Após 10 anos de Brasil Alfabetizado, Sérgio Haddad critica resultados obtidos pelo programa

No vídeo, Sérgio Haddad, assessor da Ação Educativa e membro do Conselho Internacional de Educação de Adultos (Icae), analisa os resultados do Programa Brasil Alfabetizado (PBA) que completa dez anos em 2013. Após uma década, os resultados mostram que a iniciativa não tem sido eficaz na redução do analfabetismo e na ampliação das matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O PBA é realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com as redes estaduais e municipais de ensino e atendeu entre 2003 e 2012, cerca de 14,7 milhões de pessoas. De acordo com o último balanço do programa feito Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC em 2012, somente 46,73% dos que passaram pelo programa compreendem um texto muito simples, ou seja, alcançaram o nível rudimentar de alfabetização - patamar esperado após concluir o curso que dura em média entre seis e oito meses. Além disso, estima-se que apenas 16,31% deles deram continuidade aos estudos e ingressaram na EJA.

Mauro José da Silva, diretor de Políticas de Alfabetização e EJA da Secadi, reconhece que o programa não tem conseguido ampliar a demanda pela EJA. Mesmo assim, ele defende que o PBA possui muitas qualidades que as redes de ensino não têm, como por exemplo oferecer um calendário escolar diferenciado, atender pessoas que moram nos lugares mais remotos e diversificar os horários de estudo.

No Brasil, entre 2000 e 2010, a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais passou de 13,6 para 9,6%, segundo o Censo Demográfico do IBGE. Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), o percentual de analfabetos funcionais caiu de 39% para 27% entre a população de 15 a 64 anos. Apesar desse cenário, houve uma queda acentuada nas matrículas na EJA nos últimos anos ? que passou de 4,9 milhões para 3,9 milhões entre 2007 e 2012, segundo o Censo Escolar.