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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Furto na escola: como encaminhar uma conversa com um aluno

POR:
Flávia Vivaldi
Como falar sobre furtos na escola. Blog Aluno em Foco. Orientação educacional. Ilustração: Vilmar Oliveira/Editoria de Arte

Na hora de abordar alunos que tenham cometido furto, todo cuidado é pouco. Lembre-se que essa é mais uma oportunidade educativa

Na semana passada, convidamos vocês a palpitarem sobre a melhor maneira de lidar com situações de furto na escola (clique aqui para ler). Muito obrigada pelas contribuições! Abaixo, comentamos os pontos que achamos mais relevantes.

Acreditamos que nosso principal trabalho como educadoras é humanizar nossos alunos. Portanto, é nosso papel ajudar a menina retratada no último post a se sentir mais humana, pertencente ao mundo no qual “sentimentos reles” como a inveja e a ganância fazem parte. Mas como agir diante de uma situação real de furto?

Em primeiro lugar, é necessário tomar muito cuidado ao tratar do assunto. Um aluno só deve ser indagado sobre o furto quando houver certeza de que ele o cometeu. Também precisamos manter em mente que essas situações são educativas e não casos de polícia.

Como apontado por muitos de vocês, o diálogo é mesmo o melhor caminho. É preciso conversar com essa criança, mas sem se colocar na posição de semideus. Vale frisar: o lugar de gente-humana cabe melhor. Abaixo, algumas sugestões sobre como fazer esse diálogo:

  • Ter empatia. É fundamental ouvir o aluno com cuidado e não julgá-lo imediatamente, fazer perguntas para compreender de fato o que aconteceu pelo ponto de vista dele;
  • Considerar que o silêncio pode ser a ausência real de palavras para explicar o fato. Logo, ajudar o estudante a nomear o que ele pode estar sentindo é de grande serventia em momentos que “seu pensamentozinho ainda está na fase hieroglífica”, parafraseando o que escreve Guimarães Rosa no conto “As Margens da Alegria”;
  • Refletir com a criança sobre a existência de certos desejos que não podem virar ações;
  • Pensar, em colaboração com o estudante, formas de reparação.

Além da conversa, é necessário solicitar a presença dos pais, com o objetivo de coletar mais informações sobre o cotidiano do aluno que talvez ajudem a entender seu comportamento. Também podemos ajudar a família a compreender essa situação, dando informações sobre as características da faixa etária, para que eles ajam com consistência e assertividade.

É igualmente importante realizar reflexões mais abrangentes ao longo de todo o ano e em diferentes classes. Uma possibilidade é propor reflexões sobre situações de furtos fictícias, a fim de que os alunos reflitam sobre a ação de quem cometeu o ato, os sentimentos de quem teve seu objeto subtraído e formas de reparação.

Outro ponto que também se destacou nos comentários foi a necessidade de conversar separadamente com a criança. É claro que existem alguns momentos em que essa é a melhor saída, mas precisamos nos lembrar de que a sala de aula é um ambiente coletivo e, por isso, não é possível nem desejável individualizar todas as interações entre alunos e professor. Se a situação afetar toda a sala, é necessário que a solução também seja compartilhada coletivamente.

Como já falamos, é preciso tratar da situação muito delicadamente. A repreensão não pode passar do tom de bronca pedagógica – portanto, educativa – e se tornar humilhação pública, expondo em excesso o aluno perante seus colegas.

Vamos continuar refletindo juntos? Compartilhe conosco casos de furtos que já aconteceram na sua escola, bem como os acertos e os erros de encaminhamentos.

Boa semana, educador. Boa semana, educadora!