira Lima organizou oficinas sobre agricultura no contraturno. Foto: Divulgação
Opção no campo O CEC Doutor Antônio Pereira Lima organizou oficinas sobre agricultura no contraturno

"O que você vai ser quando crescer?" Essa é uma questão colocada às crianças com frequência. No entanto, raramente elas recebem ajuda para respondê-la. Durante o Ensino Médio, quando a infância já deu lugar à adolescência e a entrada no mercado de trabalho se aproxima, a resposta para essa pergunta se torna mais urgente. E você, gestor, junto com sua equipe, pode contribuir para que os alunos encontrem o caminho deles.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, a Educação Básica deve assegurar ao jovem de qualquer condição e região do país os meios para que ele progrida profissionalmente e acesse o Ensino Superior. Acontece que muitos estudantes não reconhecem essa função tão importante na instituição que frequentam. A pesquisa O Que Pensam os Jovens de Baixa Renda sobre a Escola, realizada pela Fundação Victor Civita (FVC), em São Paulo, em 2012, apontou que 19,7% dos entrevistados julgam que a razão principal para estudar é conseguir um diploma. Entre os que abandonam as aulas para trabalhar, essa percepção sobe para 31,9%. Ou seja, a imagem da escola é de um mero meio para chegar ao mercado e não de um espaço de preparação para o futuro.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) prevê dois modelos para a relação do Ensino Médio com a profissionalização, cabendo às redes escolher o que lhe convém. O primeiro deles, chamado de articulado, busca atender aos jovens que têm o acesso ao trabalho como uma perspectiva mais imediata. As instituições técnicas se encaixam nessa categoria. O segundo formato, denominado subsequente, consiste na formação para ingresso no mercado logo após a conclusão do 3º ano ou para a continuidade dos estudos no Ensino Superior. Nessa última categoria, na qual se encaixam as escolas regulares, a equipe gestora e docente deve estar preparada para atender a uma diversidade de projetos de vida.

Múltiplos caminhos contemplados

Segundo Silvio Bock, doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor-geral do Nace - Orientação Vocacional, o ideal seria a escola ter um membro da equipe para realizar atendimentos individuais aos estudantes e planejar ações de reflexão sobre o futuro. O orientador educacional seria um profissional habilitado para essa função. No entanto, ele pondera que, caso a instituição não disponha desse recurso humano, a coordenação pedagógica pode formar os professores para que todos tratem transversalmente desse tema. "O trabalho não se resume a informar opções de carreiras e cursos, mas consiste, principalmente, em refletir sobre as escolhas. Esse debate pode permear as aulas de acordo com o conteúdo abordado", explica Bock.

Uma boa solução para tornar as possibilidades mais palpáveis é mesclar as disciplinas tradicionais com atividades integradoras. Localizado a 42 quilômetros do centro da cidade, o CEC Doutor Antônio Pereira Lima, na zona rural de Santa Mariana, a 425 quilômetros de Curitiba, atende alunos cujas famílias, em sua maioria, vivem da agricultura. A diretora, Rosângela Conceição Pedro, notava que muitos não se identificavam totalmente com o currículo, que pouca relação tinha com a realidade do campo. Ela estabeleceu, então, uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para ministrar oficinas optativas de aprendiz de agricultura no contraturno para os estudantes com mais de 16 anos.

Os professores do Senar participam de reuniões com a equipe gestora, que discute a articulação dos conteúdos regulares. Além disso, os docentes da escola, que há dois anos contaram com uma formação dada por uma psicopedagoga especializada em orientação profissional, graças a uma parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), discutem o tema em suas aulas. "Temos o cuidado de contemplar tanto os que planejam continuar no campo como aqueles que pretendem se mudar para a cidade", diz Rosângela.

Informação para ampliar a visão

Parceiros como a Faculdade Estácio da Amazônia dão palestras na EE Ana Libória. Foto: Roniere Costa Freitas/Arquivo pessoal
Pré-vestibular Parceiros como a Faculdade Estácio da Amazônia dão palestras na EE Ana Libória

A gestão pode, ainda, organizar atividades extracurriculares em que os alunos recebam informações e apoio para refletir sobre suas decisões. Palestras com membros da comunidade nas quais eles expliquem com detalhe seus ofícios, seminários com representantes de universidades ou uma sessão de conversa sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os vestibulares e o Sistema de Seleção Único (Sisu) são algumas das opções.

Na EE Ana Libória, em Boa Vista, quase metade dos estudantes seguem para universidades públicas, segundo a diretora, Lucenir Lucena. Uma das razões para a boa aprovação é o interesse da turma pelos cursos superiores graças ao estreito contato com os jovens que frequentaram a escola anteriormente. "Os ex-alunos vêm e dão dicas sobre suas áreas de atuação", conta Lucenir.

Além disso, a equipe gestora organiza um calendário de eventos com profissionais e universitários que falam sobre suas experiências no mercado de trabalho e em pesquisas acadêmicas. Nas reuniões de planejamento, a coordenação pedagógica articula a participação do convidado com os conteúdos de sala de aula. Em setembro, uma geógrafa contou seu trabalho de campo no Rio Branco, que passa próximo à capital roraimense. A fala complementou a aula de Geografia sobre bacias hidrográficas. Em novembro, uma parceria com a Faculdade Estácio da Amazônia viabilizou um ciclo de palestras sobre várias carreiras.

Para atingir bons resultados como os relatados aqui, independentemente da forma de organização, a orientação profissional deve sempre ter foco no estudante e fazer sentido no processo de aprendizagem. Igualmente importante, é ajustar os tempos e os espaços de atuação dos professores visando garantir o planejamento das atividades em conjunto com os conteúdos curriculares.