Caminhos e escolhas
As decisões que tomamos o tempo todo, usando da liberdade de que dispomos, definem o percurso que seguimos na Educação
POR: Terezinha Azerêdo RiosTerezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia e doutora em Educação.
Há alguns dias, numa reunião com professores, ouvi de um deles uma queixa, logo endossada pelos demais: "Não há caminho mais difícil neste mundo do que o nosso. Nada é mais duro do que andar por ele!". Lembrei-me, então, de um texto que escrevi há muito tempo e que tenho tido a oportunidade de partilhar com muitos colegas, em várias ocasiões. O título é exatamente "O caminho do educador". Retomo alguns trechos dele a seguir, procurando jogar luz sobre os desafios que integram o cotidiano das equipes gestoras nas escolas.
Todos que vivem em sociedade participam de um processo educativo. Andam, portanto, pelos caminhos da Educação. Mas os educadores, por escolha, decidiram percorrê-los de uma maneira específica, diferente das outras pessoas. Esses são os caminhos dos educadores.
Que espécie de gente é essa que percorre de jeito diferente o caminho por onde passa toda a gente? O que será que a leva a optar por esse percurso e o que será que caracteriza sua decisão? Será verdade que os educadores estão nessa trilha por causa de uma opção? Escolheram esse trajeto? Ou se descobriram nele, gostaram e seguiram adiante? Ou, ainda, sem gostar, tiveram de seguir em frente?
As respostas a essas questões nos remetem ao espaço da moralidade e da ética, uma vez que nos fazem refletir sobre o núcleo constituinte de nossa humanidade, que é a liberdade, de que decorre a responsabilidade. Alguns costumam defini-la como ausência de limites. Enganam-se, pois a liberdade é, na verdade, possibilidade - e mesmo necessidade - de escolha. Como afirma, numa canção, o compositor brasileiro Jorge Mautner, ela "é a consciência do limite". É a possibilidade de, com base nessa consciência, realizar escolhas e, assim, responsabilizar-se por elas. Mesmo que não percebamos, fazemos isso o tempo todo. E somos responsáveis por essas decisões porque somos livres. Não há como escapar à liberdade. Ela é a nossa grandeza e, ao mesmo tempo, o nosso maior desafio. Porque são as escolhas que definem nossa história, configuram nossas relações e constroem nossa vida em sociedade.
O caminho dos educadores e das escolas em que atuam ganha contornos com as escolhas que vão sendo feitas, num esforço coletivo de exploração de possibilidades. Ainda que a primeira opção não tenha sido por esse percurso, esses profissionais são provocados a tomar novas decisões e buscar alternativas. É preciso descobri-las e, muitas vezes, inventá-las. Não é à toa que o poeta espanhol Antonio Machado (1875-1939) diz que "se faz o caminho ao andar". Quem sabe, ao desenvolver os projetos de nossas escolas, possamos afirmar com orgulho que estamos fazendo mesmo o caminho que escolhemos e que nos leva à boa Educação e à construção de uma vida da melhor qualidade!
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